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Em 28 de agosto, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) comemora seus 17 anos. Criado em 2007, esta autarquia federal é responsável pela gestão das Unidades de Conservação Federais do país, atuando na preservação e no uso sustentável da biodiversidade brasileira.
Para se ter uma ideia melhor da importância da instituição, o ICMBio gerencia um total de aproximadamente 340 Unidades de Conservação Federais, que são áreas protegidas com o objetivo de preservar a diversidade biológica, os recursos naturais e os serviços ecossistêmicos fundamentais. Além disso, também administra 14 Centros Nacionais de Pesquisa e Conservação, dedicados a estudar e preservar diferentes grupos de fauna e flora. O esforço de conservação se reflete nos números expressivos, como as 12.262 espécies da fauna que foram avaliadas pelo ICMBio, muitas delas ameaçadas de extinção.
A importância do ICMBio não se restringe apenas à conservação ambiental, mas também ao incentivo do turismo ecológico. Em 2023, por exemplo, 11,8 milhões de pessoas visitaram os Parques Nacionais administrados pelo instituto, o que destaca o potencial do turismo sustentável como uma ferramenta de preservação e geração de renda.
A bióloga Carla Polaz tem uma história profissional que caminha junto com a história do ICMBio. Foi exatamente em 2007, no ano de fundação do Instituto – que se desmembrou do IBAMA, que Carla assumiu uma vaga como Analista Ambiental.
Polaz explica que o CEPTA atua atendendo demandas das Unidades de Conservação que tenham a ver com peixes e pesca, colaborando com a lista de espécies ameaçadas do ICMBio, coordenando e implementando Planos de Ação Nacional para as bacias nos biomas brasileiros etc. “Também estamos envolvidos com o Programa Monitora, fazemos notas técnicas para empreendimentos a pedido de órgãos como a CETESB e respondemos ao Ministério Público, por exemplo, em questões que envolvem tragédias ambientais”.
Esses 17 anos no ICMBio já renderam à Polaz algumas boas experiências profissionais e algumas outras bem curiosas. Ela participou, por exemplo, do processo que estruturou e trouxe a elaboração da lista de espécies ameaçadas para o ICMBio, para o Estado, algo que antes era feito por organizações parceiras. “Lá em 2010 também fiz parte do primeiro Plano de Ação Nacional para Bacias Hidrográficas que contém peixe, do qual sou coordenadora até hoje, o PAN Paraíba do Sul”.
Além disso, Polaz também recebe diretamente as perguntas da Ouvidoria sobre peixes e, por isso, tem sempre a oportunidade de falar diretamente com os cidadãos. Polaz conta, bem-humorada, a história de uma pescadora que, gentilmente, doou um exemplar de uma espécie de peixe ameaçada para um estudo no CEPTA. “O engraçado é que depois ela ligou e quis vir visitar o peixe. Nós recebemos, é claro”.
Já vislumbrando a “maioridade” do ICMBio com seus 18 anos em 2025, Polaz alimenta a esperança de um ICMBio ainda mais estruturado, com mais capilaridade e mais gente trabalhando.
O Instituto Ekos Brasil parabeniza o ICMBio pelos seus 17 anos e segue colaborando na bonita missão que compartilhamos: trabalhar pela conservação da biodiversidade e regeneração dos ecossistemas.
Francisco Alves Mendes Filho, conhecido como Chico Mendes, foi um seringueiro e ativista ambiental brasileiro que se tornou um símbolo da luta pela preservação da Amazônia e pelos direitos dos trabalhadores da floresta. Nascido no Acre, Chico Mendes começou a atuar no movimento sindical defendendo os direitos dos seringueiros, que trabalhavam em condições precárias. Sua luta se intensificou quando ele passou a liderar movimentos contra o desmatamento e a expulsão dos seringueiros de suas terras, resultantes da expansão da fronteira agrícola.
Chico Mendes fundou o Conselho Nacional dos Seringueiros e ajudou a criar as Reservas Extrativistas, áreas de uso sustentável da floresta. Seu trabalho ganhou reconhecimento internacional, mas também gerou oposição de grandes interesses econômicos. Em 1988, Chico Mendes foi assassinado, mas seu legado de proteção ambiental e justiça social continua vivo. Em sua homenagem, o ICMBio leva seu nome, reafirmando o compromisso com a preservação da biodiversidade e com o uso sustentável dos recursos naturais.
Por Dra. Adriana C. Velosa, Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas, UNIFESP-Diadema (acvelosa@gmail.com)
Substancias alquílicas poli e perfluoradas (PFAS) são compostos químicos sintetizados pelo homem e incluem mais de 4 mil diferentes compostos. Tais substâncias possuem como característica química uma cadeia carbônica parcial ou completamente saturada por átomos de flúor, podendo ser ramificada ou linear, sendo representada pela formula química F(CF2)n-R, onde o grupo R representa a parte hidrofílica da molécula. Os ácidos perfluoroalquilicos (PFAAs) constituem-se nos mais comuns e ambientalmente importantes representantes dos PFAS, sendo classificados como ácidos sulfônicos, quando o grupo R é igual a -SO3H, ou ácidos carboxílicos, quando R é igual a -COOH. Os ácidos perfluorooctanóico (PFOA) e perfluorooctanossulfônico (PFOS) são os compostos mais comumente encontrados no meio ambiente. Devido às suas características hidrofóbicas e lipofóbicas, os PFAS são amplamente utilizados como substâncias antiaderentes e em espumas de combate a incêndio, sendo encontrados em concentrações da ordem de ppt (ng/ L) em corpos d’água em todo o mundo. Suas características físico-químicas dependem tanto do comprimento de sua cadeia carbônica quanto do grupamento funcional presente nela, sendo que compostos de cadeia longa (com 8 ou mais átomos de carbono) são mais lipofílicos e quimicamente inertes, enquanto que os de cadeia mais curta são mais solúveis em água e menos propensos a adsorção sendo, portanto, mais móveis no ambiente. A degradação química dos PFAS é bastante dificultada devido à força da ligação C-F, o que leva ao uso de técnicas de adsorção, como em carvão ativado, por exemplo, como solução para a remoção de tais compostos de águas superficiais ou subterrâneas. Neste trabalho foram investigados os efeitos de íons comumente presentes em águas subterrâneas, assim como a presença de matéria orgânica, nas isotermas de adsorção de diferentes PFAS a um carvão ativado coloidal (CAC) usado na formação de barreiras reativas.
O CAC utilizado tem tamanho médio de 500 nm, PI = 4,5, PCZ = 9,5 e foi fornecido pela INTRAPORE (Alemanha). Ao comparar-se a eficiência de adsorção de acordo com o PFAS testado, observou-se que quanto maior o tamanho da cadeia carbônica, maior a afinidade pelo carvão, independentemente da cadeia ser linear ou ramificada (Tabela 1). Observou-se também que compostos com grupo R igual a -SO3H (PFBS) adsorvem mais do que os com grupo R igual a -COOH (PFBA).
Um parâmetro extremamente importante no processo de sorção dos PFAS em CAC é a força iônica, uma vez que propomos um modelo conceitual no qual os compostos de cadeia curta são adsorvidos em microporos mais internos, via interação eletrostática nos sítios básicos, enquanto os compostos de cadeia longa são adsorvidos tanto por ação eletrostática quanto por forças de van der Waals, na superfície mais externa. O efeito da força iônica também é importante para se prever o comportamento de barreiras reativas em áreas costeiras, com ação da água do mar nos aquíferos. Como pode ser observado na figura 1, conforme aumenta-se a força iônica e, portanto o Cl–, ocorre uma menor adsorção para compostos de cadeia mais curta pela competição com o ânion cloreto pelos sítios positivos internos. Compostos de cadeia mais longos, no entanto, não demonstram o mesmo comportamento.
O efeito da matéria orgânica dissolvida (DOM) também foi avaliado usando-se para tanto compostos modelo de massa molecular conhecida. Observou-se que embora nenhum efeito na adsorção tenha sido observado pela presença de qualquer DOM na concentração de 1mg/ L, a DOM de menor massa molecular reduz significativamente a capacidade de adsorção do CAC quando em concentrações tão altas quanto 10 mg/L, sendo o efeito inversamente proporcional ao tamanho da cadeia carbônica do PFAS.
Usando-se um modelo de transporte reativo simulou-se ainda o tempo de saturação de uma barreira permeável feita de CAC, nas diversas condições geoquímicas avaliadas em batelada, obtendo-se um tempo de saturação 1000 vezes menor para PFBA quando comparado ao PFOA. Observou-se ainda que a longevidade da barreira pode ser bastante reduzida ao se ter condições de alta força iônica e/ ou alta concentração de DOM, demonstrando a importância de se levar em consideração a composição da água subterrânea para o sucesso do processo de remediação.
Para maiores detalhes acesse:
MOLE, R. A., VELOSA, A.C. CAREY, G. R., LIU, X., LI, G., FAN, D., DANKO, A. and LOWRY, G.V. (2024) Groundwater solutes influence the adsorption of short-chain perfluoroalkyl acids (PFAA) to colloidal activated carbon and impact performance for in situ groundwater remediation. J. Haz. Mat. 474, 134746. https://doi.org/10.1016/j.jhazmat.2024.134746
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Em 31 de julho de 2014 foi instituído o MROSC (Lei nº 13.019/2014). E o que temos a celebrar uma década depois?
No âmbito nacional, um cenário mais positivo de colaboração entre as OSCs e o Poder Público. E, internamente, de uma maneira especial para nós do Instituto Ekos Brasil, o sucesso da gestão de uma Unidade de Conservação amparada pelo MROSC, com resultados marcantes de envolvimento da sociedade civil na conservação e desenvolvimento de uma área protegida.
Mas antes, vamos entender o que é o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil?
O MROSC é um conjunto de normas que regulamenta as parcerias entre o Estado e as OSCs. Basicamente, seu principal objetivo é simplificar, desburocratizar e garantir a transparência nessas relações, proporcionando um ambiente mais propício para que essas entidades realizem atividades ou projetos de interesse público a partir de três instrumentos jurídicos: Termo de Colaboração, Termo de Fomento ou Acordos de Cooperação.
A Lei veio para contribuir com uma gestão pública mais democrática, abrindo caminho para diferentes modalidades de parceria e apresentando regras claras e válidas em todo o país. A partir do Marco, as OSCs puderam contar com um ambiente mais justo e eficiente para o desenvolvimento de suas atividades e projetos, com mais regularidade fiscal e jurídica.
Com esse ambiente mais seguro, exemplos de parcerias entre OSCs e Poder Público ganharam ainda mais notoriedade e relevância. Um deles, sem dúvidas, é o Acordo de Cooperação que o Instituto Ekos possui junto ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade ICMBio, para o apoio à gestão, conservação e divulgação do da APA e do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, além do desenvolvimento de projetos socioambientais na região.
O Acordo de Cooperação, tem proporcionado uma gestão pública mais colaborativa da UC. E isso só nos confirma a importância de trabalhar a gestão das Unidades de Conservação no Brasil em estreito laço com a sociedade civil.
Em 2023, apenas para citar alguns exemplos, esta parceria resultou na implementação do projeto “Uma trilha para a Sustentabilidade”; na participação do Ekos Brasil, portanto da Sociedade Civil, nas reuniões do Conselho do PNCP e do Mosaico Sertão-Veredas Peruaçu; no apoio à candidatura do parque como Patrimônio Mundial Natural pela UNESCO; na produção de mudas no viveiro; em parcerias com marcas e influenciadores para publicidade do parque; dentre muitos outros resultados.
Acreditamos que o exemplo do Acordo de Cooperação do Instituto Ekos Brasil com o ICMBio é um case de sucesso em gestão de áreas protegidas e pode ser replicado na gestão de muitas outras Unidades de Conservação do nosso país.
Desde 2021, o Ekos Brasil tem uma relação direta, de comprometimento profissional e de muito carinho com o Parque Estadual do Rio Doce, por atuar junto ao Instituto Estadual de Florestas (IEF) no apoio às ações de consolidação do parque (TP 51/2021).
Por isso, nossa organização celebra os 80 anos do PERD, ressaltando a importância do parque para a conservação da biodiversidade e seus benefícios para a comunidade.
A população é a principal convidada a participar das atividades que celebram os 80 anos do Parque Estadual do Rio Doce. Ao longo do ano, serão realizadas diversas ações que vão desde exposições temáticas sobre a unidade de conservação até educação ambiental em escolas.
No dia em que o parque completa 80 anos, uma cerimônia solene será realizada na unidade de conservação, contando com a presença de diversas autoridades.
O Instituto Ekos Brasil venceu o Edital de Seleção Pública IEF Nº 01/2021 e é a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) que está administrando R$ 21 milhões durante quatro anos em infraestrutura, proteção e preservação dos recursos naturais do espaço. O aporte financeiro faz parte de um acordo judicial firmado entre a Fundação Renova e o IEF, homologado na 12ª Vara Federal de Belo Horizonte, em função do rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana.
Em 2023, o Ekos Brasil em parceria com o IEF conquistou diversos marcos para o parque. Concluímos a revisão do Plano de Manejo do PERD, aprovado por unanimidade na 90ª Reunião Ordinária da Câmara de Proteção à Biodiversidade e Áreas Protegidas do Conselho Estadual de Política Ambiental de Minas Gerais.
Além disso, começamos os trabalhos para definição e construção do Sistema de Gestão do Parque; ampliamos a manutenção das estruturas; iniciamos o processo de regularização fundiária; estabelecemos parcerias com outras instituições; e começamos a elaboração do Plano de Pesquisa e do Plano de Comunicação, dentre muitas outras ações.
Já como parte das celebrações dos 80 anos, em junho, inauguramos uma exposição autoguiada, com 23 fotografias emblemáticas do parque, que destacam a biodiversidade, os recursos naturais, a infraestrutura e os valores fundamentais que orientam a unidade de conservação mineira. Com entrada gratuita, a exposição é itinerante e irá percorrer a região, convidando a população a conhecer o Parque.
“Trabalhar pela consolidação do PERD é um trabalho intenso, bastante desafiador, mas ao mesmo tempo muito recompensador por lidar cotidianamente com uma biodiversidade sem precedentes para o nosso país e de extrema importância para a qualidade de vida da população ao entorno”
ressalta Lucas Milani, coordenador de projetos de Conservação da Biodiversidade do Instituto Ekos Brasil.
O PERD é a primeira unidade de conservação de Minas Gerais, criada em 1944, e atualmente gerida pelo IEF. Com seus 35.976 hectares, se destaca por abrigar a maior área contínua de Mata Atlântica preservada no estado, com uma rica biodiversidade e árvores centenárias que fazem parte de um universo de florestas altas e estratificadas. Na Unidade de Conservação é possível encontrar, por exemplo, o jequitibá, a garapa, o vinhático e a sapucaia.
É por lá que também encontramos um dos ícones da fauna brasileira, a onça-pintada. Além de bonita e imponente, a presença da onça indica a qualidade ambiental e o equilíbrio do ecossistema do PERD. Além disso, o número de espécies encontradas no parque corresponde a 50% de todas as aves registradas em Minas Gerais e 1/5 do total de espécies registradas no Brasil, sendo algumas bem raras e endêmicas, como os bicudos (Sporophila maximiliani), espécie reencontrada após 80 anos sem registro em Minas Gerais.
E a lista só aumenta. A unidade de conservação compõe o terceiro maior complexo de lagos do país e é reconhecida como Sítio Ramsar, por conservar zonas úmidas consideradas prioritárias na estratégia global de proteção da biodiversidade.
Uma das principais características do Rio Doce é a conexão com a comunidade do entorno, uma vez que diversas gerações cresceram tendo a unidade de conservação como referência, seja para lazer ou até mesmo financeira.
“O DNA do parque está marcado e notado pela presença da atuação-chave da comunidade do entorno. Para mim, o destaque fica para o envolvimento da sociedade que, preocupada com a conservação deste lugar, convenceu todas as instâncias – religiosa e do Estado – a criar uma unidade de conservação, a primeira instituída por Minas Gerais”
contextualiza o gerente do parque, Vinicius de Assis Moreira.
O Parque Estadual do Rio Doce possui estrutura para controle, acolhimento e hospedagem de visitantes e está aberto de terça a domingo, das 8h às 17h, com entrada permitida até às 15h.
Com informações da Ascom/Sisema
Entrevista com Guilherme F. Dutra
Não à toa o território marítimo brasileiro é conhecido como a Amazônia Azul. Com uma extensão superior à 8.500 km e 5,7 milhões de km2, a nossa Zona Marinha Costeira contempla 443 municípios e representa 1/5 do PIB Nacional, de acordo com dados do Sumário para Tomadores de Decisão do 1o Diagnóstico Brasileiro Marinho-Costeiro sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos.
Neste território são exercidas atividades socioeconômicas de grande relevância como a pesca e aquicultura, indústria naval, óleo e gás, portos e transporte marítimo, turismo, biotecnologia, esportes náuticos, cultura popular, culinária, entre outros.
Para além da dimensão territorial e socioeconômica, nossa Zona Marinha Costeira também abriga uma biodiversidade incomparável, com mais de 1300 espécies de peixes, mais de 50 de mamíferos, outras mais de 60 de aves, quase 2 mil espécies de moluscos e mais de 100 de corais de águas profundas.
Um conjunto que confere aos nossos ecossistemas marinhos-costeiros o papel crucial de proteção da linha de costa contra tempestades, ressacas, erosão costeira e elevação do nível do mar.
Diante de tamanha importância e relevância no cenário nacional e mundial, o Brasil se uniu a outros diversos países e iniciou, ainda que tardiamente, o seu Planejamento Espacial Marinho (PEM). O PEM tem o intuito de estabelecer um ordenamento das atividades humanas no mar e promover o uso sustentável do oceano. Capitaneado pela Comissão Interministerial dos Recursos do Mar (CIRM), é um instrumento público, multissetorial, operacional e jurídico que almeja garantir a soberania e a governança da Amazônia Azul.
Guilherme F. Dutra, consultor em conservação marinha e pesquisador associado ao Ekos Brasil, explica que o PEM faz com que a agenda marinha deixe de ser tratada de forma separada pelos diversos setores e passe a ser uma agenda de planejamento multissetorial.
“Basicamente, o PEM se propõe a pegar as bases de informações disponíveis de todos os setores, cruzá-las, entender áreas de conflitos e oportunidades, propor soluções e ações convergentes e, ao mesmo tempo, fazer projeções para o futuro, em diferentes escalas temporais”, explica.
Apesar do grande interesse do país em avançar com o PEM tendo em vista nossas oportunidades econômicas para a transição energética, a concretização do planejamento enfrenta alguns desafios de caráter técnico, social e político.
Dutra ressalta que existem lacunas de conhecimento sobre o ambiente marinho, especialmente nas regiões Nordeste e Norte do país, sendo necessário o levantamento de dados primários. Outro desafio é equilibrar a participação social, particularmente de setores que envolvem muitas pessoas e são menos articulados. “Temos cerca de 1 milhão de pescadores, sendo uns 700 mil no mar. Como trazê-los de forma mais ativa para a discussão? A mesma coisa com o turismo”. E ainda um desafio de caráter político, já que apesar do PEM ser uma agenda de Estado, a CIRM é formada apenas por representantes do governo.
Dutra ainda faz questão de mencionar a importância do PEM para a mitigação dos efeitos das Mudanças Climáticas.
“Temos a preocupação em trazer o tema da Mudança do Clima para o planejamento, com um olhar de adaptação mesmo. Entender e ajustar ao máximo as modelagens de cenários futuros, para enfrentar essa realidade”.
A expectativa é que o PEM seja concluído em um período entre 3 a 4 anos. A Região Sul já iniciou o trabalho, Sudeste e Nordeste estão em fase de seleção e contratação de parceiros técnicos, e para a Região Norte ainda busca-se recursos para a execução do PEM.
“Historicamente, somos um país que olha muito pouco para o oceano, apesar de grande parte do nosso território ser marinho. Por isso, esperamos que o PEM sirva para ampliar essa visão sobre o oceano, sua importância para o nosso país e para a adaptação às Mudanças Climáticas”, conclui Dutra.
O Instituto Ekos Brasil agradece ao especialista Guilherme F. Dutra pela entrevista concedida.
Desde 2022, o mercado voluntário de carbono vem sofrendo críticas que envolvem a integridade dos créditos de carbono. Alguns casos, infelizmente, abarcaram projetos no Brasil e despertaram o interesse da mídia.
Após os relatos, a Verra, maior certificadora mundial de créditos de carbono, apertou o cerco, fez revisões em sua metodologia e vem fechando algumas lacunas em seu standard para evitar novas crises. O processo de verificação, por exemplo, ficou mais moroso, mas o escrutínio maior tem sido visto com bons olhos pelo mercado.
Como isso tem impactado as organizações brasileiras que desenvolvem projetos de créditos de carbono? O que elas estão fazendo para reforçar a integridade dos créditos?
Convidamos alguns proponentes de projetos do Programa Compromisso com o Clima para dialogar sobre essas questões.
“As críticas vêm para sanear o mercado, para separar o ‘joio do trigo’ e levantar a régua dos projetos. E temos que nos adaptar a isso: melhorar os projetos, metodologias, análises sociais etc.”
explica Diego Serrano, sócio e diretor técnico da BrCarbon.
A diretora de inteligência e engajamento da Biofílica, Annie Groth, também acredita que o mercado voluntário tem muitas lições aprendidas e reforça a importância da qualidade técnica da sua equipe interna para o enfrentamento dessa crise. “Temos engenheiros florestais, biólogos, agrônomos e especialistas em solo, além de um time de dez pessoas só para a parte geológica, para entender a questão fundiária que, para o Brasil, a gente acha que é um dos pontos principais de integridade dos projetos”.
Na BrCarbon a questão fundiária também é vista como um grande ponto de atenção no desenvolvimento dos projetos. Serrano contou que de 2020 a 2023 a empresa analisou 3 mil imóveis na Amazônia para direcionar essas áreas potenciais.
“Contratamos três empresas de advocacia especializadas em questão fundiária no Norte, ou seja, locais, para fazer análise fundiária dos imóveis. Dos 3 mil, conseguimos emplacar 28 imóveis depois da auditoria”
conta.
Além disso, relata que, no trabalho de campo, também já aconteceu de entrevistar comunitários que não sabiam da existência dos projetos de carbono e, por isso, a empresa tem um trabalho muito sério de envolvimento das comunidades.
“A maior equipe da empresa é social. Além disso, usamos um segundo standard que é o Climate, Community and Biodiversity (CCB) para medir justamente biodiversidade e comunidade. Assim, garantimos que estamos, de fato, investindo em demandas da comunidade como saúde, educação, regularização fundiária”, completa Serrano.
Groth, da Biofílica, ressalta a importância de trabalhar junto a órgãos públicos para avançar em políticas públicas. “Fazemos inteligência de mercado para entender as expectativas e temos uma equipe dedicada a atuar junto aos órgãos públicos”.
Biofílica e BrCarbon são apenas duas das proponentes de projetos com iniciativas selecionadas pelo Programa Compromisso com o Clima.
Os projetos e seus proponentes, selecionados em cada ciclo do nosso programa, são submetidos à avaliação de elegibilidade, avaliação socioambiental e avaliação jurídica. Após a integração dos projetos escolhidos na plataforma Ekos Social, as empresas conseguem negociar diretamente com os proponentes de projetos suas demandas de compensação, já com o aval de que os projetos são de alta integridade.
Por isso, nosso programa vem ganhando destaque no mercado brasileiro e já conta com o apoio institucional de grandes empresas de diferentes segmentos.
Desde a promulgação da Constituição Federal, em 1988, a Mata Atlântica é reconhecida como um Patrimônio Nacional. Mas foi apenas 18 anos depois, em 2006, que esse bioma diversificado, de vegetação abundante e habitat de espécies endêmicas e ameaçadas de extinção, ganhou uma lei para garantir sua proteção.
Para a ONG SOS Mata Atlântica, a Lei da Mata Atlântica é uma importante aliada na sustentação das ações de recuperação da mata, proteção das espécies, dos recursos hídricos e garantia dos serviços ambientais prestados pelo ecossistema.
No entanto, diante de tantas ameaças, são necessários outros aliados. A Mata Atlântica abriga, hoje, a maior parte da população brasileira (70%) em um vasto território que vai do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, e avança do litoral para o interior e, por isso, é impactada por desmatamentos, expansão das cidades e da agropecuária, além de eventos naturais extremos decorrentes das Mudanças Climáticas.
Neste contexto, um outro aliado importante na missão de proteção do bioma é a existência das 1.736 Unidades de Conservação, federais, estaduais e municipais, segundo dados do Painel de Unidades de Conservação Brasileiras.
As UCs abrigam as grandes porções de áreas protegidas da Mata Atlântica, berços para espécies endêmicas e até mesmo ameaçadas de extinção, além de manter os serviços ecossistêmicos prestados pela floresta, como a regulação do clima, proteção de nascentes, a polinização de cultivos, a qualidade do solo, dentre tantos outros benefícios.
Outro aspecto fundamental das UCs é o potencial que oferecem para a pesquisa científica e a educação ambiental. Ao proporcionar espaços para estudos e atividades educativas, essas áreas protegidas contribuem para a formação de uma consciência ambiental mais sólida e para o avanço do conhecimento sobre a Mata Atlântica, auxiliando na formulação de políticas e estratégias de conservação mais eficazes.
Contudo, uma recente pesquisa da UNESP de Rio Claro, apontou que apenas 8,4% da vegetação remanescente está abrigada em unidades de conservação (considerando vegetação florestal em áreas protegidas, ano de 2020) e 1,5% de vegetação florestal em terras indígenas. Maurício Vancine, doutorando em Ecologia, Evolução e Biodiversidade, um dos autores do estudo, ressalta que é um percentual baixo diante dos 30% previstos como meta de conservação mundial.
A pesquisa, publicada no periódico Biological Conservation e intitulada “The Atlantic Forest of South America: spatiotemporal dynamics of vegetation and implications for conservation“, ainda traz outro dado bastante interessante sobre a fragmentação do bioma.
“A Mata Atlântica é um grande retalho, é pulverizada, isso porque 97% dos fragmentos do bioma têm menos de 50 hectares. E, ainda, 70% deles estão há mais de 10 km de distância das Unidades de Conservação”
destaca Vancine.
O pesquisador ainda comenta o importante papel das Reservas Particular do Patrimônio Natural (RPPNs) para a proteção desses pequenos fragmentos e essenciais para diminuir o isolamento entre os grandes fragmentos, como as UCs. “As RPPNs são fundamentais na Mata Atlântica para manter a conectividade dessas áreas (fragmentadas)”, explica.
Por isso, defende o fomento de RPPNs como forma de aumentar a conservação do bioma. “Outro caminho são os Pagamentos por Serviços Ambientais para que os produtores mantenham a floresta em pé e ainda iniciativas de restauração passiva e ativa”, completa.
É verdade que a Mata Atlântica ganhou aproximadamente 1 milhão de hectares desde a promulgação da Lei em 2006. No entanto, a fragmentação da vegetação é uma realidade comprovada pela Ciência. Neste cenário, a manutenção, a gestão e a criação de novas Unidades de Conservação têm um papel imprescindível para a continuidade do bioma.
“É difícil imaginar que nossa sociedade ainda precise desmatar o pouco que resta da Mata Atlântica (menos de 20% de sua cobertura original) para praticar suas atividades econômicas e sociais. A continuidade do desmatamento desse bioma e seus ecossistemas associados é indefensável. A existência de unidades de conservação em muito ajuda a não perdermos mais biodiversidade, mas ainda há áreas de significativa importância a serem protegidas como unidades de conservação e toda a sociedade deve se unir nesse esforço tão importante e estratégico. Cabe a todas as esferas de governo e à sociedade impulsionar a criação dessas novas UCs”
completou Maria Cecília Wey de Brito, diretora de relações institucionais do Instituto Ekos Brasil.
Nessa terça-feira (23), em Brasília, foi realizada a 1ª reunião do Observatório do Meio Ambiente e das Mudanças Climáticas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
O Observatório é coordenado pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Antônio Herman Benjamin e formado por entes do governo, da academia e da sociedade civil, entre eles a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, em inglês), representada pela atual presidente do Comitê de Membros Brasileiros e diretora de relações institucionais do Instituto Ekos Brasil, Maria Cecília Wey de Brito.
Maria Cecília explica que o Observatório é um instrumento de relevância para o acompanhamento, a garantia, a promoção e a proteção do Meio Ambiente no âmbito do sistema de justiça, e consolida-se como um espaço de democratização do Poder Judiciário e de diálogo permanente e qualificado com a sociedade civil.
Além dos ministros e ministras presentes, entre eles o presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, estiveram na reunião o Dr. Carlos Nobre, que falou sobre os desafios da Amazônia, e a Dra. Mercedes Bustamante, que explanou sobre as problemáticas do Cerrado.
ICMBio realiza oficina de trabalho para avançar na criação de Unidades de Conservação Federais.
Nos dias 18 e 19 de abril foi realizada, em Brasília, a Oficina para elaboração das contribuições da Sociedade Civil para a Estratégia e Planos de Ação Nacionais de Biodiversidade (EPANB). A iniciativa está em linha com as atividades do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças do Clima de incorporar de forma efetiva, no âmbito do Brasil, os objetivos e metas do Acordo de Kunming-Montreal, que estabelece o Novo Marco Global de Biodiversidade (GBF) até 2030.
As 23 metas foram trabalhadas pelos participantes, que sugeriram melhorias no texto, listaram políticas, instrumentos e programas que interagem com as metas e, indicaram ações que consideraram necessárias para que as metas sejam alcançadas.
Na abertura do evento, o Diretor do Departamento de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade, Braulio Dias, sintetizou o processo em curso e indicou que a meta do MMA é de ter o plano finalizado até junho. Braulio lembrou que já houve uma consulta eletrônica aberta para a proposta brasileira e que ocorrerão ainda algumas consultas setoriais, inclusive uma mais ampla às organizações não governamentais.
Maria Cecilia, Diretora de Relações Institucionais do Instituto Ekos Brasil, entende que a iniciativa conduzida pelas ONGs é essencial, e que poderá apoiar efetivamente o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas a acelerar a aplicação das políticas públicas já existentes e editar novos regramentos importantes para a conservação e uso sustentável da biodiversidade.
O evento foi organizado pela Rede Brasileira de Jovens pela Biodiversidade e teve na fase de preparação técnica o envolvimento de WWF Brasil, The Nature Conservancy Brasil e Conservação Internacional Brasil.
ICMBio realiza oficina de trabalho para avançar na criação de Unidades de Conservação Federais
Conversamos com Eliane Chim, doutoranda pela Universidade de São Paulo que desenvolve sua pesquisa em sítios arqueológicos do Brasil, sendo alguns deles no Peruaçu.
Uma única visita ao Parque Nacional Cavernas do Peruaçu é suficiente para encantar-se com as belezas naturais da Unidade de Conservação e surpreender-se com as riquezas arqueológicas que o parque nos reserva. Não há quem não se impressione diante das pinturas rupestres e não se admire com as cores, os detalhes e a preservação milenar dos desenhos.
Por isso mesmo, o Parque também é um verdadeiro santuário para arqueólogos do Brasil e do mundo. São pelo menos 120 sítios arqueológicos no Peruaçu, dos quais apenas três foram escavados, sendo um deles o Boquete, um dos mais antigos do Brasil.
Para conhecer um pouco mais sobre suas singularidades arqueológicas, conversamos com a arqueóloga Eliane Chim, doutoranda pela Universidade de São Paulo, que atualmente reside na Alemanha para concluir uma etapa do doutorado.
Eliane desenvolve sua pesquisa em sítios arqueológicos do Brasil, sendo alguns deles no Peruaçu, onde é responsável pela datação dos grafismos rupestres e pela coleta de materiais para análise utilizando técnicas de vanguarda, da chamada ‘microarqueologia’, com o intuito de produzir novas datações utilizando técnicas modernas.
“Fui trabalhar no Peruaçu porque é um lugar que conjuga informações de diversos períodos cronológicos e é muito difícil ter um sítio arqueológico com datações sequenciais de milhares de anos (como tem o Boquête, dentro do Parque)”
Mas, cientificamente, o que torna o Peruaçu tão relevante para a pesquisa arqueológica? Eliane explica que sua relevância está justamente na profundidade das ocupações humanas, na preservação excepcional dos materiais arqueológicos perecíveis e na arte rupestre.
São aproximadamente 14 mil anos de ocupações humanas. Em pesquisas desenvolvidas no século XX, pela Universidade Federal de Minas Gerais, no Peruaçu, foram exumados doze esqueletos, seis no Boquête e cinco no Abrigo do Malhador.
“Um dos sepultamentos encontrados no Boquete (chamado de Sepultamento 4) surpreendeu pelo grau de preservação – foi mumificado por condições naturais. Ainda foi encontrado coprólito (fezes fossilizadas) em seu intestino e tinha tecidos moles preservados, como pele e tendões, bem secos. Na análise do coprólito, foram encontrados parasitas que causam doença de Chagas. Um sepultamento de cerca de 600 anos”, enfatiza a arqueóloga.
Outra raridade encontrada no Peruaçu são materiais perecíveis muito preservados como cestos feitos de palha datados de aproximadamente mil anos, sabugos de milho, dentre outras substâncias vegetais. A arqueóloga explica que as plantas encontradas nas escavações também surpreendem porque indicam, por exemplo, o cultivo de plantas domesticadas na região como a cabaça e a mandioca há 4 mil anos, e milho, feijão, amendoim e abóbora, há 2 mil anos.
“Além disso, os grafismos rupestres do Peruaçu são exuberantes. Existem grafismos para todos os gostos, pinturas mais escondidas, outras destacadas como as da Lapa dos Desenhos, sem contar aquelas do Caboclo que são vibrantes e parecem que foram pintadas ontem, mas têm centenas ou milhares de anos”
Parte da pesquisa de Eliane é desvendar a cronologia dos grafismos, ou seja, compreender se existe uma lógica ou uma ordem temporal na realização das pinturas. “O spoiler que posso dar é que pensávamos que as pinturas eram mais recentes e estamos encontrando resultados surpreendentemente mais antigos”, revela.
Para Eliane, é um privilégio poder olhar para esses vestígios humanos guardados e escondidos há milhares de anos. Por isso, demonstra uma genuína preocupação com as mudanças climáticas e seus impactos na preservação dos materiais arqueológicos. “Mudanças na umidade, na precipitação, alterações bruscas de temperatura, tudo isso afeta a preservação dos vestígios e, sobretudo, as pinturas expostas nas paredes”.
O Instituto Ekos Brasil tem uma longa história junto ao Parque Nacional Cavernas do Peruaçu e compreende bem a importância da conservação de suas riquezas naturais e arqueológicas. Por isso, agradecemos o trabalho dos pesquisadores, em especial da pesquisadora Eliane Chim, além de sua disponibilidade para esta entrevista.
A pesquisadora é bolsista da FAPESP (Processo 2020/04402-0) e as pesquisas no Peruaçu começaram a ser desenvolvidas em 2019, também com apoio financeiro da FAPESP (Processo 2018/15914-4), em projeto coordenado pelo professor André Strauss, do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP.
No Peruaçu, são três linhas principais de atuação: a datação dos grafismos rupestres, uma reescavação da Lapa do Boquete e as escavações no Abrigo do Malhador (em colaboração com a Dra. Maria Jacqueline Rodet, da UFMG).
Em 2017, o Ekos Brasil assinou um Acordo de Cooperação (AC) com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) – gestor da unidade – em atendimento à chamada de um edital para apoiar e desenvolver atividades de gestão e uso público do PNCP, previsto no Plano de Manejo da unidade.
Em 2022, o escopo de trabalho do Programa Peruaçu foi reestruturado e o Ekos Brasil passou a auxiliar o com: o apoio à gestão do Parque e da APA Cavernas do Peruaçu; apoio à Ciência; Promoção de negócios socioambientais; Crise Climática e Segurança Hídrica; Educação Ambiental e valorização da natureza e história associada a essa região; e Fortalecimento da Governança. E em março de 2023, em continuidade ao trabalho que vem sendo desenvolvido juntamente ao ICMBio, o Ekos assinou um novo AC, com novos objetivos e trabalhos a serem realizados.