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Peruaçu e plantas medicinais_dia 14 de ago 2023

Plantas medicinais: uma riqueza compartilhada no entorno do Parque Cavernas do Peruaçu

Ao lado da Embaixada Suíça no Brasil, nossa equipe no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu realizou uma troca de conhecimento sobre plantas medicinais na Terra Indígena Xakriabá, conduzida pelo Pajé Vicente e com a participação de indígenas e moradores da comunidade da APA no entorno do Parque. A iniciativa aconteceu no último dia 14 de agosto.

Além da troca de conhecimento sobre as espécies e seus usos, a equipe pôde coletar plantas medicinais da região e visitar a casa de medicina da Aldeia Sumaré.

“Assim, concluímos mais uma etapa deste importante projeto que visa conservar as plantas medicinais da região e valorizar, assim como compartilhar, esse rico conhecimento tradicional das populações no entorno do Parque.”

Palavras da nossa equipe no Peruaçu: Antonio Carlos Ribeiro –
Agente ambiental e Viverista no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, JÉSSICA FERNANDES –
COORDENADORA DE PROJETOS DE IMPACTO E GESTÃO CLIMÁTICA e Murilo Mendes – Agente Ambiental e Administrativo no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu.

Confira alguns cliques dessa troca de conhecimento sobre plantas medicinais

Acessibilidade e plantas medicinais pautam novos projetos no Mosaico Sertão Veredas Peruaçu. Na foto, está o grupo de participantes do momento, todos sorridentes e em frente a uma floresta verde de árvores altas e com chão de barro.

Ekos Brasil apresenta projetos de restauração florestal e acessibilidade no Mosaico Sertão Veredas Peruaçu

Nos dias 12 e 13 de abril, foi realizada a 44º Reunião Ordinária do Conselho Mosaico Sertão Veredas – Peruaçu na Câmara de Vereadores de São João das Missões e na Terra Indígena Xakriabá.

O conselho reuniu gestores das unidades de conservação e Terras Indígenas, representantes de organizações da sociedade civil e do poder público, lideranças locais e órgãos ambientais relacionados às 23 Unidades de Conservação e 2 Terras Indígenas  que compõe esse mosaico de áreas protegidas reconhecido pelo Ministério do Meio Ambiente em 2009.

A reunião do mosaico é um espaço formal para gestão integrada e compartilhada desse território de quase 1,8 milhão de hectares localizado no norte de Minas Gerais e parte da Bahia. O Ekos Brasil é a secretaria executiva do Conselho do Mosaico e conduziu a reunião junto à  presidência desse conselho formado pela ICMBio e IEF.

Dentre os assuntos discutidos, destacamos as duas apresentações feitas pelo Ekos. A primeira foi sobre o projeto Restauração Florestal com Ênfase em Plantas Medicinais e Frutíferas apoiado pela Embaixada Suíça. Nessa apresentação, foram apresentadas e discutidas com os conselheiros as atividades de restauração florestal, valorização do conhecimento local em medicina e ações de prevenção a incêndios. 

A segunda apresentação feito pelo Ekos junto a APAE de Januária foi sobre o projeto Peruaçu: Uma Trilha para a Acessibilidade. Foram apresentados os resultados obtidos para que as pessoas com deficiência pudessem acessar o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu. O primeiro avanço a realização de um curso para os condutores e equipe do ICMBio estarem mais bem preparados para lidar com pessoas com deficiência física, auditiva, visual e/ou intelectual. O outro avanço foi com o desenvolvimento de uma cadeira adaptada para levar pessoas com deficiência ao longo de trilhas que tenham escadas e sejam íngremes.   

Confira alguns cliques das apresentações dos projetos para o Mosaico Sertão Veredas Peruaçu:

Mosaico Sertão Veredas Peruaçu: uma floresta modelo 

Mosaico Sertão Veredas Peruaçu: uma floresta modelo

Desde 2021 o Instituto Ekos Brasil compõe a Secretaria Executiva do Conselho do  Mosaico de Áreas Protegidas Sertão Veredas Peruaçu, mas a nossa relação com a região já possui quase duas décadas.  Por isso, podemos dizer que nossa ligação com a área não é apenas de trabalho, mas é também cheia de afeto e dedicação pela natureza e pelas comunidades que ali habitam.

E para nós é motivo de muito orgulho ver que o Mosaico Sertão Veredas Peruaçu acumula alguns “títulos”, tamanha sua importância em âmbito nacional e internacional para a conservação. Um deles é o de Floresta Modelo, atribuído em 2005, sendo umas das seis existentes no Brasil.

Uma Floresta Modelo é uma plataforma de gestão territorial que contempla processos sociais, inclusivos e participativos tendo em vista o desenvolvimento sustentável. Essas florestas atuam especialmente por três dos 17 ODSs: erradicação da pobreza (1), combate às alterações climáticas (13) e vida sobre a terra (combate à desertificação – 15).

De caráter público-privadas, intersetoriais, voluntárias e de governança participativa, essas áreas estão ligadas em redes, sendo a rede internacional composta por 60 florestas em 35 países. No caso do Brasil, temos seis florestas na Rede Nacional de Florestas Modelo (criada em 2019), que por sua vez compõem a Rede Latino-Americana, com 36 florestas. Ao todo, contemplam aproximadamente 10,7 milhões de hectares, com elevada sociobiodiversidade, distribuídas nos biomas da Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, Caatinga e Pantanal e abrigam uma população superior a 1,5 milhão de pessoas.

A Floresta Modelo Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu

Localizada  no norte e noroeste de Minas Gerais e parte do sudoeste da Bahia, à margem esquerda do Rio São Francisco com área total de 1.783.799 hectares e perímetro de 1.210 km, nossa floresta tem como bioma predominante o Cerrado e abriga uma grande quantidade de aves e mamíferos, muitos em extinção. De acordo com o Sistema Nacional de Informações Florestais, ali vivem cerca de 70 mil pessoas que sobrevivem da produção agrícola, apícola e avícola, da fabricação de carvão vegetal, extração de pequi e buriti.

A governança da Floresta Modelo na região auxilia no monitoramento ambiental, na prevenção e controle de incêndios florestais, na produção sustentável de mel de abelha e na extração do babaçu, além de ajudar a promover o artesanato regional. 

Apenas para citar algumas das atividades desenvolvidas a partir da Floresta Modelo, estão a estruturação do Centro Comunitário de Extrativismo e Artesanato do Cerrado de Pandeiros; o apoio à implementação de pequenas unidades familiares de criação de aves, caprinos e ovinos por meio da Cooperativa de Produtores Agroextrativistas do Projeto COOPAE; a implementação da unidade de processamento integral do babaçu; e a organização, estruturação e capacitação de associações comunitárias.

A Rede Brasileira de Florestas Modelo

Cada Florestas Modelo no Brasil e ano de criação:

A Floresta Modelo Mata Atlântica (MG)2004
Floresta Modelo Mosaico Sertão Veredas Peruaçu (MG/GO/BA)2005
Floresta Modelo Caçador (SC)2013
Floresta Modelo Amazonas Tapajós (PA)2017
Floresta Modelo da Hileia Baiana (BA/ES)2019
Floresta Modelo Pantanal (MS)2021

Criada em 2019, a rede brasileira nasce com o objetivo principal de orientar e apoiar o funcionamento e a governança do conjunto das Florestas Modelo existentes no país e daquelas que venham a ser criadas.

Além disso, deve apoiar a gestão e governança de seus membros, reconhecer as práticas e ações de sucesso com o intuito de replicá-las em outras Florestas Modelo,  promover intercâmbios e eventos e apoiar a criação de novas Florestas Modelo. A Rede vem sendo fortalecida para que as Florestas Modelo continuem valorizando a biodiversidade e os povos tradicionais, mitigando os impactos das mudanças climáticas e promovendo a bioeconomia.

O Instituto Ekos Brasil apoia e participa das iniciativas da Rede Brasileira de Florestas Modelo, representando a Floresta Modelo Sertão Veredas Peruaçu. 

Para saber mais e saber como apoiar nosso trabalho na região, entre em contato com a gente! 

plantas medicinais

Resgate e Valorização das Plantas Medicinais e do Conhecimento Tradicional 

Que a região do Peruaçu (MG) é rica em atrativos naturais e culturais é um consenso. Agora, você sabia que por lá são encontradas inúmeras folhas, cascas, resinas e raízes com valores medicinais? Com o intuito de conservar e resgatar essa cultura tradicional ao lado dos povos originários e população local da região, profissionais do Instituto Ekos Brasil decidiram utilizar plantas medicinais para recuperar áreas degradadas do Peruaçu.

Murilo Mendes e Antônio Carlos Ribeiro são da equipe do Instituto Ekos Brasil e ficam no escritório do Instituto na comunidade Fabião II, em Itacarambi (MG).

“O conhecimento das plantas medicinais está se perdendo. Às vezes, temos que ir para a farmácia e encontrar um remédio que está no nosso jardim”, comenta Murilo sobre o impacto que o projeto pode trazer na região. 

Primeiros passos

O primeiro passo de articulação para a definição do futuro projeto foi a ida à campo para conhecer, principalmente, plantas medicinais originárias da região, algumas raras de ser encontradas e ameaçadas pelo desmatamento e degradação ambiental. Para isso, contaram com o apoio da mestrando do ESCAS, IPÊ,  Lara Zamparo Franco, e do Seu Norinho, como é carinhosamente conhecido, que mora há mais de 30 anos na área, antes mesmo de se tornar o PNCP.

“Há cavernas do parque que só ele conhece”, relata o também viveirista do Ekos Antônio. 

Por sua expertise, Seu Norinho hoje reside no Centro de Pesquisas e convive costumeiramente com pesquisadores e pesquisadoras que escolhem o Peruaçu como ponto de estudo. Além de Norinho, o Pajé Vicente de uma das aldeias, abriu as portas da aldeia para compartilhar seus conhecimentos sobre a vegetação nativa e se colocou à disposição para coletar sementes que servirão para recuperar as áreas degradadas do Parque. 

“Seu Norinho não conhecia o Pajé Vicente e os dois tinham os mesmos conhecimentos. Isso é mais um impulso para preservarmos essa expertise que pertence aos povos originários”, contam.

Uma das atividades realizadas para valorização e disseminação desse conhecimento sobre plantas medicinais envolveu  os alunos e as alunas da Escola Estadual Saturnino Ângelo Da Silva. As turmas participaram de um oficina no Ekos sobre plantas medicinais e preparam mudas para serem futuramente plantas  nas dependências do Escritório do Instituto Ekos Brasil e na escola, para que os grupos visitantes possam conhecer mais uma riqueza do Peruaçu. 

Impacto de recuperar plantas medicinais

Identificar, coletar e produzir as mudas requer dedicação e empenho de toda uma comunidade, isso porque o encontro de três  biomas no  Parque e na APA (Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica) faz com que num raio de 50Km sejam encontradas impressionante diversidade de plantas medicinais. Um exemplo é o Pacari, uma planta com propriedades benéficas para o estômago que é encontrada em abundância apenas nos arredores da aldeia de Pajé Vicente.

“É de grande importância trazer a recuperação não somente das plantas, mas deste conhecimento, para que a comunidade valorize cada dia mais o que lhe pertence”, acredita Antônio. 

A dupla narra que na região ainda encontram-se famílias com a cultura de desmatar a terra para o gado e que esse fogo corre o risco de atingir locais onde os povos indígenas coletam suas plantas medicinais. “Se eles perderem essa terra, eles perdem sua farmácia natural.”

Até o mês de novembro, Murilo e Antonio coletaram nove amostras de plantas com propriedades diferentes que melhoram desde dor de dente até a recuperação de gripe. Ao mesmo tempo forma coletadas sementes e forma produzida mudas para serem plantadas onde é necessária a recuperação da vegetação da Terra Indígena e da APA.

Tanto Murilo como Antônio não sabem até onde este trabalho pode chegar, mas ambos carregam a certeza de que se conseguirem recolher os conhecimentos existentes na região do Peruaçu e mostrar para os alunos e para a comunidade sua relevância, já sentirão enorme satisfação de saber que este rico conhecimento não será perdido: será replantado.

Acompanhe os desdobramentos dessa ideia conosco.

observatório de parcerias

Experiências Práticas de Parcerias Público Privadas em Unidades de Conservação

Instituto Ekos Brasil foi convidado para participar do seminário interno do Observatório de Parcerias em Áreas Protegidas.

O Instituto Ekos Brasil foi convidado para participar do seminário interno do Observatório de Parcerias em Áreas Protegidas – OPAP, em encontro virtual que ocorreu dia 07 de outubro. O OPAP é um núcleo de pesquisa e de difusão de informação e práticas, que reúne professores e pesquisadores de diferentes instituições públicas de ensino superior brasileiras com o objetivo de promover o conhecimento sobre o tema das parcerias em áreas protegidas, a partir da contribuição da pesquisa, ensino e extensão.

Neste encontro, pudemos apresentar o Termo de Parceria estabelecido com o Instituto Estadual de Florestas (IEF), órgão gestor das Unidades de Conservação do Estado de Minas Gerais, em que atuamos para a Consolidação do Parque Estadual do Rio Doce. Além disso, apresentamos a experiência do Instituto Ekos no Acordo de Cooperação com o ICMBio no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu e os aprendizados construídos ao longo de cinco anos.

Além do time Ekos, estiveram presentes professores/as e pesquisadores/as da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), Universidade de São Paulo (USP), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).

Após a exposição tivemos um momento rico de diálogo, com pontos relevantes da experiência do Instituto Ekos em parcerias em áreas protegidas, considerando os aprendizados e desafios desde o ponto de uma OSCIP, além da apresentação de possíveis questões de pesquisa nessa temática.

44ª reunião do Conselho do Mosaico Sertão Veredas

1ª reunião presencial pós-pandemia do Conselho do Mosaico Sertão Veredas Peruaçu acontece em Itacarambi (MG)

No dia 5 de outubro, o escritório do Instituto Ekos Brasil na comunidade Fabião II, em Itacarambi/MG, sediou a 44º reunião do Conselho do Mosaico Sertão Veredas Peruaçu, a primeira presencial após os anos de distanciamento social exigidos para conter o avanço da COVID-19.

Participaram 54 representantes de organizações comunitárias, de órgãos públicos e de ONGs, dos quais 35 estiveram presencialmente e 19 virtualmente, a primeira experiência de reunião com participação híbrida, com o objetivo de ampliar as presenças. Foram diálogos bem-sucedidos que proporcionaram um reencontro de conselheiros profissionais que há mais de 2 (dois) anos não se viam. 

O destaque da reunião foi o estudo realizado que identificou que as águas consumidas pelas comunidades rurais se encontram contaminadas por agrotóxicos. Caberá ao Conselho encaminhar aos órgãos competentes a solicitação de ações diante dos riscos à saúde da população e da fauna, que vivem dessa água.  

Idem, foram abordadas experiências de Produção de Natureza e Bosque Modelo – como oportunidades para fortalecimento da governança do mosaico-, maior conservação do ecossistema e a promoção de oportunidade de negócios sustentáveis. 

Para encerrar, foi apresentado o projeto Peruaçu – uma trilha para a sustentabilidade e solicitado o engajamento geral para a compra do Casarão onde funcionam o Centro de Artesanato e Ponto de Cultura. 

Esperamos a próxima reunião com a expectativa de revermos todos de forma presencial!

Turismo sustentável no Parque Cavernas do Peruaçu.

Turismo sustentável para conservar o meio ambiente e as comunidades tradicionais do Cerrado. Conheça esse exemplo!  

Há mais de 5 anos acompanhamos de perto o desenvolvimento e a gestão do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, localizado no norte de Minas Gerais, e que tem boa parte de sua extensão no bioma Cerrado e parte na Caatinga e Mata Seca. O Vale do Peruaçu é berço de povos tradicionais e cultura local. 

Nesse período de estreita relação com o parque constatamos algo muito verdadeiro, mas que pouca gente reconhece: a conservação de um Parque Nacional não é importante apenas para o Meio Ambiente ou para a mitigação das mudanças climáticas. Uma área como a do Parna Cavernas do Peruaçu é imprescindível para a manutenção de tradições locais, para a geração de renda para as comunidades do entorno e, consequentemente, para a defesa do bioma no qual se encontra. 

Presenciamos nesses últimos anos como o incentivo ao turismo sustentável transformou a vida de famílias inteiras – pouco a pouco se recuperando da pandemia – trabalham como condutores, com produção de artesanato, ou abriram receptivos e pousadas. Esse impacto positivo aproximou a comunidade do parque, que por sua vez, ganhou um “batalhão” de gente empenhada na conservação do Cerrado. 

Um exemplo muito significativo para nós são as Oleiras do Candeal, um grupo tradicional da região que produz potes, pratos, vasos de planta, moringas, jogos de bule e outras peças com cerâmica. Ao todo, 11 mulheres participam do projeto que se perpetua com o trabalho da terceira geração de oleiras. A proximidade com o Parna Peruaçu permite que os condutores de turismo levem os visitantes até o espaço.

“Para nós é muito importante essa conexão com o Peruaçu. Isso abriu  muitas portas para comercializar e divulgar nossos produtos por meio dos visitantes. Os turistas vêm conhecer  e acabam valorizando e divulgando nosso trabalho”, destacou Dona Nilda, participante do projeto. 

Conheça o Cerrado, pratique o turismo sustentável visitando nossos Parques Nacionais e incentive os projetos das nossas comunidades tradicionais. 

Uma trilha para a acessibilidade: feito inédito no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu para as Pessoas com Deficiência”

Um dia para ficar na história do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu. Em 23 de agosto deste ano, pessoas com deficiência auditiva, visual, física, intelectual e múltipla (PCDs) estrearam a trilha que agora permite aos PCDs uma interação direta com o parque. 

O projeto é uma parceria entre o ICMBio, a APAE de Januária, o Instituto Ekos Brasil, o Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência e o Instituto Sertão Vereda com o objetivo de propiciar acessibilidade ao turismo de natureza. 

O grupo percorreu a Trilha da Gruta do Janelão, cartão postal do parque, e chegou à Perna da Bailarina, a maior estalactite do mundo! A experiência contou com o auxílio da Macadeira, uma inovação desenvolvida pelo Ekos Brasil sob supervisão da APAE e do ICMBio para permitir que pessoas com deficiência motora também participassem do passeio. 

Grupo percorrendo a trilha acessível no Peruaçu

“A presença de uma pessoa com deficiência na Gruta do Janelão representa a validação do direito à igualdade em oportunidades. Estar presente nessa ação é um grande aprendizado e me mostra que é preciso mobilizar todo o território do Peruaçu para torná-lo um destino acessível. Integrar uma área protegida e oportunizar sua visibilidade, faz parte do processo de desenvolvimento sustentável, pois todo mundo já sabe:'”é preciso conhecer para preservar”, comentou Isabela Martins, do Instituto Sertão Vereda

Durante o percurso, o grupo ficou admirado com as belezas do parque e também foram evidenciando outras melhorias para que a experiência seja ainda mais completa e inclusiva. 

Para Roberto Palmieri, do Ekos Brasil, o projeto deve inspirar outros parques a fazer o mesmo. “Assim, mais pessoas exercerão o direito constitucional de ter acesso às áreas públicas protegidas e podem se juntar a nós no trabalho de conservação desses espaços fundamentais ao bem-estar de todos”. 

Além da inclusão, o projeto também impulsiona a criação de novos negócios para atingir esse público que nos últimos anos não vem sendo considerado no turismo de natureza. 

Helder Viana completando a trilha acessível no Peruaçu

“Eu estou muito feliz. Somos mais um ser humano, mas temos valor e condições de descobrir muita coisa. Ter a oportunidade de explorar toda essa natureza, essas experiências fantásticas foi muito gratificante. Estamos só no começo e é um espelho pro mundo”, disse Helder Viana, da Apae Januária. 

O Instituto Ekos Brasil reafirma seu compromisso em continuar a apoiar projetos como esse, que aproximem as pessoas com deficiência à natureza, e parabeniza o grupo que estreou a trilha!  

Ekos Brasil acompanha comitiva suíça em visita ao Parque Nacional Cavernas do Peruaçu

Schweizer Reisegruppe in der Höhle Janelao, Nationalpark Peruacú, Minas Gerais, Brasilien – stehend v.l.: Cristina Sancini (EKOS Brasil), Aparecido Souza (Fahrer der Botschaft), Pietro Lazzeri (CH Botschafter), Ruth und Rolph Gloor, Joe Caverna (Guide), Roberto Palmieri (EKOS Brasil), Amiliano Lazzeri (Sohn des Botschafters), Jean-Pierre Villard (schweizer Diplomat), Ana Moeri (EKOS Brasil). Kniehend: Muriolo MEndes Melo (Guide) und Antônio Carlos Rodrigues (Guide)

Na primeira semana de agosto, parte do time do Ekos Brasil embarcou em São Paulo com destino a Minas Gerais para uma missão especial: levar um grupo de suíços para conhecer o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu.

Dentre os convidados estavam o embaixador da Suíça no Brasil, Pietro Lazzeri, o ex-embaixador suíço Jean Pierre Villard, o casal Ruth e Rolf Gloor da empresa Bachema AG – doadores do Fundo Peruaçu -, além de um jornalista e um fotógrafo, também suíços.

O grupo teve a oportunidade de conhecer cenários deslumbrantes do parque como a gruta do Janelão e o Sítio Caboclo com suas pinturas rupestres de cerca de 12 mil anos. Alguns deles também se aventuraram pela Trilha do Arco do André, passando pelo mirante do Mundo Inteiro com sua vista de tirar o fôlego.

“Além disso, visitamos com eles os projetos desenvolvidos no entorno do parque e que estão sendo diretamente impactados pelo crescimento do turismo sustentável. Eles ficaram bastante impressionados com o empreendedorismo feminino na região, como as Oleiras do Candeal que confeccionam cerâmicas a partir de tradições centenárias”, disse Ana Moeri, presidente do Ekos Brasil que acompanhou a visita.

A imersão ambiental e cultural continuou com um passeio pelo Rio São Francisco que mostrou aos suíços a importância do velho Chico para o desenvolvimento da região e para a conservação da biodiversidade.  

Schweizer Reisegruppe auf der Wanderung durch de Nationalpark Peruacú, Minas Gerais, Brasilien – v.l.: Ruedi Leuthold, Ruth Gloor, Rolph Gloor, Ana Moeri

Por que a Suíça?

Lazzeri, o embaixador suíço, é um entusiasta em temáticas relacionadas à sustentabilidade e representa um país que se destaca pela inovação, tecnologia verde e turismo. “Para nós é muito importante estreitar esse relacionamento e pensarmos juntos em parcerias que beneficiem não só a conservação de uma área como a do Peruaçu, mas em iniciativas que promovam a cooperação entre as nações pelo desenvolvimento sustentável”, completou Moeri.

Além disso, o Ekos Brasil nutre uma relação especial com o país já que Ernesto Moeri, seu fundador, era natural da Suíça – e brasileiro de coração.

A visita do grupo ao Peruaçu também se desdobrará em uma reportagem a ser publicada em uma revista semanal suíça de grande circulação.

Schweizer Reisegruppe in der Höhle Janelao, Nationalpark Peruacú, Minas Gerais, Brasilien – Namen siehe Gruppenfoto BR001

Tudo o que você precisa saber sobre cavernas no Brasil

Tudo o que você precisa saber sobre cavernas no Brasil 

O Instituto Ekos Brasil tem uma relação afetiva e responsável com as cavernas brasileiras por sua proximidade com a gestão do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, com o qual cooperamos há mais de uma década e onde estão algumas das cavernas mais emblemáticas do Brasil.

Não há quem não se encante pela Gruta do Janelão, pela Lapa do Rezar, Arco do André, dentre tantas outras, que sempre nos deixam com aquele sentimento de pequenez e gratidão diante de tamanha beleza da natureza.

No intuito de conhecer um pouco mais sobre as cavernas, convidamos para um bate-papo Clayton Lino, sumidade no assunto, diretor de Cooperação da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, ex-presidente por duas vezes da Sociedade Brasileira de Espeleologia e membro da Comissão Mundial de Reservas da Biosfera da Unesco. A seguir destacamos, em uma linguagem simplificada,  alguns dos temas apresentados por nosso entrevistado. 

Nosso bate-papo “começou pelo começo”. “Caverna é uma cavidade natural subterrânea penetrável pelo ser humano, como define a Constituição de 1988. Aqui no Brasil adotamos também a nomenclatura de grutas para cavernas predominantemente horizontais e abismos, para aquelas predominantemente verticais”, explica Lino. 

Nosso país abriga a maior caverna do hemisfério Sul, a Toca da Boa Vista, com cerca de 115km de galerias, localizada na Bahia. E não é preciso estranhar o nome “toca”. Em se tratando de Brasil, regionalismos são bastante comuns e não escapam às cavernas. Lapa, fossa, toca ou buraco também são denominações dadas às cavernas de norte à sul do país.

Moradores das cavernas

Em relação à fauna subterrânea há basicamente três tipos de “moradores” das cavernas. Os Trogloxenos, aqueles que necessitam das cavernas para abrigo, reprodução e/ou alimentação, mas que também saem delas para desenvolver outras atividades do seu dia a dia. Exemplo destes seres são os morcegos e alguns roedores. 

Já os Troglófilos são seres adaptados às cavernas, mas que não necessitam delas para sobreviver. Exemplos são algumas espécies de aranhas e insetos que são encontradas tanto dentro quanto fora dessas cavidades.

Por fim, os Troglóbios também chamados dos verdadeiros cavernícolas, são especializados na vida dentro das cavernas. Há Troglóbios albinos(despigmentados), cegos, mas que desenvolvem outros sentidos e órgãos que os adaptam a sobreviverem na escuridão total das cavernas. Exemplos destes seres são alguns peixes, insetos e crustáceos. 

Cavernas e seus tipos

As cavernas podem surgir  em muitos tipos de rochas, mas em 90% das vezes são formadas em rochas carbonáticas, esclarece Lino, além de aparecerem também em gesso, sal, bauxita, gnaisse, granito, minério de ferro, dentre outras litologias (tipos de rochas).

Ao contrário da crença popular, as cavernas, em sua maioria, não são formadas pela erosão dos rios. “A maior parte é formada por dissolução, quando a rocha é atacada quimicamente”, principalmente pela água, define. De acordo com o especialista, os movimentos tectônicos criam fraturas nas rochas. Por esses pontos frágeis a água, acrescida de gás carbônico advindo das precipitações e outros ácidos presentes no solo, ao entrar nessas fissuras, ataca quimicamente a rocha, ampliando espaços já formados anteriormente pelo mesmo tipo de processo, o que acaba puxando cada vez mais água da superfície, aumentando o tamanho das cavidades. Várias cavernas são formadas inicialmente no nível do lençol freático e só posteriormente passam a ter uma abertura para a superfície devido a desmoronamento dos tetos. Outros tipos de formação de cavernas acontecem nas zonas costeiras, por abrasão marinha, ou no meio de blocos de granito com o carreamento do solo entre eles.

Algumas características de cavernas

Uma das curiosidades mais fascinantes quando falamos de características das cavernas, na opinião de Lino, é que são um dos raros ambientes do planeta com ausência de luz. “É uma oportunidade para descobrir o que é a treva. Nosso cérebro começa, inclusive, a fabricar imagens pois não consegue acostumar a vista já que não existe nenhum feixe de luz”.

Cavernas também podem ser silenciosas ou não, labirínticas ou não, ventiladas ou não, ter flora ou não (dependendo da presença de luz), mas são consideradas ambientes estáveis, onde mudanças acontecem de forma extremamente lenta. E esta é uma das razões para serem verdadeiros “baús de recordação” da história geológica, climática e da evolução da vida na Terra, inclusive como locais privilegiados para conservação de fósseis da megafauna extinta, e também da maioria dos achados arqueológicos de nossos ancestrais humanos. 

Cavernas no Brasil   

Não é à toa que somos “gigantes pela própria natureza”. O Brasil, de fato, tem cerca de 20.500 cavernas cadastradas, mas de acordo com Lino, a expectativa é que tenhamos mais de 300 mil. “Todo ano descobrimos centenas de cavernas no Brasil”, destaca. “Já fui o primeiro ser humano a pisar em um monte de lugares em certas cavernas. Essa percepção não tem preço”.

Apesar de tamanha riqueza, as cavernas se juntam a outros componentes da natureza como os biomas, ecossistemas, espécies que sofrem ameaças constantes à sua existência e proteção. No caso das cavernas a pressão da mineração, das represas e das rodovias é a mais frequente.

“Quando falamos de caverna não estamos falando de um buraco, mas de um ambiente, de um ecossistema muito particular”. Por isso, proteger uma caverna significa proteger a rocha, seu conteúdo hidrológico, biológico, arqueológico, cultural etc.”, alerta Lino. E completa: “Há um choque no Brasil entre o cronograma de empreendimentos, o cronograma político e o cronograma do conhecimento e estudos sobre uma caverna”. O cronograma dos empreendimentos, e o político não consideram nem aguardam os anos necessários para que se entenda sequer o que pode acontecer com a extinção daquele ecossistema, quando estes tipos de empreendimentos estiverem consumados com a destruição de cavernas importantes.

Clayton teve uma participação histórica na formulação do capítulo da Constituição Federal que definiu as cavernas como bens da União e as manteve protegidas por muitos anos. Um decreto no final dos anos 2000 já havia flexibilizado a proteção destes ambientes com a classificação das cavernas em categorias de relevância, para fins de sua exploração econômica. 

Agora, Lino presencia a aprovação do Decreto Federal no 10.935/22, recém-publicado, que ameaça inclusive as cavernas tidas como grau de relevância máximo. O Decreto fere a Constituição, sobretudo em seu artigo 225, porque desrespeita princípios do direito ambiental, como o Princípio do Desenvolvimento Sustentável, da Prevenção e da Precaução, e foi elaborado sem a participação de instituições científicas, das ONGs, da comunidade espeleológica e ignorou o parecer do órgão técnico especializado em cavernas, o CECAV-ICMBio (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas), instituição do governo federal.

O Decreto falha também na promoção de políticas públicas que protejam o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável, a sobrevivência e o bem-estar das gerações futuras, e desconsidera os importantes serviços ecossistêmicos prestados pelas áreas cársticas e suas cavernas, como por exemplo a manutenção da integridade dos sistemas hídricos, o controle de pragas agrícolas, a dispersão de sementes e a polinização de diversas espécies de plantas executadas por morcegos que habitam estes ambientes. 

O Instituto Ekos Brasil reforça a importância da proteção e conservação das cavernas brasileiras e entende que não há incompatibilidade entre a preservação das cavernas e o desenvolvimento econômico.

E agradece a participação de Clayton Ferreira Lino para a elaboração deste conteúdo.

 

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