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Afinal, mais da metade dos rios do Brasil estão secando?

Afinal, mais da metade dos rios do Brasil estão secando?

Professor Ricardo Hirata.
Arquivo pessoal, professor Ricardo Hirata.

Para o Dia Mundial da Água, trazemos uma entrevista com o professor Ricardo Hirata, professor titular da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Projeto SACRE | Soluções integradas de água para cidades resilientes. O professor explica os desafios da gestão de águas subterrâneas no Brasil e o problema crônico com poços irregulares. E ainda comenta o recente artigo científico sobre a superexploração das águas subterrâneas e o comprometimento da vazão dos rios que ganhou a mídia com um título duvidoso.

Confira a entrevista. 

1.   Por que a gestão de águas subterrâneas é um problema do Brasil e do mundo?

Por que a gestão de águas subterrâneas é um problema do Brasil e do mundo?
Fonte: Canva.

As águas subterrâneas ainda são uma grande desconhecida da sociedade, mesmo daqueles que têm a responsabilidade pela gestão dos recursos hídricos. É um problema mundial a tal ponto que a Unesco declarou, em 2022, o ano da água subterrânea com o mote: “tornar visível o invisível”.

Esse desconhecimento não somente traz problemas, como o da superexplotação – quando se extrai mais do que a capacidade de recarga, mas também acoberta as oportunidades que estas águas subterrâneas podem oferecer para a sociedade, para a economia e para o ambiente, sobretudo em um mundo sofrendo por problemas causados pela falta de água de qualidade e de baixo custo.

2.   E qual a importância dessas águas subterrâneas para a manutenção dos nossos rios?

Um dos principais serviços ecológicos que os aquíferos nos oferecem é a manutenção da água em rios e em áreas úmidas, como pântanos e mangues. Dados da própria Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) mostra que 90% dos rios brasileiros têm relação hidráulica e dependência dos aquíferos.

Dessa forma, o gerenciamento dos recursos hídricos tem que considerar os aquíferos como parte (efetiva) do ciclo hidrológico, e não há como ter um uso responsável e sustentável das águas sem considerar os aquíferos, onde encontram-se 97% da água doce e líquida do planeta.

A potencialidade de problemas causado pela extração de poços é um alerta para que os gestores ambientais e de recursos hídricos olhem essas regiões com atenção e peçam estudos de detalhe, comprovando ou não o impacto.

3.   Qual é a extensão do problema de poços irregulares de águas subterrâneas no Brasil?

Qual é a extensão do problema de poços irregulares de águas subterrâneas no Brasil?
Fonte: Canva.

No Brasil, acredita-se que 80% dos poços tubulares (os chamados artesianos ou aqueles perfurados com uma sonda) são irregulares ou desconhecidos.

Nosso país é o 8º maior usuário de água subterrânea e o seu uso se faz por autorização dada pelo Estado, através de mecanismos de outorga.

Embora a irregularidade dos poços esteja diminuindo, sobretudo em estados como São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco e Ceará, a irregularidade é regra e isso dificulta uma gestão adequada. Afinal, como é possível gerenciar um recurso quando a maior parte dos seus usuários é irregular ou clandestina?

4.   Em recente artigo publicado na Nature Communications, cientistas brasileiros e estrangeiros alertam para o comprometimento da vazão dos rios no Brasil em decorrência da superexploração de águas subterrâneas. Qual a sua opinião sobre este estudo?

Acho que, como a maioria dos pesquisadores, eu tomei conhecimento desse artigo por meio da mídia, que deu um grande destaque à pesquisa. O que mais chamou a atenção foi o título da reportagem, que afirmava que mais de 50% dos rios estavam secando. Assim, o título ganhou o mundo, mais que o artigo em si.

O trabalho de Gescilam e colaboradores têm muitos méritos. Um deles é usar um conceito e um método simples e ser baseado em dados existentes. É um trabalho de reconhecimento regional e mostra que há potencialidade de impacto da explotação de aquíferos em rios. No entanto, o estudo precisa ser aprofundado e os resultados confirmados com estudos locais.

Uma análise cuidadosa do artigo original, mostra, contudo, que a pesquisa: i) não teve uma abrangência tão ampla, mas sim nas áreas onde há poços com dados suficientes, e ii) que há risco potencial e não necessariamente uma afirmação de que os rios estão efetivamente secando, como induz o título das matérias jornalísticas, mas não o artigo.

O fato de os níveis de poços serem mais baixos que o rio, não necessariamente representa o seu secamento.

Mostra que há potencial de fluxo do rio para o aquífero, mas outros fatores têm que entrar em jogo, inclusive:

·   Quanto de água se está retirando do aquífero (em relação a vazão do rio), através do bombeamento;

·   Isolamento entre o rio-aquífero (condutância);

·   Períodos de maior e menor extrações em relação às vazões sazonais do rio etc.

Assim, o fato de poços terem níveis menores que um rio nas redondezas (no artigo os autores usaram 1 km de distância) não se traduz em problema ao rio ou ao aquífero. Aliás, usar parte da água que flui em um rio para abastecer um poço em sua margem é uma técnica que se chama riverbank filtration e é muito usada desde o final do século XIX na Alemanha e Inglaterra, e ajuda a aumentar a vazão dessas obras.

Outro viés do trabalho é que ele é apoiado onde há poços reportados no cadastro do Serviço Geológico do Brasil e esses geralmente se encontram onde há maior necessidade de água, ou seja, onde há explotação e consequentemente onde há interferências hidráulicas e rebaixamentos. O estudo considerou dados de 146 mil captações, dos quais os autores selecionaram 17,9 mil poços.

Um estudo que o nosso grupo do CEPAS|USP fez para o Instituto Trata Brasil em 2019 estimou a existência de 2,5 milhões de poços tubulares. Hoje, acreditamos que já estamos em 3 milhões de obras. Assim, o banco de dados – que ademais são incompletos, cobre apenas 5% do total de poços. Extrapolar isso para todo o país ou para todos os rios é um erro induzido pelo título.

Caso tivéssemos os dados de todos os poços poderíamos observar resultados melhores, uma assertividade maior e quem sabe os resultados poderiam mostrar uma situação diferente da observada. Não saberia nesse momento dizer se pior ou melhor.

Mas o alerta é válido pois a metodologia é sólida e os resultados consistentes, desenvolvido por uma equipe muito boa.

Fato é que a relação rio-aquífero ainda é tema pouco estudado no mundo, e particularmente pelo país. A boa gestão dos recursos hídricos passa por esse entendimento. Dada a complexidade dos estudos hidrogeológicos, as áreas onde há mais perigo de ocorrência de problema, ou seja, onde há maior densidade de extração, deveríamos estudar com detalhes para comprovar os reais impactos e depois, resolvê-los.

Para saber mais sobre o projeto SACRE | Soluções integradas de água para cidades resilientes, acesse:

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Como o mercado regulado de carbono pode acelerar Gestão Climática e ESG na sua empresa?  

Como o mercado regulado de carbono pode acelerar Gestão Climática e ESG na sua empresa?

A criação do mercado regulado de carbono no Brasil se mostra essencial para que o país consiga atingir suas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa estabelecidas na Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, em inglês).

No entanto, a sua implementação não significa uma disrupção apenas para o setor público. Ao incentivar a descarbonização e precificar as emissões, o mercado regulado também promete estremecer o setor empresarial, reservando bônus para aqueles negócios comprometidos com a redução das emissões e penalizando quem não o fizer. 

Para atender a lei interna e ao mercado externo, as empresas serão pressionadas a mudar estratégias de gestão climática e ESG. 

Afinal, quem vai querer ficar de fora de um mercado que pode gerar movimentar até US$ 100 bilhões até 2030? 

Neste artigo mostramos que o processo de implementação do mercado regulado pode levar em média 5 anos. 

Por onde começar para integrar a descarbonização à sua estratégia ESG? 

Como o mercado regulado de carbono pode acelerar Gestão Climática e ESG na sua empresa?  
Fonte: Canva.

1. Avaliação e Diagnóstico

O primeiro passo é quantificar as emissões reguladas. Para isso, as empresas devem elaborar um inventário de emissões, considerando o Escopo 1 (emissões diretas de processos produtivos e consumo de combustíveis fósseis, como, por exemplo, exemplo: caldeiras, fornos, frotas próprias); e o Escopo 2 (emissões indiretas pelo consumo de energia elétrica). Ter um inventário robusto permitirá compreender as emissões da empresa e antecipar os impactos financeiros da regulação.

2. Redução de Emissões nos Escopos Regulados

Com base no diagnóstico, a empresa deve estruturar planos de descarbonização, priorizando ações dentro dos escopos regulados, tais como:
Eficiência energética: atualizar processos industriais e adotar tecnologias mais eficientes.
Substituição de combustíveis: reduzir o uso de combustíveis fósseis em processos produtivos.
Otimização de processos: melhorar fluxos operacionais para reduzir consumo de energia e insumos.
Redução de desperdícios: adotar medidas para minimizar perdas no uso de matérias-primas e insumos energéticos.

3. Adaptação à Regulação e ao Mercado de Créditos

A conformidade com o SBCE exigirá que empresas monitorem o limite de emissões estabelecido e tomem decisões estratégicas como reduzir emissões para minimizar a necessidade de compra de permissões no mercado regulado e, caso necessário, negociar permissões dentro do sistema para evitar penalizações. Além de acompanhar a regulamentação sobre a possível integração entre o mercado regulado e o mercado voluntário de carbono.

4. Estruturação da Governança Climática

A regulamentação trará novas obrigações para as empresas, tornando essencial a integração do tema na governança corporativa. Vale ficar atento para criar métricas e indicadores internos para acompanhar a performance de emissões, além de incluir metas de carbono na estratégia da empresa. Outra boa prática é capacitar equipes para adaptação às regras do mercado regulado.

5. O Papel do Mercado Voluntário

Embora o mercado voluntário de carbono não substitua a necessidade de redução dentro do SBCE, ele pode ser útil como uma estratégia de transição. Empresas podem utilizar o mercado voluntário para compensar emissões residuais enquanto implementam mudanças estruturais e aprimorar sua experiência em negociação de créditos antes da entrada definitiva no mercado regulado. A experiência com o mercado voluntário também pode servir para obter uma prévia da precificação do carbono, analisando como a compra e venda de créditos impactam financeiramente a organização.  

A regulamentação do mercado de carbono no Brasil mudará a forma como as empresas gerenciam suas emissões. Estruturar um plano de descarbonização estratégica será essencial para evitar custos elevados e se manter competitiva.

Conte com o Instituto Ekos Brasil para apoiar sua estratégia de sustentabilidade corporativa. Somos especialistas em alinhar iniciativas sociais, ambientais e de governança a partir de uma metodologia inovadora.

Projeto Campestres do Rio Doce desenvolve estudos para conservação de espécies ameaçadas de extinção da Bacia do Rio Doce

Projeto Campestres do Rio Doce desenvolve estudos para conservação de espécies ameaçadas de extinção da Bacia do Rio Doce

A exuberância da natureza do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, na Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais (foto), demonstra bem a importância do projeto Campestres do Rio Doce: estudos ecológicos para conhecer e conservar espécies ameaçadas da Bacia do Rio Doce, desenvolvido pelo Instituto Ekos Brasil, em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e o Instituto Inhotim de Minas Gerais

O foco da iniciativa está na conservação da diversidade botânica local, no fomento a pesquisas e na implementação de ações voltadas para o conhecimento de espécies campestres raras, endêmicas e ameaçadas de extinção na Bacia em questão. 

Os estudos envolvem a compilação de dados de espécies vegetais existentes, bem como a coleta em campo de novos dados, com o objetivo de gerar conhecimento sobre a atual distribuição dessas espécies e, em cenários de mudanças climáticas futuras, suas características evolutivas e funcionais, a capacidade de se dispersarem e recolonizarem áreas degradadas, bem como a capacidade de germinação e crescimento das espécies-alvos em diferentes cenários.

Os conhecimentos gerados por esses estudos servirão de base para definir estratégias de conservação da biodiversidade adotadas por diversos setores da sociedade, incluindo instituições governamentais e não governamentais. Tais estudos podem embasar a criação de políticas públicas e leis que fortaleçam a conservação das espécies raras e ameaçadas de extinção da Bacia, bem como a criação de Unidades de Conservação adequadas para proteger essas espécies.

O projeto tem duração de 2 anos e recebe recursos advindos do Projeto Biodiversidade Rio Doce, que tem por principal objetivo incrementar o conhecimento das espécies-alvo da bacia do rio Doce, por meio de pesquisas científicas que subsidiarão as ações de recuperação e conservação previstas nos Planos de Ação para a Conservação da Biodiversidade Terrestre e Aquática na bacia do rio Doce.

Em breve, vocês poderão acompanhar mais sobre o projeto por aqui!

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Ekos Brasil e NICOLE Latin America participam de evento da FAO em Trinidad e Tobago sobre poluição do solo em plantações de cacau

Ekos Brasil e NICOLE Latin America participam de evento da FAO em Trinidad e Tobago sobre poluição do solo em plantações de cacau

Em 27 e 28 de janeiro, o Instituto Ekos Brasil esteve em Trinidad e Tobago, na University of West Indies (UWI) – St. Augustine, para participar de um workshop organizado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) sobre o tema “Análise e mitigação da poluição do solo em plantações de cacau na América Latina e no Caribe”. Ana Cristina Moeri, nossa diretora-presidente, Luciana Ferreira, secretária executiva da rede NICOLE Latin America, e Sasha Hart, presidente do setor acadêmico da rede NICOLE e consultor do projeto, representaram a nossa organização. 

“O evento envolveu um grande número de especialistas de diversas nacionalidades comprometidos com boas práticas para a mitigação da poluição do solo. E o Ekos Brasil, em parceria com a rede NICOLE Latin America e a rede NICOLE, na Europa, levou sua contribuição de alto nível para duas regiões produtoras de cacau: Trinidad e Tobago e o sul da Bahia”

destacou Luciana.

No primeiro dia, Brasil, Colômbia, Equador, Venezuela, Jamaica e Trinidad e Tobago se revezaram em apresentações de projetos que englobam medidas de redução de riscos para a produção segura de cacau, considerando especialmente o potencial de contaminação do solo por metais pesados nestas áreas. Sasha Hart apresentou os resultados preliminares do projeto do Ekos Brasil para a FAO, incluindo os resultados já obtidos nas amostragens para Trinidad e Tobago, bem como os próximos passos e recomendações. Já Ana Moeri mostrou as impressões iniciais, informações obtidas e os próximos passos e recomendações para o projeto no sul da Bahia.

No segundo dia, o diálogo foi dedicado às estratégias para remediação da poluição do solo, com o protagonismo de Lucia Buve (NICOLE; NICOLE Foundation), Sasha Hart (Instituto Ekos Brasil; NICOLE Latin America) e Ruth Pereira (Universidade do Porto), esta última com apresentação virtual.

Por fim, de forma complementar a este evento, no dia 29 de janeiro também ocorreu uma ação do “Soil Doctors Programme”, um programa da FAO voltado a capacitar produtores (fazendeiros) quanto à gestão sustentável do solo. Essa ação, em particular, foi direcionada especialmente aos produtores de Trinidad, incluindo produtores de cacau, além de outros cultivos. Neste terceiro dia, participou da equipe Ekos apenas Sasha Hart, apoiando a ação.

Confira as fotos! 

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Mercado Regulado de Carbono avança. 

O que você precisa saber para preparar a sua empresa.

Mercado Regulado de Carbono avança. 

O que você precisa saber para preparar a sua empresa.

À medida que o Mercado Regulado de Carbono avança no Brasil, as empresas sentirão, cada vez mais, a necessidade de integrar estratégias climáticas aos seus negócios. O primeiro passo para isso é compreender a fundo como o nosso país está se estruturando para a criação deste mecanismo financeiro de combate às mudanças climáticas.

Em 11 de dezembro de 2024, o governo sancionou a Lei 15.042, instituindo o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE). Com isso, foram lançadas as bases necessárias para a criação do mercado regulado e para um posicionamento mais enérgico no cenário global em relação ao comprometimento do Brasil com a crise climática. Este avanço sinaliza um estímulo maior à participação do setor privado na agenda de descarbonização, sendo um dos compromissos assumidos pelo Brasil em sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês).

Com maior segurança jurídica e a institucionalização de um mecanismo que propicia retornos financeiros para pessoas e empresas que realizam ações de descarbonização, o Mercado Regulado traz boas perspectivas. O Brasil possui um enorme potencial em termos de matriz energética limpa, regeneração florestal, manejo sustentável, agricultura regenerativa, entre outros.

De acordo com o site do Ministério da Fazenda, com a regulação, as reduções de emissões tornam-se ativos financeiros negociáveis, o que, por sua vez, atrai investimentos internacionais, impulsiona estratégias de conservação ambiental e fomenta formas alternativas de geração de renda.

Detalhes sobre o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE)

Fonte: Canva.

A implementação do SBCE será gradual, para evitar impactos bruscos na economia e conceder tempo necessário para a adaptação das empresas. As fases previstas são:

  1. Criação do órgão gestor e definição dos setores que serão regulados.
  2. Operacionalização do sistema de monitoramento, relato e verificação das emissões.
  3. Início das obrigações de apresentação de relatórios de emissões e planos de monitoramento, com fornecimento de dados para o Plano Nacional de Alocação.
  4. Primeiro ciclo de alocação das Cotas Brasileiras de Emissão (CBEs) e dos leilões.
  5. Implementação plena do mercado.

Essas fases devem durar cerca de cinco anos.

Como funciona o mercado regulado de carbono?

Fonte: Canva.

Atualmente, o Brasil conta apenas com o mercado voluntário de carbono, onde a adesão a um mecanismo de compensação é opcional. No mercado regulado, por outro lado, o país passa a contar com regulação e fiscalização das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) pelas empresas, aplicando penalidades a quem descumprir a lei.

Em linhas gerais, o Mercado Regulado de Carbono no Brasil seguirá a lógica do cap and trade, já adotada em diversos países. Isso significa que o governo estabelecerá metas de emissão de GEE para os setores contemplados na lei.

Nesse contexto, entra o comércio: empresas que ficarem abaixo do limite poderão vender as chamadas Cotas Brasileiras de Emissão (CBEs) para empresas que não atingirem suas metas, criando um incentivo financeiro e competitivo para que o setor privado adote práticas mais limpas e eficientes. As empresas que não atingirem as suas metas também poderão adquirir os Certificados de Redução ou Remoção Verificada de Emissões (CRVEs).

Desde 2017, o Programa Compromisso com o Clima, do Instituto Ekos Brasil, apoia empresas em suas estratégias de baixo carbono.

Estamos preparados para oferecer ao seu negócio:

  • Consultoria para adequação às novas regras do SBCE.
  • Conexão com projetos avaliados que geram créditos de carbono de alta integridade.

Com informações do Ministério da Fazenda.

Interessou? Entre em contato e traga sua empresa para o:

Parque Nacional Cavernas do Peruaçu pode ser declarado Patrimônio Mundial Natural pela UNESCO

O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu pode estar próximo de obter o cobiçado título de Patrimônio Mundial Natural pela UNESCO. Essa conquista poderá contribuir para uma maior divulgação das belezas naturais e das riquezas históricas e geológicas do Parque, além de fomentar o desenvolvimento sustentável na região do Norte de Minas Gerais.

O Governo Federal submeteu o dossiê técnico em fevereiro deste ano e, em outubro, uma missão de avaliação da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) visitou o Peruaçu, com a presença do professor José Bernardo Brilha. Atualmente, o processo aguarda uma avaliação da IUCN e, caso sejam solicitadas complementações, a equipe responsável poderá enviá-las até janeiro do ano que vem. A Assembleia de deliberação com o resultado está marcada para junho de 2025.

Buraco do Janelão | Foto: Instituto Ekos Brasil

Em entrevista exclusiva ao Ekos Brasil, Bernardo Issa, coordenador-geral de Gestão do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, explicou que todo patrimônio que se candidata à lista da UNESCO precisa comprovar seu Valor Excepcional Universal. Isso significa que deve ter um significado cultural e/ou natural que transcenda as fronteiras nacionais e tenha relevância para as gerações presentes e futuras da humanidade.

Issa detalhou que o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu foi inscrito em dois dos quatro critérios exigidos pela UNESCO para Patrimônios Naturais: o critério VII e o VIII.

  • Critério VII: Conter fenômenos naturais superlativos ou áreas de grande beleza natural e importância estética.
  • Critério VIII: Ser um exemplo representativo de etapas importantes da história da Terra, incluindo testemunhos de vida, processos geológicos que formam características geomórficas ou fisiográficas significativas.

A beleza do Peruaçu dispensa comentários. A caverna do Janelão possui largura e altura superiores a 100 metros, o que permite a entrada de luz solar e o desenvolvimento de vegetação em suas vastas câmaras. Na dolina dos Macacos, encontra-se a maior estalactite do mundo, a “Perna da Bailarina”, com cerca de 28 metros de comprimento. Além disso, são quase 500 cavidades catalogadas e mais de 114 sítios arqueológicos que registram ocupações humanas datadas de mais de 12.000 anos A.P., muitos com arte rupestre em excelente estado de preservação. Tudo isso em uma zona de transição ecológica entre os biomas do Cerrado e da Caatinga, com bolsões de Mata Atlântica.

Pinturas Rupestres | Lapa dos Desenhos | Foto: Instituto Ekos Brasil

Em termos de história e geologia, o Cânion do Rio Peruaçu é um dos exemplos mais notáveis do mundo de um vale cárstico, formado pelo colapso de antigas galerias. Com 17 quilômetros de extensão, o cânion abriga cavernas colossais, dolinas de colapso, diversos espeleotemas, arcos de calcário, pontes naturais e florestas de pedra.

Peruaçu: patrimônio espeleológico e exemplo de manejo

O Peruaçu é um patrimônio espeleológico de destaque no Brasil e no mundo, por sua formação e grandiosidade.

“A rocha matriz, o calcário que o originou, está estável desde que começou a se formar há cerca de 500 milhões de anos. Não se vê grandes dobramentos como era de se esperar em rochas tão antigas. As camadas estão dispostas como foram depositadas. Já o cânion se formou em um passado bem mais recente, desde cerca de 2 milhões de anos para cá, veio sendo escavado subterraneamente, até que mudanças climáticas alteraram o nível de base, gerando o abatimento do teto. O que vemos hoje, com essas grandes cavernas e dolinas, é o testemunho desse processo evolutivo único. É um retrato que preserva informações do passado”, explicou Issa.

Formação na Caverna Bonita | Peruaçu | Foto: Instituto Ekos Brasil

O Instituto Ekos Brasil atua no Peruaçu desde 2003, quando desenvolveu o Plano de Manejo do Parque, e mantém um Acordo de Cooperação com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) desde 2017, apoiando e desenvolvendo atividades de gestão e uso público. Por isso, a candidatura tem um significado especial e relevante para toda a equipe.

“Estamos muito felizes com esse avanço no processo de candidatura. O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu nos encanta todos os dias e merece esse reconhecimento. As comunidades ao seu redor também merecem e já compreendem que a conservação do parque é sinônimo de desenvolvimento sustentável para sua região e geração de renda para suas famílias”, destacou Jéssica Fernandes, coordenadora do Programa Peruaçu no Instituto Ekos Basil.

Caverna do Janelão | Foto: Instituto Ekos Brasil

De fato, o título de Patrimônio Mundial pode funcionar como um impulso ao desenvolvimento de uma região que ainda apresenta índices preocupantes de pobreza. Com o manejo sustentável do Parque, a economia local pode ser fortalecida ao mesmo tempo em que se conserva a riqueza da biodiversidade.

Issa destaca que o apoio na gestão, como o oferecido pela nossa organização, é “a cereja do bolo, que ajuda a reforçar a maturidade do processo de candidatura”. “O Peruaçu tem um sistema de gestão e conservação muito bem estruturado, com controle de acesso, Conselho Gestor e parcerias importantes, como a do Ekos Brasil. É um Parque de classe mundial em nível de manejo”, complementa.

Acompanhe nosso site e redes sociais para acompanhar o avanço da candidatura do Peruaçu a Patrimônio Mundial Natural da UNESCO.

COP16 vem aí. O que esperar?

COP da Biodiversidade (COP16). O que esperar?

COP16. A Conferência das Partes da Convenção da Diversidade Biológica (CDB), também conhecida como COP da Biodiversidade, é um evento global que reúne os países signatários da Convenção para dialogar e negociar a defesa da diversidade biológica. 

Negociada  em 1992, durante a Cúpula da Terra no Rio de Janeiro, a Convenção da Diversidade Biológica tem como objetivos centrais a conservação da biodiversidade, o uso sustentável dos recursos biológicos e a repartição justa dos benefícios resultantes dos  uso dos recursos genéticos.

O Instituto Ekos Brasil sempre acompanha de perto as COPs da Biodiversidade e, neste ano, também estaremos presentes na Colômbia, que sediará o encontro pela primeira vez. A seguir destacamos as expectativas para a COP16 e como nossa atuação institucional tem uma importante interseção com os temas da Convenção. 

O que esperar da COP16, a COP da Biodiversidade?

As COPs da Biodiversidade são realizadas a cada dois anos para avaliar o progresso de implementação da Convenção pelos países signatários, promover a troca de experiências, negociar acordos e definir diretrizes e programas para enfrentar os desafios e ameaças à biodiversidade global.

A última COP foi realizada em Montreal e aprovou o Marco Global da Biodiversidade. Este Marco estabelece uma missão, quatro objetivos e vinte e três metas a serem alcançadas até 2030 e tem o objetivo de promover ações urgentes para deter e inverter a perda da biodiversidade e promover a recuperação dos ecossistemas.

Por esse motivo, espera-se que a próxima COP da Biodiversidade (COP16), a ser realizada em Cali, na Colômbia, de 21 de outubro a 1º de novembro deste ano, estabeleça como se dará o monitoramento e reporte das ações relacionadas ao  Marco Global. E ainda, que avalie o grau de desenvolvimento e alcance das Estratégias e Planos de Ação Nacionais para a Biodiversidade (EPANBs) e traga avanços sobre a implementação de um mecanismo multilateral sobre a partilha justa e equitativa dos benefícios derivados da utilização de informação de sequência digital sobre recursos genéticos.

“A COP 16 poderá jogar mais luz nas oportunidades e desafios para a conservação e uso sustentável da biodiversidade no continente Sul Americano, um dos mais ricos em e diversidade biológica e com uma expressiva população de Povos Indígenas e outros Povos e Comunidades Tradicionais, reconhecidos como guardiões da biodiversidade. Temas como financiamento adequado para a região serão fundamentais para que as contribuições do nosso continente para as agendas da biodiversidade e das mudanças no clima tragam soluções efetivas”, destacou Maria Cecília Wey de Brito, Diretora de Relações Institucionais do Instituto Ekos Brasil.

Principais temáticas esperadas na COP16.

O Instituto Ekos Brasil e seu compromisso com a Biodiversidade

O Instituto Ekos Brasil tem desempenhado um papel fundamental na implementação de ações relacionadas aos objetivos da COP da Biodiversidade. Nos últimos anos, nossa organização tem acompanhado a retomada da agenda da COP pelo governo brasileiro, especialmente em quatro áreas.

1. Participação na consulta pública on-line e em várias reuniões (presenciais e virtuais) para a construção da nova proposta de Estratégia e Plano de Ação Nacional para a Biodiversidade (EPANB), que será levada pelo governo brasileiro à COP 16.

2. Apoio às Áreas Protegidas e Conservadas, reforçando a importância das parcerias público-privadas com os diferentes níveis de governo para implementação de Unidades de Conservação (UCs), a exemplo do nosso trabalho no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu e Parque Estadual do Rio Doce. Sobre esse aspecto, ressaltamos nossas ações no apoio à gestão dessas áreas, na discussão, definição e aplicação de indicadores de efetividade de gestão de UCs e no diálogo com o  ICMBio e outras ONGS para a priorização de criação de novas Unidades de Conservação federais. 

3. Restauração Ecológica de Ecossistemas, viabilizando projetos que procuram recuperar e restaurar áreas desmatadas, particularmente aquelas situadas dentro de Unidades de Conservação.

4. Aproximação das agendas de Mudanças Climáticas e de perda de Biodiversidade. O Programa de Adaptação climática no Cerrado e o Programa  Compromisso com o Clima do Ekos Brasil têm o potencial de aproximar as agendas de clima e biodiversidade, uma vez que projetos de restauração florestal, e mesmo de conservação, podem ampliar a disponibilidade de carbono para uso do mercado voluntário, contribuindo para aumentar a oferta de créditos de alta integridade, como são aqueles disponibilizados na plataforma do Compromisso com o Clima. 

Ekos Brasil na COP16

O Instituto Ekos Brasil estará presente na primeira semana da COP16. Vamos seguir as negociações e eventos paralelos (side events) sobre temas relacionados à Áreas Protegidas e Conservadas, Restauração Ecológica e Créditos de Biodiversidade. E acompanhar, na medida do possível, as posições do governo brasileiro e as posições da IUCN. 

Acompanhe nossas redes sociais para saber mais!

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Cerrado: das riquezas às ameaças

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Uma década do Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC) – e o nosso case de sucesso no Peruaçu

Cerrado: das riquezas às ameaças

Cerrado: das riquezas às ameaças

Quem já teve o privilégio de visitar o Cerrado testemunhou suas belas paisagens de “árvores retorcidas”, seus marcantes sabores presentes nos frutos tradicionais como o pequi, buriti, mangaba, cagaita, bacupari, cajuzinho do Cerrado, araticum e o baru. 

O seu complexo de formações vegetais inclui campos naturais, savanas, veredas, florestas e uma diversidade de habitats e de espécies de flora e fauna nativas, sendo muitas delas endêmicas, ou seja, que só encontramos neste território. E, claro, o lobo-guará, o tatu-canastra, o veado-mateiro ou tantos outros animais típicos da região dão um show à parte com suas cores e belezas únicas.

Foto lobo-guará. Fonte: Canva.

Considerado o “berço das águas”, lá estão as nascentes de 6 das 8 grandes bacias hidrográficas brasileiras, sendo que as do rio São Francisco abastecem praticamente 90% deste importante corpo d’água. Além disso, o Cerrado também alimenta três grandes aquíferos brasileiros.

Nesta importante região, que abrange 23% do território nacional, a riqueza também é social. No bioma estão presentes diversas etnias indígenas e comunidades tradicionais quilombolas, geraizeiros, ribeirinhos, babaçueiras e vazanteiros, que, juntas, fazem parte do patrimônio histórico e cultural brasileiro e detêm um conhecimento tradicional de sua biodiversidade.

Confira o território do Cerrado no Brasil. Fonte: Agencia IBGE. Acesso: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/40519-ibge-define-bioma-predominante-em-cada-municipio-brasileiro-para-fins-estatisticos

Porém, apesar de ser uma das regiões mais ricas do planeta, o Cerrado é conhecido como um hotspot mundial, pois também é considerado um dos mais ameaçados.

As ameaças do Cerrado

Foto de queimadas. Fonte: Canva.

Em um momento de queimadas violentas, o Cerrado é o segundo bioma mais atingido pelo fogo que está acometendo o país em um cenário alarmante e de emergência ambiental (atrás, apenas, da Amazônia). Os Estados mais afetados são Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, onde situa-se a principal fronteira de expansão agrícola do país

Enquanto utilizam o fogo para “limpar” a área desmatada e preparar o solo para o plantio, há emissão de CO₂ para a atmosfera, interferindo no ciclo das chuvas, na redução da disponibilidade hídrica e no aumento das temperaturas, que reflete em todo o território nacional. 

Mas os impactos não param por aí. 

As queimadas ocasionam a perda de habitat natural de diversas espécies, a morte de muitos animais silvestres, a piora na qualidade do solo, além de prejudicarem a saúde da população. 

Eu e você somos diretamente atingidos pelas queimadas no Cerrado. 

Diante desse cenário, o Instituto Ekos Brasil enfatiza a necessidade urgente de proteger e restaurar o bioma. Trabalhar pela regeneração do ecossistema global é preservar e conservar nossa biodiversidade nacional por meio de ações conduzidas com sustentabilidade econômica e justiça social.

Por Fabiana Bonani

17 anos do ICMBio: compromisso com a biodiversidade e o legado de Chico Mendes

17 anos do ICMBio: compromisso com a biodiversidade e o legado de Chico Mendes

Em 28 de agosto, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) comemora seus 17 anos. Criado em 2007, esta autarquia federal é responsável pela gestão das Unidades de Conservação Federais do país, atuando na preservação e no uso sustentável da biodiversidade brasileira.

Para se ter uma ideia melhor da importância da instituição, o ICMBio gerencia um total de aproximadamente 340 Unidades de Conservação Federais, que são áreas protegidas com o objetivo de preservar a diversidade biológica, os recursos naturais e os serviços ecossistêmicos fundamentais. Além disso, também administra 14 Centros Nacionais de Pesquisa e Conservação, dedicados a estudar e preservar diferentes grupos de fauna e flora. O esforço de conservação se reflete nos números expressivos, como as 12.262 espécies da fauna que foram avaliadas pelo ICMBio, muitas delas ameaçadas de extinção.

A importância do ICMBio não se restringe apenas à conservação ambiental, mas também ao incentivo do turismo ecológico. Em 2023, por exemplo, 11,8 milhões de pessoas visitaram os Parques Nacionais administrados pelo instituto, o que destaca o potencial do turismo sustentável como uma ferramenta de preservação e geração de renda.

Uma história que se cruza com o ICMBio

A bióloga Carla Polaz tem uma história profissional que caminha junto com a história do ICMBio. Foi exatamente em 2007, no ano de fundação do Instituto – que se desmembrou do IBAMA, que Carla assumiu uma vaga como Analista Ambiental.

“Desde 2007, então, estou em Pirassununga, no Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Aquática Continental – CEPTA, que estuda peixes de água doce. Por causa desse trabalho, voltei a minha formação para o campo da ictiologia e, no ano passado, assumi a coordenação do Centro de Pesquisa”

contou.

Polaz explica que o CEPTA atua atendendo demandas das Unidades de Conservação que tenham a ver com peixes e pesca, colaborando com a lista de espécies ameaçadas do ICMBio, coordenando e implementando Planos de Ação Nacional para as bacias nos biomas brasileiros etc. “Também estamos envolvidos com o Programa Monitora, fazemos notas técnicas para empreendimentos a pedido de órgãos como a CETESB e respondemos ao Ministério Público, por exemplo, em questões que envolvem tragédias ambientais”.

Esses 17 anos no ICMBio já renderam à Polaz algumas boas experiências profissionais e algumas outras bem curiosas. Ela participou, por exemplo, do processo que estruturou e trouxe a elaboração da lista de espécies ameaçadas para o ICMBio, para o Estado, algo que antes era feito por organizações parceiras. “Lá em 2010 também fiz parte do primeiro Plano de Ação Nacional para Bacias Hidrográficas que contém peixe, do qual sou coordenadora até hoje, o PAN Paraíba do Sul”.

Além disso, Polaz também recebe diretamente as perguntas da Ouvidoria sobre peixes e, por isso, tem sempre a oportunidade de falar diretamente com os cidadãos. Polaz conta, bem-humorada, a história de uma pescadora que, gentilmente, doou um exemplar de uma espécie de peixe ameaçada para um estudo no CEPTA. “O engraçado é que depois ela ligou e quis vir visitar o peixe. Nós recebemos, é claro”.  

Já vislumbrando a “maioridade” do ICMBio com seus 18 anos em 2025, Polaz alimenta a esperança de um ICMBio ainda mais estruturado, com mais capilaridade e mais gente trabalhando.

“Podemos entregar muito mais para as pessoas ao combater as principais ameaças sobre a nossa biodiversidade e ecossistemas”

completa.

O Instituto Ekos Brasil parabeniza o ICMBio pelos seus 17 anos e segue colaborando na bonita missão que compartilhamos: trabalhar pela conservação da biodiversidade e regeneração dos ecossistemas.

Quem foi Chico Mendes?

Francisco Alves Mendes Filho, conhecido como Chico Mendes, foi um seringueiro e ativista ambiental brasileiro que se tornou um símbolo da luta pela preservação da Amazônia e pelos direitos dos trabalhadores da floresta. Nascido no Acre, Chico Mendes começou a atuar no movimento sindical defendendo os direitos dos seringueiros, que trabalhavam em condições precárias. Sua luta se intensificou quando ele passou a liderar movimentos contra o desmatamento e a expulsão dos seringueiros de suas terras, resultantes da expansão da fronteira agrícola.

Chico Mendes fundou o Conselho Nacional dos Seringueiros e ajudou a criar as Reservas Extrativistas, áreas de uso sustentável da floresta. Seu trabalho ganhou reconhecimento internacional, mas também gerou oposição de grandes interesses econômicos. Em 1988, Chico Mendes foi assassinado, mas seu legado de proteção ambiental e justiça social continua vivo. Em sua homenagem, o ICMBio leva seu nome, reafirmando o compromisso com a preservação da biodiversidade e com o uso sustentável dos recursos naturais.

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Composição da água subterrânea pode afetar os resultados da remediação voltada à adsorção de PFAS

Composição da água subterrânea pode afetar os resultados da remediação voltada à adsorção de PFAS

Título: Compostos constituintes da água subterrânea influenciam a adsorção de substancias perfluoradas de cadeia curta e impactam o desempenho da remediação com carvão ativado coloidal

Por Dra. Adriana C. Velosa, Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas, UNIFESP-Diadema (acvelosa@gmail.com)

Substancias alquílicas poli e perfluoradas (PFAS) são compostos químicos sintetizados pelo homem e incluem mais de 4 mil diferentes compostos. Tais substâncias possuem como característica química uma cadeia carbônica parcial ou completamente saturada por átomos de flúor, podendo ser ramificada ou linear, sendo representada pela formula química F(CF2)n-R, onde o grupo R representa a parte hidrofílica da molécula. Os ácidos perfluoroalquilicos (PFAAs) constituem-se nos mais comuns e ambientalmente importantes representantes dos PFAS, sendo classificados como ácidos sulfônicos, quando o grupo R é igual a -SO3H, ou ácidos carboxílicos, quando R é igual a -COOH. Os ácidos perfluorooctanóico (PFOA) e perfluorooctanossulfônico (PFOS) são os compostos mais comumente encontrados no meio ambiente. Devido às suas características hidrofóbicas e lipofóbicas, os PFAS são amplamente utilizados como substâncias antiaderentes e em espumas de combate a incêndio, sendo encontrados em concentrações da ordem de ppt (ng/ L) em corpos d’água em todo o mundo. Suas características físico-químicas dependem tanto do comprimento de sua cadeia carbônica quanto do grupamento funcional presente nela, sendo que compostos de cadeia longa (com 8 ou mais átomos de carbono) são mais lipofílicos e quimicamente inertes, enquanto que os de cadeia mais curta são mais solúveis em água e menos propensos a adsorção sendo, portanto, mais móveis no ambiente. A degradação química dos PFAS é bastante dificultada devido à força da ligação C-F, o que leva ao uso de técnicas de adsorção, como em carvão ativado, por exemplo, como solução para a remoção de tais compostos de águas superficiais ou subterrâneas. Neste trabalho foram investigados os efeitos de íons comumente presentes em águas subterrâneas, assim como a presença de matéria orgânica, nas isotermas de adsorção de diferentes PFAS a um carvão ativado coloidal (CAC) usado na formação de barreiras reativas.  

O CAC utilizado tem tamanho médio de 500 nm, PI = 4,5, PCZ = 9,5 e foi fornecido pela INTRAPORE (Alemanha). Ao comparar-se a eficiência de adsorção de acordo com o PFAS testado, observou-se que quanto maior o tamanho da cadeia carbônica, maior a afinidade pelo carvão, independentemente da cadeia ser linear ou ramificada (Tabela 1). Observou-se também que compostos com grupo R igual a -SO3H (PFBS) adsorvem mais do que os com grupo R igual a -COOH (PFBA).

Material complementar para análise da Tabela PFAS.

Um parâmetro extremamente importante no processo de sorção dos PFAS em CAC é a força iônica, uma vez que propomos um modelo conceitual no qual os compostos de cadeia curta são adsorvidos em microporos mais internos, via interação eletrostática nos sítios básicos, enquanto os compostos de cadeia longa são adsorvidos tanto por ação eletrostática quanto por forças de van der Waals, na superfície mais externa. O efeito da força iônica também é importante para se prever o comportamento de barreiras reativas em áreas costeiras, com ação da água do mar nos aquíferos. Como pode ser observado na figura 1, conforme aumenta-se a força iônica e, portanto o Cl, ocorre uma menor adsorção para compostos de cadeia mais curta pela competição com o ânion cloreto pelos sítios positivos internos. Compostos de cadeia mais longos, no entanto, não demonstram o mesmo comportamento.

Imagem complementar.
Figura 1 – Valores calculados de Kd em função da concentração de cloreto. Usou-se NaCl para o ajuste da força iônica em todos os experimentos.

O efeito da matéria orgânica dissolvida (DOM) também foi avaliado usando-se para tanto compostos modelo de massa molecular conhecida. Observou-se que embora nenhum efeito na adsorção tenha sido observado pela presença de qualquer DOM na concentração de 1mg/ L, a DOM de menor massa molecular reduz significativamente a capacidade de adsorção do CAC quando em concentrações tão altas quanto 10 mg/L, sendo o efeito inversamente proporcional ao tamanho da cadeia carbônica do PFAS.

Imagem complementar.
Figura 2- Valores calculados de Kd em função da massa molecular do DOM testado () para PFOA (◆), PFBS (▲), e PFPeA (●). Condições experimentais: 1 mM NaHCO3, pH = 7.5

Usando-se um modelo de transporte reativo simulou-se ainda o tempo de saturação de uma barreira permeável feita de CAC, nas diversas condições geoquímicas avaliadas em batelada, obtendo-se um tempo de saturação 1000 vezes menor para PFBA quando comparado ao PFOA. Observou-se ainda que a longevidade da barreira pode ser bastante reduzida ao se ter condições de alta força iônica e/ ou alta concentração de DOM, demonstrando a importância de se levar em consideração a composição da água subterrânea para o sucesso do processo de remediação.

Para maiores detalhes acesse:

MOLE, R. A., VELOSA, A.C. CAREY, G. R., LIU, X., LI, G., FAN, D., DANKO, A. and LOWRY, G.V. (2024) Groundwater solutes influence the adsorption of short-chain perfluoroalkyl acids (PFAA) to colloidal activated carbon and impact performance for in situ groundwater remediation. J. Haz. Mat. 474, 134746.  https://doi.org/10.1016/j.jhazmat.2024.134746

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