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Cerca de 30 pessoas participaram de uma oficina imersiva, entre os dias 11 e 14 de abril, no Centro de Treinamento do Parque Estadual do Rio Doce para revisar o Plano de Manejo da Unidade de Conservação. Estiveram presentes instituições públicas, privadas, terceiro setor, associações e representantes das comunidades da região.
A oficina é o fechamento de uma série de 04 reuniões preparatórias realizadas em janeiro e fevereiro nos municípios do entorno do Parque. Também foram realizadas remotamente duas reuniões setoriais, uma com representantes do terceiro setor e a outra com o setor produtivo. Ao todo foram 126 pessoas envolvidas no debate.
“O Plano de Manejo é uma oportunidade de criar estratégias frente à nova realidade de gestão e dos desafios que se apresentaram após o rompimento da barragem de fundão em 2015. Esse plano será uma ferramenta poderosa para que a gente desenhe muito bem as tendências e as ameaças junto aos recursos e valores fundamentais do Parque Estadual do Rio Doce”, disse Vinicius de Assis Moreira , gerente do Parque Estadual do Rio Doce.
Ao final da revisão, as instituições e moradores convidados construíram um documento com o propósito, a significância do Parque, seus recursos e valores fundamentais, seu zoneamento, assim como as questões-chave que deverão ser priorizadas nos próximos anos. Esse documento final será encaminhado à Câmara de Proteção à Biodiversidade e de Áreas Protegidas (CPB) para que seja aprovado e torne-se o referencial técnico para gestão do Parque Estadual do Rio Doce.
“De fato, a oficina não é o ponto final ainda da revisão. Esse documento será discutido em outros fóruns do governo de Minas Gerais e só então teremos um novo Plano de Manejo que substituirá aquele executado em 2003”, reforça Maria Cecília Wey de Brito, diretora de relações institucionais do Instituto Ekos Brasil.
Toda a construção do Plano de Manejo foi pautada no novo Roteiro Metodológico do ICMBio e teve início em agosto de 2022. O Plano foi conduzido pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) juntamente ao Instituto Ekos Brasil, OSCIP parceira por meio do Termo de Parceria nº 51/2021 firmado em dezembro de 2021, e contou também com o apoio da empresa Plantuc Projetos Socioambientais.

Para a construção do documento de revisão, participaram da oficina imersiva representantes do Instituto Estadual de Florestas (IEF); Agência Regional Metropolitana do Vale do Aço (ARMVA); Circuito Turístico da Mata Atlântica (CTMAM); Câmara de Vereadores do município de Marliéria; as prefeituras de Marliéria, Timóteo, Dionísio, Pingo D’Água, Bom Jesus do Galho.
Além dessas instituições, participaram representantes da UNIVALE (Universidade do Vale do Rio Doce), UFV (Universidade Federal de Viçosa), ICAS (Instituto de Conservação de Animais Silvestres), bem como representantes do terceiro setor, AMDA (Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente), Associação Relictus, Associação DuPERD e Soma Cultural. Do setor privado estiveram presentes as empresas ArcelorMittal, CENIBRA e GPM. Por fim, destaca-se a participação de representantes de associações e moradores do entorno, fortalecendo a visão comunitária para o processo de revisão do Plano.
“Esse foi um processo construído a muitas mãos e é muito interessante discutir novamente, após quase 20 anos a gestão do Parque Rio Doce”, comentou Letícia Horta Vilas Boas, Gerente de Criação e Manejo de Unidades de Conservação no IEF.
Trata-se de um “documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade”, conforme prega a Lei Federal nº 9.985/2000, Art. 2º, inciso XVII).
O plano de manejo é elaborado a partir das melhores informações disponíveis a respeito da UC e região, com o objetivo de estabelecer seu planejamento estratégico. Uma de suas ferramentas mais importantes é o zoneamento que organiza espacialmente a unidade em setores ou zonas, incluindo a zona de amortecimento, sob diferentes graus de proteção, e define normas de uso que propiciam as condições para que seus objetivos possam ser alcançados.

O plano de manejo também propõe medidas para promover a integração da UC à vida econômica e social das comunidades relacionadas a ela, essencial para que sua implementação seja mais eficiente. No Estado de Minas Gerais os planos de manejo das unidades de conservação são submetidos à aprovação do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam).
*Com informações da Ascom/Sisema
Agência Minas: Parque Estadual do Rio Doce recebe representantes de instituições e comunidade para oficina de revisão do plano de manejo.
Diário de Caratinga: Parque Estadual do Rio Doce recebe representantes de instituições e comunidade para oficina de revisão do plano de manejo.
Diário do Aço: IEF conclui reuniões para revisão do Plano de Manejo do Perd.
Jornal de Uberaba: Parque Estadual do Rio Doce recebe representantes de instituições e comunidade para oficina de revisão do plano de manejo.
Agência RMVA: Plano de Manejo do Parque Estadual do Rio Doce passa por revisão.
Desde 2021 o Instituto Ekos Brasil compõe a Secretaria Executiva do Conselho do Mosaico de Áreas Protegidas Sertão Veredas Peruaçu, mas a nossa relação com a região já possui quase duas décadas. Por isso, podemos dizer que nossa ligação com a área não é apenas de trabalho, mas é também cheia de afeto e dedicação pela natureza e pelas comunidades que ali habitam.
E para nós é motivo de muito orgulho ver que o Mosaico Sertão Veredas Peruaçu acumula alguns “títulos”, tamanha sua importância em âmbito nacional e internacional para a conservação. Um deles é o de Floresta Modelo, atribuído em 2005, sendo umas das seis existentes no Brasil.
Uma Floresta Modelo é uma plataforma de gestão territorial que contempla processos sociais, inclusivos e participativos tendo em vista o desenvolvimento sustentável. Essas florestas atuam especialmente por três dos 17 ODSs: erradicação da pobreza (1), combate às alterações climáticas (13) e vida sobre a terra (combate à desertificação – 15).
De caráter público-privadas, intersetoriais, voluntárias e de governança participativa, essas áreas estão ligadas em redes, sendo a rede internacional composta por 60 florestas em 35 países. No caso do Brasil, temos seis florestas na Rede Nacional de Florestas Modelo (criada em 2019), que por sua vez compõem a Rede Latino-Americana, com 36 florestas. Ao todo, contemplam aproximadamente 10,7 milhões de hectares, com elevada sociobiodiversidade, distribuídas nos biomas da Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, Caatinga e Pantanal e abrigam uma população superior a 1,5 milhão de pessoas.
Localizada no norte e noroeste de Minas Gerais e parte do sudoeste da Bahia, à margem esquerda do Rio São Francisco com área total de 1.783.799 hectares e perímetro de 1.210 km, nossa floresta tem como bioma predominante o Cerrado e abriga uma grande quantidade de aves e mamíferos, muitos em extinção. De acordo com o Sistema Nacional de Informações Florestais, ali vivem cerca de 70 mil pessoas que sobrevivem da produção agrícola, apícola e avícola, da fabricação de carvão vegetal, extração de pequi e buriti.
A governança da Floresta Modelo na região auxilia no monitoramento ambiental, na prevenção e controle de incêndios florestais, na produção sustentável de mel de abelha e na extração do babaçu, além de ajudar a promover o artesanato regional.
Apenas para citar algumas das atividades desenvolvidas a partir da Floresta Modelo, estão a estruturação do Centro Comunitário de Extrativismo e Artesanato do Cerrado de Pandeiros; o apoio à implementação de pequenas unidades familiares de criação de aves, caprinos e ovinos por meio da Cooperativa de Produtores Agroextrativistas do Projeto COOPAE; a implementação da unidade de processamento integral do babaçu; e a organização, estruturação e capacitação de associações comunitárias.
Cada Florestas Modelo no Brasil e ano de criação:
| A Floresta Modelo Mata Atlântica (MG) | 2004 |
| Floresta Modelo Mosaico Sertão Veredas Peruaçu (MG/GO/BA) | 2005 |
| Floresta Modelo Caçador (SC) | 2013 |
| Floresta Modelo Amazonas Tapajós (PA) | 2017 |
| Floresta Modelo da Hileia Baiana (BA/ES) | 2019 |
| Floresta Modelo Pantanal (MS) | 2021 |
Criada em 2019, a rede brasileira nasce com o objetivo principal de orientar e apoiar o funcionamento e a governança do conjunto das Florestas Modelo existentes no país e daquelas que venham a ser criadas.
Além disso, deve apoiar a gestão e governança de seus membros, reconhecer as práticas e ações de sucesso com o intuito de replicá-las em outras Florestas Modelo, promover intercâmbios e eventos e apoiar a criação de novas Florestas Modelo. A Rede vem sendo fortalecida para que as Florestas Modelo continuem valorizando a biodiversidade e os povos tradicionais, mitigando os impactos das mudanças climáticas e promovendo a bioeconomia.
O Instituto Ekos Brasil apoia e participa das iniciativas da Rede Brasileira de Florestas Modelo, representando a Floresta Modelo Sertão Veredas Peruaçu.
Para saber mais e saber como apoiar nosso trabalho na região, entre em contato com a gente!

Um “corredor verde” na cidade, um “rooftop” que vira jardim, o terreno baldio que vira horta, a encosta de um viaduto que se transforma em uma mini floresta vertical. Soluções simples e até visualmente bonitas, mas quase sempre incompreendidas e por isso pouco valorizadas pelos cidadãos comuns.
Re-naturalizar as cidades é, na verdade, uma das soluções baseadas na natureza que têm o intuito, por exemplo, de reduzir o fluxo de água das tempestades que pressionam os sistemas de drenagem em grandes cidades. O mesmo serviço que presta uma floresta na regulação do nosso sistema hídrico natural.
O exemplo é para deixar um pouco mais claro o que significa um dos “termos do momento” no universo da sustentabilidade: Nature-Based Solutions (NbS), ou Soluções Baseadas na Natureza (SbN), uma das metas estabelecidas pelo Marco Global da Biodiversidade.
As Soluções Baseadas na Natureza são ações para proteger, gerenciar de forma sustentável e restaurar ecossistemas naturais ou modificados, que abordam os desafios sociais de forma eficaz e adaptativa, proporcionando simultaneamente benefícios ao bem-estar humano e à biodiversidade
União Internacional para a Conservação da NaturezA
Tecnicamente, é um termo amplo que contempla outras abordagens e estudos já estabelecidos como adaptação baseada em ecossistema (EbA, sigla em inglês) e mitigação (EbM, sigla em inglês), redução de riscos de desastres ecológicos (eco-DRR, sigla em inglês), Infraestrutura Verde (GI sigla em inglês) e Soluções Climáticas Naturais (NCS, sigla em inglês).
Em palavras mais simples, as SbN se inspiram em sistemas e serviços desenvolvidos pela própria natureza com o intuito de resolver ou amenizar alguns dos grandes desafios globais como as mudanças climáticas, a degradação dos ecossistemas, a perda de espécies silvestres e o crescimento cada vez mais preocupante de cidades pouco planejadas, insustentáveis e insalubres.
Acima demos um exemplo de como nossas cidades podem se beneficiar dessas soluções. Mas existem muitos outros que impactam positivamente, de uma maneira geral, a sociedade, a natureza e a economia.

São exemplos de Soluções Baseadas na Natureza a agricultura social (práticas de agricultura desenvolvidas nos centros urbanos e periferias como hortas comunitárias que promovem saúde, inclusão social e aproveitamento “verde” de espaços urbanos); irrigação com água de reuso (assim como a natureza reutiliza a água); restauração de planícies inundadas, dentre outros.
A aposta nas NbS não é à toa. Tais práticas são inovadoras na medida em que garantem serviços de infraestrutura eficientes a um custo muito menor de implementação e manutenção do que outros tipos de engenharia e serviços, sem mencionar o fato de que muitas dessas soluções se tornam autossustentáveis ao longo do tempo.
O conceito de Soluções baseadas na Natureza é uma forma de aumentar a percepção das pessoas sobre os serviços que a natureza presta. Ademais, ajudam a atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Além disso, ao mesmo tempo em que entregam infraestrutura, as NbS também edificam maior resiliência climática ao sequestrar carbono, gerar habitat para a biodiversidade, promover o crescimento verde, a eficiência energética, a melhoria da qualidade do ar, dentre outros, e ainda gerar cobenefícios sociais para como recreação e inclusão para as comunidades envolvidas.
Por Cibele Lana.
Realizada em dezembro de 2022, a última Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP15) fechou sua Plenária com a aprovação importante do Marco Global da Biodiversidade. Com quatro objetivos e 23 metas, sobre as mais variadas temáticas, o documento foi chamado de “Acordo de Paris” da Biodiversidade, tamanha sua importância para frear o desequilíbrio ecossistêmico.
Um dos destaques do Marco é a validação do papel dos povos indígenas como guardiões da biodiversidade e detentores de saberes inigualáveis sobre o manejo e restauração das áreas naturais.
No Brasil, temos muitos exemplos que comprovam esse papel. Não à toa o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro, na Amazônia, foi reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como Patrimônio Cultural do Brasil. Desenvolvido pelos povos indígenas da região, esse sistema tradicional repleto de saberes evidencia a habilidade desses povos em produzir de forma sustentável, especialmente com a cultura da mandioca, garantindo a conservação da floresta.
Esse é só um exemplo, já bastante difundido no senso comum, de como os povos indígenas desenvolveram formas de manejo sustentável da floresta capazes de produzir alimentos ao mesmo tempo em que mantêm o equilíbrio do ecossistema. De fato, de acordo com o Instituto Socioambiental, foram as técnicas de manejo sustentável dos indígenas que deram origem a produtos que conhecemos hoje, de plantas como a castanheira, a pupunha, o cacau, o babaçu, a mandioca e a araucária.
No entanto, para ir além do senso comum, apresentamos ao menos três pesquisas e relatórios recentes e de alta confiabilidade que atestam a importância primordial dos povos indígenas e suas terras, juntamente com as Unidades de Conservação, para a conservação da biodiversidade dos nossos biomas. Uma comprovação científica e baseada em dados para o que o Marco Global da Biodiversidade já afirma.
O mais recente relatório do projeto Amazônia Viva, do WWF, divulgado no segundo semestre de 2022, afirma que enquanto apenas nove variedades de plantas representam 66% da produção agrícola mundial, os povos indígenas da Amazônia utilizam cerca de 200 espécies diferentes de árvores como fontes madeiráveis, 100 das quais também oferecem outros tipos de produtos. Por isso, o relatório é categórico:
“Os sistemas de produção agrícola biodiversos dos povos indígenas amazônicos ajudam a deter a perda de biodiversidade e desertificação do solo, ao mesmo tempo que contribuem com a soberania alimentar a nível local”.
Para corroborar com a evidência de que os povos indígenas têm muito a nos ensinar sobre desenvolvimento sustentável e proteção dos recursos naturais, uma pesquisa recente conduzida pela Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada mostrou que a menor taxa de desmatamento na Amazônia Legal entre 2001 e 2020 aconteceu em Territórios Indígenas, enquanto que a maior aconteceu fora desses Territórios e fora das Áreas Naturais Protegidas. Atualmente, são 390 Territórios Indígenas na Amazônia Nacional, representando 22,1% desta região e que confirmam ser, também, uma proteção resiliente contra aqueles garimpeiros, grileiros, madeireiros, fazendeiros etc, que ainda não compreenderam a importância da conservação da floresta e do seu uso sustentável.

Dados como esses são importantes para a fundamentação de acordos globais e nacionais de combate às mudanças climáticas e conservação da natureza. Para contribuir com esse objetivo, um grupo de cientistas publicou em 2018 na Nature Sustainability, um renomado journal científico, o estudo “A spatial overview of the global importance of Indigenous lands for conservation” que fez uso de referências geoespaciais e sugeriu fortemente que “reconhecer os direitos dos povos indígenas à terra, à repartição de benefícios e instituições é essencial para atingir as metas locais e globais de conservação da biodiversidade”.
A pesquisa mostrou também que mesmo que povos indígenas representem apenas 5% da população global, eles administram ou têm direito sobre 38 milhões de km2 de terras em 87 países, o que representa mais de um quarto da superfície terrestre e, ainda, são áreas que cruzam com cerca de 40% de todas as áreas terrestres protegidas e com paisagens ecologicamente intactas.
A figura a seguir foi retirada do estudo e mostra a interseccionalidade entre terras indígenas, áreas protegidas e paisagens naturais em cada região do globo. O círculo maior é proporcional, em escala, à área total terrestre do planeta (excluindo a Antártica).

Em nossa jornada ao longo de anos trabalhando com projetos de biodiversidade, podemos dizer que a experiência em campo nos confirma o que dizem as pesquisas, os relatórios e o próprio Marco Global da Biodiversidade. Onde há respeito pela cultura e pelos territórios dos povos indígenas, consequentemente há também uma conservação maior da biodiversidade.
Entre em contato e saiba mais sobre as nossas iniciativas relacionadas à conservação da biodiversidade.
Nos dias 30 de janeiro, 01 e 03 de fevereiro de 2023 o Instituto Estadual de Florestas, o Instituto Ekos Brasil e a consultoria Plantuc Projetos Socioambientais conduziram reuniões preparatórias com as comunidades da Zona de Amortecimento do Parque Estadual do Rio Doce (PERD) como parte do processo de revisão do Plano de Manejo da Unidade de Conservação. São 9 os municípios que fazem parte da Zona de Amortecimento: Dionísio, Marliéria, Timóteo, Jaguaraçu, Caratinga, Bom Jesus do Galho, Pingo d’Água, Córrego Novo e Raul Soares.
A escolha dos locais para as reuniões teve como critério a facilidade de acesso e a distribuição territorial das comunidades desses municípios em relação ao Parque.





No primeiro dia a reunião aconteceu em Cava Grande, município de Marliéria, e contou com a participação de 32 pessoas; no segundo dia aconteceu no município de Pingo D’Água, com a presença de 33 pessoas; e a terceira reunião aconteceu no município de Timóteo, com 30 participantes. No dia 09 de fevereiro tivemos a reunião preparatória específica com as Prefeituras dos Municípios inseridos na Zona de Amortecimento do PERD, com 21 participantes
Ao total, as reuniões envolveram 116 atores de diferentes organizações e instituições público, privadas e sociedade civil e tiveram como objetivos divulgar e esclarecer informações sobre o processo de revisão do Plano de Manejo; colher contribuições dos participantes sobre a conservação do PERD e sua relação com o entorno; e identificar possíveis atores que participarão da Oficina de Revisão do Plano de Manejo da Unidade de Conservação, prevista para abril de 2023. Em breve serão realizadas reuniões com o terceiro setor e setor produtivo.
A participação das comunidades do entorno do Parque, das instituições e organizações que estão neste território é fundamental para qualificar e legitimar a revisão do Plano de Manejo desta Unidade de Conservação.
Conversamos com Maria Cristina Weyland sobre a importância da RPPN. Confira.
Como o próprio nome já diz, a Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) é uma área protegida mantida pela iniciativa voluntária de uma pessoa ou empresa e é a única categoria oficial no Brasil de área protegida particular. Uma vez criada, seu status é perpétuo.
A possibilidade de criar uma RPPN existe desde 1990 quando um decreto deu aos proprietários particulares de áreas rurais ou urbanas a possibilidade de contribuir com a conservação da natureza quando suas propriedades apresentam potencial para isso.
Ao todo, atualmente são 1802 RPPNs espalhadas em todos os biomas brasileiros, contabilizando mais de 820 mil hectares conservados, de acordo com os indicadores fornecidos pela Confederação Nacional de RPPN. A maioria se encontra na região Sudeste e são Unidades de Conservação Estaduais.
Conheça o livro “RPPNs para Sempre: Contos, Encantos e Desafios!” lançado pela Confederação Nacional de RPPN.
O Instituto Ekos Brasil conversou com Maria Cristina Weyland, uma das porta-vozes com mais credibilidade sobre RPPNs no Brasil. Maria Cristina é presidente da Associação de RPPN de Minas Gerais (ARPEMG), Diretora Técnica da Confederação Nacional de RPPN, Vice-Presidente do Instituto Sul Mineiro de Estudos de Conservação da Natureza e mais recentemente também assumiu como ponto-focal no Brasil da Comissão Mundial de Áreas Protegidas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

“Temos muito a celebrar, certamente. Como participante da Comissão Mundial de Áreas Protegidas da IUCN, pelo que eu vejo, a RPPN é um instrumento, dos mais exitosos para a proteção da biodiversidade por meio da conservação de áreas particulares. No Brasil contamos com várias associações estaduais, além de uma Confederação Nacional”, comenta.
Ao se decidir pela criação de uma RPPN, o proprietário particular deve procurar o órgão ambiental estadual ou federal e estar ciente de que o processo requer uma etapa um pouco burocrática de análise e envio de documentos, incluindo um mapa com o georreferenciamento da área a ser registrada como RPPN.
Depois de criada, a área pode explorar e desenvolver atividades de ecoturismo, educação ambiental e atividades de cunho científico. “Explorar a área com essas atividades é interessante para poder receber certos tipos de verbas e compensação ambiental”, diz.
Maria Cristina também explica que não há exigência de tamanho para a criação de uma RPPN e que mesmo pequenas áreas têm o papel de mostrar um compromisso socioambiental.

No entanto, destaca sua admiração por uma das maiores RPPNs do Brasil, o Santuário da Caraça, mantida por uma organização religiosa no bioma da Mata Atlântica em Minas Gerais e “sobrevivente” de uma região de mineração. “É um dos lugares que todo mundo deve visitar”, completa.
Algumas personalidades brasileiras também detêm e ajudam a divulgar as RPPNs como o cantor Ney Matogrosso e o fotógrafo Sebastião Salgado que, juntamente com Lelia, sua esposa, são proprietários da Fazenda do Bulcão, em Minas Gerais, uma área que, antes tomada por pastos degradado, foi completamente reflorestada com Mata Atlântica, tornando-se um exemplo para a região do rio Doce, em MG e para todo o Brasil.

Além disso, empresas de todos os portes também têm investido na criação e manutenção de RPPNs como compensação ambiental e iniciativa de sustentabilidade corporativa.
Interessou? Entre em contato com o Instituto Ekos Brasil!
Que a região do Peruaçu (MG) é rica em atrativos naturais e culturais é um consenso. Agora, você sabia que por lá são encontradas inúmeras folhas, cascas, resinas e raízes com valores medicinais? Com o intuito de conservar e resgatar essa cultura tradicional ao lado dos povos originários e população local da região, profissionais do Instituto Ekos Brasil decidiram utilizar plantas medicinais para recuperar áreas degradadas do Peruaçu.
Murilo Mendes e Antônio Carlos Ribeiro são da equipe do Instituto Ekos Brasil e ficam no escritório do Instituto na comunidade Fabião II, em Itacarambi (MG).
“O conhecimento das plantas medicinais está se perdendo. Às vezes, temos que ir para a farmácia e encontrar um remédio que está no nosso jardim”, comenta Murilo sobre o impacto que o projeto pode trazer na região.
O primeiro passo de articulação para a definição do futuro projeto foi a ida à campo para conhecer, principalmente, plantas medicinais originárias da região, algumas raras de ser encontradas e ameaçadas pelo desmatamento e degradação ambiental. Para isso, contaram com o apoio da mestrando do ESCAS, IPÊ, Lara Zamparo Franco, e do Seu Norinho, como é carinhosamente conhecido, que mora há mais de 30 anos na área, antes mesmo de se tornar o PNCP.
“Há cavernas do parque que só ele conhece”, relata o também viveirista do Ekos Antônio.

Por sua expertise, Seu Norinho hoje reside no Centro de Pesquisas e convive costumeiramente com pesquisadores e pesquisadoras que escolhem o Peruaçu como ponto de estudo. Além de Norinho, o Pajé Vicente de uma das aldeias, abriu as portas da aldeia para compartilhar seus conhecimentos sobre a vegetação nativa e se colocou à disposição para coletar sementes que servirão para recuperar as áreas degradadas do Parque.
“Seu Norinho não conhecia o Pajé Vicente e os dois tinham os mesmos conhecimentos. Isso é mais um impulso para preservarmos essa expertise que pertence aos povos originários”, contam.
Uma das atividades realizadas para valorização e disseminação desse conhecimento sobre plantas medicinais envolveu os alunos e as alunas da Escola Estadual Saturnino Ângelo Da Silva. As turmas participaram de um oficina no Ekos sobre plantas medicinais e preparam mudas para serem futuramente plantas nas dependências do Escritório do Instituto Ekos Brasil e na escola, para que os grupos visitantes possam conhecer mais uma riqueza do Peruaçu.

Identificar, coletar e produzir as mudas requer dedicação e empenho de toda uma comunidade, isso porque o encontro de três biomas no Parque e na APA (Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica) faz com que num raio de 50Km sejam encontradas impressionante diversidade de plantas medicinais. Um exemplo é o Pacari, uma planta com propriedades benéficas para o estômago que é encontrada em abundância apenas nos arredores da aldeia de Pajé Vicente.
“É de grande importância trazer a recuperação não somente das plantas, mas deste conhecimento, para que a comunidade valorize cada dia mais o que lhe pertence”, acredita Antônio.
A dupla narra que na região ainda encontram-se famílias com a cultura de desmatar a terra para o gado e que esse fogo corre o risco de atingir locais onde os povos indígenas coletam suas plantas medicinais. “Se eles perderem essa terra, eles perdem sua farmácia natural.”
Até o mês de novembro, Murilo e Antonio coletaram nove amostras de plantas com propriedades diferentes que melhoram desde dor de dente até a recuperação de gripe. Ao mesmo tempo forma coletadas sementes e forma produzida mudas para serem plantadas onde é necessária a recuperação da vegetação da Terra Indígena e da APA.

Tanto Murilo como Antônio não sabem até onde este trabalho pode chegar, mas ambos carregam a certeza de que se conseguirem recolher os conhecimentos existentes na região do Peruaçu e mostrar para os alunos e para a comunidade sua relevância, já sentirão enorme satisfação de saber que este rico conhecimento não será perdido: será replantado.
Acompanhe os desdobramentos dessa ideia conosco.
Nos meses de outubro e novembro o Instituto Ekos Brasil, o Instituto Estadual de Florestas e a Plantuc Projetos Socioambientais estiveram no Parque Estadual do Rio Doce (PERD) para fazer duas atividades de reconhecimento de campo que embasarão a revisão do Plano de Manejo do PERD.
Entre os dias 18 a 20 de outubro aconteceu a primeira etapa de reconhecimento de campo, que percorreu o Parque de norte a sul, leste a oeste. A atividade incluiu o reconhecimento do estado de conservação da unidade, das estruturas de uso público, de pesquisa, de administração e fiscalização, de regiões da zona de amortecimento, das trilhas e atrativos do PERD, como a trilha da campolina, a estrada do Salão Dourado, a Ponte Queimada, a Ponte Perdida e outros. Nos dias 08 e 09 de novembro a equipe se reuniu novamente no Parque para avaliar conjuntamente a efetividade da gestão do PERD.

O Plano de Manejo é um documento técnico que define o zoneamento e as normas de uma Unidade de Conservação (UC), é, portanto, um dos instrumentos de manejo que subsidiam a gestão de uma UC, garantindo sua efetividade e alcance dos seus objetivos.
A revisão do Plano de Manejo do Parque Estadual do Rio Doce faz parte do escopo do Termo de Parceria firmado entre o Instituto Ekos Brasil e o Instituto Estadual de Florestas e está sendo conduzida com base no Roteiro Metodológico do ICMBio.
Os próximos passos da revisão do Plano de Manejo incluem a elaboração da Caracterização da UC e Diagnóstico da zona de amortecimento, reuniões preparatórias e oficina de revisão do Plano.

Instituto Ekos Brasil foi convidado para participar do seminário interno do Observatório de Parcerias em Áreas Protegidas.
O Instituto Ekos Brasil foi convidado para participar do seminário interno do Observatório de Parcerias em Áreas Protegidas – OPAP, em encontro virtual que ocorreu dia 07 de outubro. O OPAP é um núcleo de pesquisa e de difusão de informação e práticas, que reúne professores e pesquisadores de diferentes instituições públicas de ensino superior brasileiras com o objetivo de promover o conhecimento sobre o tema das parcerias em áreas protegidas, a partir da contribuição da pesquisa, ensino e extensão.
Neste encontro, pudemos apresentar o Termo de Parceria estabelecido com o Instituto Estadual de Florestas (IEF), órgão gestor das Unidades de Conservação do Estado de Minas Gerais, em que atuamos para a Consolidação do Parque Estadual do Rio Doce. Além disso, apresentamos a experiência do Instituto Ekos no Acordo de Cooperação com o ICMBio no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu e os aprendizados construídos ao longo de cinco anos.
Além do time Ekos, estiveram presentes professores/as e pesquisadores/as da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), Universidade de São Paulo (USP), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).
Após a exposição tivemos um momento rico de diálogo, com pontos relevantes da experiência do Instituto Ekos em parcerias em áreas protegidas, considerando os aprendizados e desafios desde o ponto de uma OSCIP, além da apresentação de possíveis questões de pesquisa nessa temática.
No dia 5 de outubro, o escritório do Instituto Ekos Brasil na comunidade Fabião II, em Itacarambi/MG, sediou a 44º reunião do Conselho do Mosaico Sertão Veredas Peruaçu, a primeira presencial após os anos de distanciamento social exigidos para conter o avanço da COVID-19.
Participaram 54 representantes de organizações comunitárias, de órgãos públicos e de ONGs, dos quais 35 estiveram presencialmente e 19 virtualmente, a primeira experiência de reunião com participação híbrida, com o objetivo de ampliar as presenças. Foram diálogos bem-sucedidos que proporcionaram um reencontro de conselheiros profissionais que há mais de 2 (dois) anos não se viam.

O destaque da reunião foi o estudo realizado que identificou que as águas consumidas pelas comunidades rurais se encontram contaminadas por agrotóxicos. Caberá ao Conselho encaminhar aos órgãos competentes a solicitação de ações diante dos riscos à saúde da população e da fauna, que vivem dessa água.
Idem, foram abordadas experiências de Produção de Natureza e Bosque Modelo – como oportunidades para fortalecimento da governança do mosaico-, maior conservação do ecossistema e a promoção de oportunidade de negócios sustentáveis.
Para encerrar, foi apresentado o projeto Peruaçu – uma trilha para a sustentabilidade e solicitado o engajamento geral para a compra do Casarão onde funcionam o Centro de Artesanato e Ponto de Cultura.
Esperamos a próxima reunião com a expectativa de revermos todos de forma presencial!