INSTITUTO ECKOS LOGO

Blog

Confira nossos artigos, notícias e publicações autorais

#Conteúdo

FIQUE POR DENTRO

Conteúdo conscientiza, educa, facilita, gera diálogo e estreita relações. Confira nossos artigos, notícias, publicações autorais e compartilhe com a sua rede.

Turismo sustentável no Parque Cavernas do Peruaçu.

Turismo sustentável para conservar o meio ambiente e as comunidades tradicionais do Cerrado. Conheça esse exemplo!  

Há mais de 5 anos acompanhamos de perto o desenvolvimento e a gestão do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, localizado no norte de Minas Gerais, e que tem boa parte de sua extensão no bioma Cerrado e parte na Caatinga e Mata Seca. O Vale do Peruaçu é berço de povos tradicionais e cultura local. 

Nesse período de estreita relação com o parque constatamos algo muito verdadeiro, mas que pouca gente reconhece: a conservação de um Parque Nacional não é importante apenas para o Meio Ambiente ou para a mitigação das mudanças climáticas. Uma área como a do Parna Cavernas do Peruaçu é imprescindível para a manutenção de tradições locais, para a geração de renda para as comunidades do entorno e, consequentemente, para a defesa do bioma no qual se encontra. 

Presenciamos nesses últimos anos como o incentivo ao turismo sustentável transformou a vida de famílias inteiras – pouco a pouco se recuperando da pandemia – trabalham como condutores, com produção de artesanato, ou abriram receptivos e pousadas. Esse impacto positivo aproximou a comunidade do parque, que por sua vez, ganhou um “batalhão” de gente empenhada na conservação do Cerrado. 

Um exemplo muito significativo para nós são as Oleiras do Candeal, um grupo tradicional da região que produz potes, pratos, vasos de planta, moringas, jogos de bule e outras peças com cerâmica. Ao todo, 11 mulheres participam do projeto que se perpetua com o trabalho da terceira geração de oleiras. A proximidade com o Parna Peruaçu permite que os condutores de turismo levem os visitantes até o espaço.

“Para nós é muito importante essa conexão com o Peruaçu. Isso abriu  muitas portas para comercializar e divulgar nossos produtos por meio dos visitantes. Os turistas vêm conhecer  e acabam valorizando e divulgando nosso trabalho”, destacou Dona Nilda, participante do projeto. 

Conheça o Cerrado, pratique o turismo sustentável visitando nossos Parques Nacionais e incentive os projetos das nossas comunidades tradicionais. 

Uma trilha para a acessibilidade: feito inédito no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu para as Pessoas com Deficiência”

Um dia para ficar na história do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu. Em 23 de agosto deste ano, pessoas com deficiência auditiva, visual, física, intelectual e múltipla (PCDs) estrearam a trilha que agora permite aos PCDs uma interação direta com o parque. 

O projeto é uma parceria entre o ICMBio, a APAE de Januária, o Instituto Ekos Brasil, o Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência e o Instituto Sertão Vereda com o objetivo de propiciar acessibilidade ao turismo de natureza. 

O grupo percorreu a Trilha da Gruta do Janelão, cartão postal do parque, e chegou à Perna da Bailarina, a maior estalactite do mundo! A experiência contou com o auxílio da Macadeira, uma inovação desenvolvida pelo Ekos Brasil sob supervisão da APAE e do ICMBio para permitir que pessoas com deficiência motora também participassem do passeio. 

Grupo percorrendo a trilha acessível no Peruaçu

“A presença de uma pessoa com deficiência na Gruta do Janelão representa a validação do direito à igualdade em oportunidades. Estar presente nessa ação é um grande aprendizado e me mostra que é preciso mobilizar todo o território do Peruaçu para torná-lo um destino acessível. Integrar uma área protegida e oportunizar sua visibilidade, faz parte do processo de desenvolvimento sustentável, pois todo mundo já sabe:'”é preciso conhecer para preservar”, comentou Isabela Martins, do Instituto Sertão Vereda

Durante o percurso, o grupo ficou admirado com as belezas do parque e também foram evidenciando outras melhorias para que a experiência seja ainda mais completa e inclusiva. 

Para Roberto Palmieri, do Ekos Brasil, o projeto deve inspirar outros parques a fazer o mesmo. “Assim, mais pessoas exercerão o direito constitucional de ter acesso às áreas públicas protegidas e podem se juntar a nós no trabalho de conservação desses espaços fundamentais ao bem-estar de todos”. 

Além da inclusão, o projeto também impulsiona a criação de novos negócios para atingir esse público que nos últimos anos não vem sendo considerado no turismo de natureza. 

Helder Viana completando a trilha acessível no Peruaçu

“Eu estou muito feliz. Somos mais um ser humano, mas temos valor e condições de descobrir muita coisa. Ter a oportunidade de explorar toda essa natureza, essas experiências fantásticas foi muito gratificante. Estamos só no começo e é um espelho pro mundo”, disse Helder Viana, da Apae Januária. 

O Instituto Ekos Brasil reafirma seu compromisso em continuar a apoiar projetos como esse, que aproximem as pessoas com deficiência à natureza, e parabeniza o grupo que estreou a trilha!  

Ekos Brasil acompanha comitiva suíça em visita ao Parque Nacional Cavernas do Peruaçu

Schweizer Reisegruppe in der Höhle Janelao, Nationalpark Peruacú, Minas Gerais, Brasilien – stehend v.l.: Cristina Sancini (EKOS Brasil), Aparecido Souza (Fahrer der Botschaft), Pietro Lazzeri (CH Botschafter), Ruth und Rolph Gloor, Joe Caverna (Guide), Roberto Palmieri (EKOS Brasil), Amiliano Lazzeri (Sohn des Botschafters), Jean-Pierre Villard (schweizer Diplomat), Ana Moeri (EKOS Brasil). Kniehend: Muriolo MEndes Melo (Guide) und Antônio Carlos Rodrigues (Guide)

Na primeira semana de agosto, parte do time do Ekos Brasil embarcou em São Paulo com destino a Minas Gerais para uma missão especial: levar um grupo de suíços para conhecer o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu.

Dentre os convidados estavam o embaixador da Suíça no Brasil, Pietro Lazzeri, o ex-embaixador suíço Jean Pierre Villard, o casal Ruth e Rolf Gloor da empresa Bachema AG – doadores do Fundo Peruaçu -, além de um jornalista e um fotógrafo, também suíços.

O grupo teve a oportunidade de conhecer cenários deslumbrantes do parque como a gruta do Janelão e o Sítio Caboclo com suas pinturas rupestres de cerca de 12 mil anos. Alguns deles também se aventuraram pela Trilha do Arco do André, passando pelo mirante do Mundo Inteiro com sua vista de tirar o fôlego.

“Além disso, visitamos com eles os projetos desenvolvidos no entorno do parque e que estão sendo diretamente impactados pelo crescimento do turismo sustentável. Eles ficaram bastante impressionados com o empreendedorismo feminino na região, como as Oleiras do Candeal que confeccionam cerâmicas a partir de tradições centenárias”, disse Ana Moeri, presidente do Ekos Brasil que acompanhou a visita.

A imersão ambiental e cultural continuou com um passeio pelo Rio São Francisco que mostrou aos suíços a importância do velho Chico para o desenvolvimento da região e para a conservação da biodiversidade.  

Schweizer Reisegruppe auf der Wanderung durch de Nationalpark Peruacú, Minas Gerais, Brasilien – v.l.: Ruedi Leuthold, Ruth Gloor, Rolph Gloor, Ana Moeri

Por que a Suíça?

Lazzeri, o embaixador suíço, é um entusiasta em temáticas relacionadas à sustentabilidade e representa um país que se destaca pela inovação, tecnologia verde e turismo. “Para nós é muito importante estreitar esse relacionamento e pensarmos juntos em parcerias que beneficiem não só a conservação de uma área como a do Peruaçu, mas em iniciativas que promovam a cooperação entre as nações pelo desenvolvimento sustentável”, completou Moeri.

Além disso, o Ekos Brasil nutre uma relação especial com o país já que Ernesto Moeri, seu fundador, era natural da Suíça – e brasileiro de coração.

A visita do grupo ao Peruaçu também se desdobrará em uma reportagem a ser publicada em uma revista semanal suíça de grande circulação.

Schweizer Reisegruppe in der Höhle Janelao, Nationalpark Peruacú, Minas Gerais, Brasilien – Namen siehe Gruppenfoto BR001
iucn

Comitê brasileiro da IUCN elege nova diretoria

Membros do Comitê Brasileiro da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês para International Union of Conservation of Nature) se reuniram no último dia 15 de agosto em Assembleia Geral Extraordinária que elegeu um novo secretariado.

Entre os eleitos para guiar as atividades do Comitê no triênio 2022-2025 estão Maria Cecília Wey de Brito, do Instituto Ekos, como presidente, Carlos Durigan, do WCS Brasil, como vice-presidente, e Carolina Schäffer, da Apremavi, como secretária executiva.

Maria Cecília, que assume a nova diretoria, acredita que “a promoção do desenvolvimento econômico e social sustentável e inclusivo, em harmonia com a natureza é urgente, por isso fortalecer o comitê brasileiro da IUCN é um passo importante na agenda global da conservação da natureza”.

A nova diretoria pretende continuar o trabalho que já vinha sendo feito na gestão anterior, de fortalecimento do Comitê Nacional ao ampliar as ações de advocacy e comunicação, ao amplificar o contato com as instâncias de governança da IUCN na América Latina e também ao retomar a campanha Brazil Matters, lançada durante o Congresso Mundial de Conservação da Natureza de 2021. Brazil Matters é uma carta que expõe a visibilidade do Brasil como fundamental na agenda da conservação da natureza e da biodiversidade global. Acesse a íntegra aqui.

O Comitê Brasileiro conta hoje com 25 organizações membro espalhadas pelo território nacional e que atuam em defesa de todos os biomas brasileiros. 

A IUCN

Criada em 1948, a IUCN é a maior e mais antiga rede para a conservação da natureza do mundo, agregando mais de 1.400 organizações membros e contando com a contribuição de cerca de 15.000 especialistas voluntários de 160 países que influenciam os rumos da conservação da biodiversidade através da ótica da crise do clima, das comunidades tradicionais e do desenvolvimento sustentável.

Dentre as inúmeras contribuições da rede para a temática, está a publicação da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, que tem servido de base para governos, ONGs e empresas tomarem decisões que afetam os habitats naturais que remanescem no planeta. Outro ponto importante é a colaboração com governos nacionais e locais, comunidades e outros organismos, para que sistemas de áreas protegidas sejam criados e geridos corretamente.

A troca de experiências entre os membros começa nos comitês nacionais em cada país que promovem o diálogo, compartilham experiências e suportam cooperações diversas entre todas as regiões do mundo, e também no debate no âmbito das comissões, que são:

  1. Comissão de Educação e Comunicação – CEC (sigla em inglês);
  2. Comissão de Políticas Ambientais, Econômicas e Sociais – CEESP (sigla em inglês);
  3. Comissão de Espécies Ameaçadas – SSC (sigla em inglês);
  4. Comissão Mundial em Legislação Ambiental – WCEL (sigla em inglês);
  5. Comissão de Manejo de Ecossistemas – CEM (sigla em inglês); e,
  6. Comissão Mundial de Áreas Protegidas – WCPA (sigla em inglês).
indígena

Como conectar conhecimentos ancestrais às novas tecnologias de comunicação?

Uma riqueza cultural imensa é carregada por cada indígena brasileiro. Vivendo no contexto urbano ou em transição entre a cidade e a aldeia, são frequentemente questionados por seus costumes e precisam aprender desde cedo a defender sua cultura entre os povos não-indígenas. 

Em 2022 é necessário que o conhecimento substitua os estereótipos. E nada melhor do que impulsionar esse movimento através de um dos espaços mais frequentados pela sociedade contemporânea: o espaço virtual.  

Para apresentar a importância de utilizar de forma consciente a internet em defesa dos povos indígenas, conversamos com o jovem ativista Cristian Wariu e a doutoranda da Universidade Federal do Amazonas, Romy Cabral, que nos mostraram as facetas dessa defesa cultural.

Juventude indígena nas redes

“Índinho” e “índio” eram termos pejorativos, infelizmente, muito comuns na infância de Cristian. Ser o único garoto indígena em uma escola não-indígena e escutar tantas falácias sobre a sua realidade o fizeram entender que sua própria voz poderia – e deveria – se tornar uma grande ferramenta de defesa.

Cristian Wariu
Créditos: arquivo oficial Cristian Wariu.

Jovem, ativista e estudante de Comunicação da Universidade de Brasília, é membro do povo Xavante, um dos mais de 300 povos indígenas espalhados pelo país. Ele conta que aprendeu a ensinar sobre os aspectos das realidades indígenas ao corpo discente e docente das escolas desde cedo. 

Hoje, Cristian é conhecido por lideranças indígenas como Guerreiro Digital e soma mais de 75 mil seguidores no Instagram, 110 mil no TikTok e quase 42 mil inscritos no canal do YouTube Wari’u, números conquistados por meio de vídeos que ensinam de forma didática conceitos e diferenças culturais entre os povos originários. 

“Eu sou um indígena muito politizado, porque meu pai é uma liderança indígena e desde berço a gente (ele e os irmãos) tinha a plena noção da nossa realidade […], então eu já ia muito preparado para os ambientes de conflito, de chegar e ser, por muitas vezes, o único indígena da escola.”

Cristian Wariu sentado, mexendo em uma câmera fotográfica, com uma criança pequena sentada em seu colo
Crédito: arquivo oficial Cristian Wariu.

E foi a sensibilidade e a naturalidade por narrar e ensinar sua realidade que proporcionou a Wariu um ingresso no mundo da produção de conteúdo digital naturalmente. A curiosidade pela computação foi o primeiro passo para chegar na produção de vídeos para o YouTube, onde cresceu, inscrevendo seus trabalhos em editais e evoluindo nos formatos e roteiros. 

Quando começou, durante a adolescência, ainda não existiam pessoas na internet que fizessem o trabalho que ele havia proposto. Por isso, para o ativista, encontrar hoje uma gama de influenciadores indígenas que produzem conteúdo de qualidade e que estão tomando espaço de influência nos diferentes setores da sociedade a partir da internet, é um aceno positivo para a disseminação da cultura das centenas de povos indígenas e idem para o seu próprio trabalho.

Cristian Wariu
Crédito: arquivo oficial Cristian Wariu.

“É até engraçado pensar que a maioria dos jovens que estão no fronte das redes sociais,

alcançando um público maior do que eu já alcancei, todos eles citam os meus vídeos, ‘ah eu comecei porque eu vi seu vídeo, achei muito interessante’. Ou até diretamente mesmo, produtores de conteúdo hoje tiveram mentoria minha, dada por organizações indígenas.”

A vivência de Cristian Wariu é um exemplo de ocupação dos espaços de conflito. Ele mostra que impulsionar transformações e utilizar das novas tecnologias para ensinar as diferenças culturais e a linguagem correta para se dirigir a cada povo, esse é o caminho para acontecer a conscientização política e social da população brasileira diante da pluralidade cultural indígena.

 

Internet ainda recente

Para Romy Cabral, o contato com os povos indígenas foi diferente. Ela começou a trabalhar ainda jovem com a língua portuguesa, por meio de aulas particulares de apoio pedagógico para pessoas de outros países, como Bulgária, Taiwan e China, mas quando chegou na graduação em Pedagogia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), ela decidiu que atuaria apenas com os povos indígenas.

romy cabral
Créditos: arquivo privado Romy Cabral.

A primeira aldeia com quem ela trabalhou e construiu raízes foi a Kwatá/Borba-Am, do Povo Munduruku. Diferente de Wariu, que transita frequentemente entre o contexto urbano e sua aldeia, os membros da Kwatá iam até a cidade apenas no final do mês, para ir ao banco.

E quando o assunto é comunicação, na época em que Romy começou a trabalhar como professora, a aldeia contava com apenas dois orelhões e o sistema de radiofonia. Este sistema consiste na comunicação  por meio de ondas de rádio e já foi utilizado para ensinar a língua do povo pela voz da matriarca de uma das grandes famílias do local, Ester Caldeira, hoje com cerca de 105 anos de idade. 

“Quando houve o desligamento dos telefones e eu parei de frequentar a aldeia, eles buscaram manter contato comigo”, recordou a professora. O contato era possível via telefone das cidades mais próximas, sempre na última semana mensal. Então, quando chegava o período, ela recebia a já habitual ligação para saber as novidades e saudar as amizades, no entanto, um dia, isso mudou, quando em meados de 2010 ela recebeu uma mensagem de um membro da aldeia através de uma rede social – e nem era final do mês. 

Ela conta que a surpresa maior foi descobrir que a mensagem veio direto da aldeia, consagrando a chegada da internet onde nem mesmo o sinal de telefone funcionava. 

“Até a década de 1980 havia uma buzina que avisava a aldeia em momentos importantes, como as assembléias. Essa prática acabou porque a pessoa encarregada de tocar a buzina faleceu. Depois que o orelhão foi desligado, quando a internet chega à aldeia, a escola se torna um acesso a este espaço virtual e dá início ao processo de inserção do povo nas redes sociais.”

celebração do povo indígena munduruku
Registro da aldeia Kwatá durante o Festival de Cultura Munduruku, em 2019. Crédito: arquivo pivado de Romy Cabral.

Em 2018 ela retorna à aldeia para recolher informações para sua tese de doutorado de tema “Territórios Virtuais: Munduruku no ciberespaço, um estudo de caso a partir da Aldeia Kwatá/Borba-Am” e identificou que o número de pessoas com acesso à internet cresceu.

Através das redes, os indígenas mantêm contatos, fortalecem a cultura indígena, mostram a sala de aula e sua rotina na aldeia. No entanto, por algumas experiências fracassadas, os habitantes já enxergam o ciberespaço como um lugar de exposição e não de diálogo

De acordo com a doutoranda, notam que é preciso cautela para que seus hábitos sejam compreendidos por seus valores e não sejam alvo de violência dos povos não-indígenas devido a ausência de valorização da cultura. 

Cristin Wariu e Romy Cabral nos mostram que as novas tecnologias são e devem ser utilizadas como forma de disseminação da cultura indígena. Como? Primeiramente através do empenho para que os povos indígenas tenham o acesso para tal, que tenham uma educação digital e comunicacional e, claro, pela educação de toda a população brasileira, para que o respeito às riquezas culturais seja preservado. 

Na semana em que celebramos o Dia Internacional dos Povos Indígenas, o Instituto Ekos Brasil se sente feliz em ceder um espaço de fala para a comunidade indígena, representados aqui por um jovem e por uma professora pesquisadora. 

Acesse os conteúdos do Cristian nas redes sociais:  

TikTok e Instagram: @cristianwariu  

COP 15

Preocupante perda da biodiversidade atrai olhares para COP 15

Em meio à Copa do Mundo no Catar, o globo dividirá a atenção com a Conferência de Biodiversidade da ONU, que acontecerá entre os dias 5 a 17 de dezembro de 2022. À princípio, a COP 15 seria sediada pela China, mas precisou ser remanejada para o Canadá devido à política “covid zero” adotada no país e após anos de temores pelo adiamento apreensivo. A nova data foi confirmada em Nairobi, Quênia, no final do mês de junho. 

A relevância de debater a biodiversidade em um contexto de pandemia é fundamental para evitar que novas ameaças à saúde do planeta e da vida humana apareçam nos próximos anos. A preservação da fauna e da flora são fatores-chave para impedir o surgimento de novos vírus e bactérias nocivas aos seres humanos. 

Por isso, é de principal importância que nos próximos anos a biodiversidade seja uma temática discutida no meio político governamental e no meio privado, para que seja efetivo o combate às práticas criminosas, como o desmatamento e o tráfico de animais e de espécies ameaçadas de extinção. Estas são as expectativas da COP 15.

A COP de Biodiversidade ocorre depois da COP 27, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada em novembro no Egito, bastante aguardada de forma especial pela juventude, após anos de manifestações com vista a alertar as autoridades internacionais. 

Vamos acompanhar estes desdobramentos de forma coletiva. 

 

Dia do índio?

Dia do índio?

Hoje, 19 de abril, comemoramos mais um ‘Dia do Índio’, data que foi instituída em 1943 por Getúlio Vargas pelo Decreto-Lei 5.540, como resultado do I Congresso Indigenista Interamericano, ocorrido no México em 1940. Durante os primeiros dias do evento, representantes indígenas boicotaram sua participação por acreditarem que não teriam voz entre os líderes políticos presentes. Em 19 de abril, porém, passaram a tomar parte das discussões e decisões deste importante congresso.

Assim, desde o seu início, a data simbolizou a importância da participação e da voz dos povos originários sobre decisões em nível nacional. Entretanto, ainda hoje, são muitas as ameaças constantes sobre a cultura, direito à terra e até a própria existência dos mais de 200 povos indígenas estabelecidos ao longo do território brasileiro.

De forma a reforçar a importância da celebração e do respeito à diversidade cultural, religiosa, linguística e identitária desses povos, e tornar essa comemoração mais condizente com esses objetivos, foi proposto pela deputada Joenia Wapichana o Projeto de Lei nº 5.466/2019, que altera a expressão “Dia do Índio” para “Dia dos Povos Indígenas”. A alteração, se aprovada, poderá representar também uma ótima oportunidade para quebrar a visão já tão estigmatizada e estereotipada que há sobre os povos originários em território brasileiro

Em dezembro do último ano, o PL foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça de Cidadania (CCJC) da Câmara seguindo, enfim, para deliberação do Senado.

Até dia 14 de abril aconteceu, pelo 18o ano consecutivo, o acampamento Terra Livre, com a mobilização de diversas etnias buscando essa presença ativa na participação política quanto a definição de projetos que afetam diretamente a vida e as aldeias dos povos indígenas, ou seja, projetos em busca do direito à demarcação do passivo de terras indígenas e contenção de violências e invasões nestes territórios.

Neste dia 19 homenageamos os povos indígenas que milenarmente continuam transmitindo sua ancestralidade por meio de muita cultura, medicinas, comida e garra.

[siteorigin_widget class=”categoryPosts\\Widget”][/siteorigin_widget]

CarnaEkos: um carnaval no ritmo da sustentabilidade

CarnaEkos: um carnaval no ritmo da sustentabilidade

Carnaval é período de festa, espontaneidade, celebração da vida e de recolher as energias para iniciar os trabalhos, já que, na linguagem popular, o ano só começa depois do carnaval. 

Mas, no Instituto Ekos Brasil, o ritmo foi um pouco diferente. A equipe decidiu comemorar a festança e impulsionar o engajamento ambiental, simultaneamente. O resultado? Um concurso de fantasias com um desafio extra: montar uma fantasia sem gerar impacto ambiental negativo, ou seja, sem gerar resíduos! É curioso pensar nisso, uma vez que a maioria das fantasias carnavalescas são compostas por glitter, purpurinas, arcos de plástico, enfeites de TNT ou EVA, e por aí vai. Entretanto, nossa equipe provou que, para além do talento profissional nos projetos internos, brinda com honra na criatividade.

Equipe reunida com as fantasias do CarnaEkos

Apesar do empenho unânime, o pódio foi marcado por fantasias que retratavam o greenwashing, um banho tomado e uma estudante ativista. Vestindo roupas do próprio guarda roupas e objetos de papelaria de casa, Camila Dinat, nossa engenheira agrônoma, se transformou em Greta Thunberg, estudante que luta pelo planeta. Já com um roupão e sua touca de banho, o banho tomado foi obra da nossa cientista ambiental Ciça Wey. 

Luciana Ferreira optou por representar o Greenwashing: falta de implementação de uma gestão ambiental social, alinhada com estratégias de desenvolvimento sustentável para o próprio desenvolvimento da empresa. Essa prática negativa foi interpretada com um rodo de casa, um balde esverdeado, folhas caídas recolhidas no jardim e vestida de verde. Arrasou

A festa intimista do carnaval no Ekos foi regada a um happy hour que também não gerou resíduos plásticos de consumo único, como copos ou pratos descartáveis. Assim como o glitter não apareceu nessa integração, apenas o bioglitter, feito por Dany Mello Freire e compartilhado com quem quisesse, de uma mistura entre Ágar ágar e água de beterraba e também a opção da mistura feita com manteiga de karité com pó de mirra.

A exemplo das três, provamos que é possível curtir com estilo e se divertir sem usar tecidos sintéticos e descartáveis. Esperamos que o carnaval em 2022 seja ambientalmente consciente por parte dos carnavalescos, que compreendam que, cada vez mais, cada ação, inclusive o ato de se vestir e maquiar, pode impactar a conservação das águas e do solo.

O sucesso do CarnaEkos foi imediato e as bocas dizem alala ô, que o CarnaEkos arrasou e vai continuar como uma tradição do Instituto porque, ai ai, ninguém dorme no ponto. 

[siteorigin_widget class=”categoryPosts\\Widget”][/siteorigin_widget]

Tudo o que você precisa saber sobre cavernas no Brasil

Tudo o que você precisa saber sobre cavernas no Brasil 

O Instituto Ekos Brasil tem uma relação afetiva e responsável com as cavernas brasileiras por sua proximidade com a gestão do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, com o qual cooperamos há mais de uma década e onde estão algumas das cavernas mais emblemáticas do Brasil.

Não há quem não se encante pela Gruta do Janelão, pela Lapa do Rezar, Arco do André, dentre tantas outras, que sempre nos deixam com aquele sentimento de pequenez e gratidão diante de tamanha beleza da natureza.

No intuito de conhecer um pouco mais sobre as cavernas, convidamos para um bate-papo Clayton Lino, sumidade no assunto, diretor de Cooperação da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, ex-presidente por duas vezes da Sociedade Brasileira de Espeleologia e membro da Comissão Mundial de Reservas da Biosfera da Unesco. A seguir destacamos, em uma linguagem simplificada,  alguns dos temas apresentados por nosso entrevistado. 

Nosso bate-papo “começou pelo começo”. “Caverna é uma cavidade natural subterrânea penetrável pelo ser humano, como define a Constituição de 1988. Aqui no Brasil adotamos também a nomenclatura de grutas para cavernas predominantemente horizontais e abismos, para aquelas predominantemente verticais”, explica Lino. 

Nosso país abriga a maior caverna do hemisfério Sul, a Toca da Boa Vista, com cerca de 115km de galerias, localizada na Bahia. E não é preciso estranhar o nome “toca”. Em se tratando de Brasil, regionalismos são bastante comuns e não escapam às cavernas. Lapa, fossa, toca ou buraco também são denominações dadas às cavernas de norte à sul do país.

Moradores das cavernas

Em relação à fauna subterrânea há basicamente três tipos de “moradores” das cavernas. Os Trogloxenos, aqueles que necessitam das cavernas para abrigo, reprodução e/ou alimentação, mas que também saem delas para desenvolver outras atividades do seu dia a dia. Exemplo destes seres são os morcegos e alguns roedores. 

Já os Troglófilos são seres adaptados às cavernas, mas que não necessitam delas para sobreviver. Exemplos são algumas espécies de aranhas e insetos que são encontradas tanto dentro quanto fora dessas cavidades.

Por fim, os Troglóbios também chamados dos verdadeiros cavernícolas, são especializados na vida dentro das cavernas. Há Troglóbios albinos(despigmentados), cegos, mas que desenvolvem outros sentidos e órgãos que os adaptam a sobreviverem na escuridão total das cavernas. Exemplos destes seres são alguns peixes, insetos e crustáceos. 

Cavernas e seus tipos

As cavernas podem surgir  em muitos tipos de rochas, mas em 90% das vezes são formadas em rochas carbonáticas, esclarece Lino, além de aparecerem também em gesso, sal, bauxita, gnaisse, granito, minério de ferro, dentre outras litologias (tipos de rochas).

Ao contrário da crença popular, as cavernas, em sua maioria, não são formadas pela erosão dos rios. “A maior parte é formada por dissolução, quando a rocha é atacada quimicamente”, principalmente pela água, define. De acordo com o especialista, os movimentos tectônicos criam fraturas nas rochas. Por esses pontos frágeis a água, acrescida de gás carbônico advindo das precipitações e outros ácidos presentes no solo, ao entrar nessas fissuras, ataca quimicamente a rocha, ampliando espaços já formados anteriormente pelo mesmo tipo de processo, o que acaba puxando cada vez mais água da superfície, aumentando o tamanho das cavidades. Várias cavernas são formadas inicialmente no nível do lençol freático e só posteriormente passam a ter uma abertura para a superfície devido a desmoronamento dos tetos. Outros tipos de formação de cavernas acontecem nas zonas costeiras, por abrasão marinha, ou no meio de blocos de granito com o carreamento do solo entre eles.

Algumas características de cavernas

Uma das curiosidades mais fascinantes quando falamos de características das cavernas, na opinião de Lino, é que são um dos raros ambientes do planeta com ausência de luz. “É uma oportunidade para descobrir o que é a treva. Nosso cérebro começa, inclusive, a fabricar imagens pois não consegue acostumar a vista já que não existe nenhum feixe de luz”.

Cavernas também podem ser silenciosas ou não, labirínticas ou não, ventiladas ou não, ter flora ou não (dependendo da presença de luz), mas são consideradas ambientes estáveis, onde mudanças acontecem de forma extremamente lenta. E esta é uma das razões para serem verdadeiros “baús de recordação” da história geológica, climática e da evolução da vida na Terra, inclusive como locais privilegiados para conservação de fósseis da megafauna extinta, e também da maioria dos achados arqueológicos de nossos ancestrais humanos. 

Cavernas no Brasil   

Não é à toa que somos “gigantes pela própria natureza”. O Brasil, de fato, tem cerca de 20.500 cavernas cadastradas, mas de acordo com Lino, a expectativa é que tenhamos mais de 300 mil. “Todo ano descobrimos centenas de cavernas no Brasil”, destaca. “Já fui o primeiro ser humano a pisar em um monte de lugares em certas cavernas. Essa percepção não tem preço”.

Apesar de tamanha riqueza, as cavernas se juntam a outros componentes da natureza como os biomas, ecossistemas, espécies que sofrem ameaças constantes à sua existência e proteção. No caso das cavernas a pressão da mineração, das represas e das rodovias é a mais frequente.

“Quando falamos de caverna não estamos falando de um buraco, mas de um ambiente, de um ecossistema muito particular”. Por isso, proteger uma caverna significa proteger a rocha, seu conteúdo hidrológico, biológico, arqueológico, cultural etc.”, alerta Lino. E completa: “Há um choque no Brasil entre o cronograma de empreendimentos, o cronograma político e o cronograma do conhecimento e estudos sobre uma caverna”. O cronograma dos empreendimentos, e o político não consideram nem aguardam os anos necessários para que se entenda sequer o que pode acontecer com a extinção daquele ecossistema, quando estes tipos de empreendimentos estiverem consumados com a destruição de cavernas importantes.

Clayton teve uma participação histórica na formulação do capítulo da Constituição Federal que definiu as cavernas como bens da União e as manteve protegidas por muitos anos. Um decreto no final dos anos 2000 já havia flexibilizado a proteção destes ambientes com a classificação das cavernas em categorias de relevância, para fins de sua exploração econômica. 

Agora, Lino presencia a aprovação do Decreto Federal no 10.935/22, recém-publicado, que ameaça inclusive as cavernas tidas como grau de relevância máximo. O Decreto fere a Constituição, sobretudo em seu artigo 225, porque desrespeita princípios do direito ambiental, como o Princípio do Desenvolvimento Sustentável, da Prevenção e da Precaução, e foi elaborado sem a participação de instituições científicas, das ONGs, da comunidade espeleológica e ignorou o parecer do órgão técnico especializado em cavernas, o CECAV-ICMBio (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas), instituição do governo federal.

O Decreto falha também na promoção de políticas públicas que protejam o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável, a sobrevivência e o bem-estar das gerações futuras, e desconsidera os importantes serviços ecossistêmicos prestados pelas áreas cársticas e suas cavernas, como por exemplo a manutenção da integridade dos sistemas hídricos, o controle de pragas agrícolas, a dispersão de sementes e a polinização de diversas espécies de plantas executadas por morcegos que habitam estes ambientes. 

O Instituto Ekos Brasil reforça a importância da proteção e conservação das cavernas brasileiras e entende que não há incompatibilidade entre a preservação das cavernas e o desenvolvimento econômico.

E agradece a participação de Clayton Ferreira Lino para a elaboração deste conteúdo.

 

[siteorigin_widget class=”categoryPosts\\Widget”][/siteorigin_widget]
APA Serra do Palmital e RVS da Mata da Represa

APA Serra do Palmital e RVS da Mata da Represa são validadas pelo Ministério do Meio Ambiente

APA Serra do Palmital e RVS da Mata da Represa são validadas pelo Ministério do Meio Ambiente

Instituto Ekos Brasil esteve à frente do plano de manejo das UC ‘s entre 2016 e 2018. 

Em decisão recente, o Ministério do Meio Ambiente validou a Área de Proteção Ambiental (APA) da Serra do Palmital e o Refúgio da Vida Silvestre da Mata da Represa, ambas Unidades de Conservação (UC) de Caçapava (SP). O Instituto Ekos Brasil foi o responsável pelo plano de manejo das áreas entre 2016 e 2018.

A ação indica um aceno positivo para a política de conservação ambiental da região, já que passam a ter prioridade no repasse de recursos provenientes da compensação ambiental. Segundo o Art. 11 da Resolução CONAMA 371/2006, tais recursos são destinados apenas para UC ‘s reconhecidas pelo Cadastro Nacional de Unidade de Conservação (CNUC) como pertencentes ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza. 

 

Sobre APA e RVS

A APA é compreendida como uma área que integra as unidades de conservação de uso sustentável. Normalmente são extensas áreas que podem conter certa ocupação humana de forma sustentável. 

Por sua vez, a RVS, diferentemente das Áreas de Proteção Ambiental, são unidades de conservação protegidas de forma integral. Isso significa que a presença humana não é autorizada, já que seu objetivo é preservar a diversidade que depende do ecossistema, além de proteger o ambiente natural. 

Ficou interessado/a? Entre em contato e descubra mais sobre o plano de manejo e UC ‘s.

[siteorigin_widget class=”categoryPosts\\Widget”][/siteorigin_widget]