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Como o mercado de créditos de carbono impulsiona o desenvolvimento de tecnologias de baixo carbono?

Como o mercado de créditos de carbono impulsiona o desenvolvimento de tecnologias de baixo carbono?

O mercado voluntário de carbono desempenha um papel importante no avanço da Agenda 2030 e consequente mitigação das mudanças climáticas. E o que temos visto nestes últimos sete anos à frente do programa Compromisso com o Clima é que esse mercado também é responsável por impulsionar o desenvolvimento de tecnologias de baixo carbono tão necessárias para a transição para uma ECONOMIA de baixo carbono.

Acompanhando de perto empresas e proponentes observamos como os incentivos financeiros oferecidos por esse mercado financiam projetos que favorecem a geração de energia mais eficiente e limpa, a produção e a pesquisa de biocombustíveis, a instalação de fogões eficientes e sustentáveis ao invés daqueles alimentados por desmatamento de lenha nativa em comunidades tradicionais e ainda tecnologias que facilitam a implementação de projetos de restauração florestal.

Olhando para empresas como a Natura, por exemplo, que nos acompanha desde o início no Compromisso com o Clima, temos a tranquilidade em afirmar como esse mercado, em conjunto com outras práticas ESG, também incentiva as áreas de Pesquisa e Desenvolvimento dentro dos negócios, a fim de saírem na frente com soluções mais inovadoras e ao mesmo tempo sustentáveis.  

Outro benefício é a adoção em escala de tecnologias de baixo carbono. Iniciativas que antes poderiam se desenvolver de forma isolada, seja da parte dos projetos, seja dentro das empresas, passam a ser intercambiáveis, a compor uma rede e ganhar escala. A plataforma do Compromisso com o Clima é um ótimo exemplo neste sentido. A colaboração entre as empresas ao compartilhar suas “dores” em comum, levou ao desenvolvimento de uma plataforma digital com um portfólio altamente íntegro de projetos de créditos de carbono. Todos saem ganhando e o que poderia ficar restrito a uma empresa, agora leva benefícios a muitas.

Entenda como Compromisso com o Clima escala impacto da empresa com créditos de carbono que geram benefícios sociais e ambientais.

Por fim, a participação no mercado voluntário de carbono faz com que as empresas demonstrem seu compromisso com ações pelo clima. Essa postura atrai consumidores, investidores e demais stakeholders gerando um ciclo virtuoso de negócios engajados na transição econômica.

O Programa Compromisso com o Clima conecta empresas interessadas em compensar suas emissões de Gases de Efeito Estufa a projetos de alta integridade dedicados a gerar benefícios sociais e ambientais. A partir de uma metodologia diferenciada e reconhecida pelo mercado por sua credibilidade e transparência, o programa segue atuante por acreditar que, agindo de forma colaborativa, nossas ações têm maior impacto e apontam para um futuro cada vez mais sustentável.

A importância de indicadores de sustentabilidade e metodologias para avaliar o impacto socioambiental das operações de um negócio. O case do Prêmio Suíço de Sustentabilidade e Inovação.

A importância de indicadores de sustentabilidade e metodologias para avaliar o impacto socioambiental das operações de um negócio. O case do Prêmio Suíço de Sustentabilidade e Inovação.

Introdução

A mensuração da sustentabilidade é um desafio complexo, pois envolve avaliar o impacto das atividades humanas no meio ambiente, na sociedade e na economia de maneira integrada. Os indicadores de sustentabilidade são ferramentas essenciais nesse processo, pois fornecem uma base científica para avaliar o progresso rumo a um desenvolvimento sustentável.

Assim há muitas maneiras de avaliar o impacto socioambiental de uma empresa, por isso mesmo existem muitas metodologias disponíveis para essa mensuração por meio da construção de indicadores de sustentabilidade. Dentre algumas metodologias conhecidas, estão o triple bottom line, conhecido como tripé da sustentabilidade, e os indicadores de Gibson, por exemplo.

Donella Meadows desenvolveu a metodologia dos “Indicadores do Estado do Mundo” (Indicators of the State of the World), que buscava fornecer uma visão holística do estado do planeta em várias dimensões, como recursos naturais, pobreza, educação, saúde, entre outros. Essa abordagem permite identificar tendências e problemas emergentes, ajudando a informar políticas públicas e tomadas de decisão mais sustentáveis, tendo esta linha como base à proposta metodológica do Prêmio Suiço. A esquematização, adaptada da metodologia Meadows é apresentada abaixo.

Fonte: Meadows. Adaptado por Danielly de Andrade Mello Freire. 2022.

William E. Gibson, é outro importante pesquisador da área de sustentabilidade e propôs uma abordagem para o desenvolvimento de indicadores de sustentabilidade baseada em princípios sistêmicos. Ele defendeu que os indicadores devem considerar os sistemas naturais e sociais interconectados, permitindo uma análise mais abrangente dos impactos das atividades humanas ao meio ambiente

Sem indicadores claros e bem fundamentados, seria difícil monitorar o impacto das atividades das diversas operações dos diferentes setores privados existentes no mundo corporativo.

Além disso, os indicadores permitem comparar diferentes cenários e identificar tendências emergentes, possibilitando a identificação de problemas e a formulação de estratégias mais eficazes para a promoção de um desenvolvimento sustentável.

As metodologias propostas por Donella Meadows, William E. Gibson e o Tripé da Sustentabilidade têm contribuído para o desenvolvimento de sistemas de indicadores de sustentabilidade mais robustos e abrangentes. Essas abordagens científicas têm sido aplicadas em diversos estudos e projetos ao redor do mundo, auxiliando governos, empresas e organizações na busca por soluções mais sustentáveis para os desafios globais enfrentados atualmente e não foi diferente usá-las como base também para a construção da metodologia de avaliação da 1ª edição do Prêmio Suiço de Sustentabilidade & Inovação.

Metodologia do Prêmio

Propor uma nova ferramenta de avaliação de sustentabilidade corporativa demanda conhecimento prévio de outras metodologias e sistemas de sustentabilidade corporativa já existentes. Não é possível realizar uma gestão estruturada e que realmente possibilitará atingir metas, sem um conjunto de indicadores de sustentabilidade corporativa.

Em junho de 2022 foi estruturado um Grupo de Trabalho de Sustentabilidade – GTS composto por representantes da Embaixada Suíça, Instituto Ekos Brasil, Swisscam, Swiss Nex e Swiss Business que se uniram para promover o 1º Prêmio Suíço de Sustentabilidade e Inovação, com objetivo de reconhecer e fortalecer empresas brasileiras e suíças no Brasil que possuem como parte integrante da sua estratégia e cultura institucional a gestão de sustentabilidade corporativa como modelo de negócio

Créditos: Instituto Ekos Brasil.

Para a premiação das empresas, o Ekos Brasil liderou a  construção de uma metodologia única e específica que pudesse reconhecer as empresas que têm como parte da estratégia a sustentabilidade corporativa. 

O prêmio foi lançado por meio de um edital, com uma chamada ativa para empresas brasileiras e suíças, com sede no Brasil e/ou na Suíça, de diferentes portes e setores, a se inscreverem na primeira edição do prêmio. O método foi dividido em 4 etapas: 

1) Elegibilidade, com considerações importantes como apenas pessoas jurídicas poderiam se inscrever, com constituição no Brasil e/ou na Suíça, sendo cabível a desclassificação de qualquer empresa, em qualquer etapa caso estivesse com processos jurídicos ambientais em tramitação, entre outras questões éticas estabelecidas como inegociáveis pelo GTS. (Confira o edital)

2) Autodeclaração – um questionário desenvolvido pelo Ekos estruturado em 3 dimensões – Sustentabilidade Ambiental e Inovação, Governança e Ética, e Social. Estas dimensões foram escolhidas com base na escolha principal como estruturação das estratégias de sustentabilidade corporativa nas empresas. 

Além deste lugar de senso comum, foram definidas questões propostas pelo sistema Meadows para tentar captar toda a integralidade que a sustentabilidade já possa ter dentro dos negócios.

A equipe Ekos também conduziu pesquisas e benchmarkings sobre diferentes rankings e premiações nacionais e internacionais, a exemplo o prêmio segurança DuPont, ISE-B3, DJSI e indicadores Ethos. Esta etapa deu base para compor um score dimensional às empresas inscritas as possibilitando ou não passar para a fase seguinte.

3) Evidências – serviu para que de modo amostral pudéssemos comprovar algumas das respostas autodeclaradas pelas empresas dada na etapa anterior, assim como apresentar um pitch esclarecendo como a estratégia de sustentabilidade corporativa estava relacionada ao modelo de negócio da empresa.

4) Deliberação Final pelos conselheiros e Embaixador. Com base no compilado de informações recebidas nas etapas anteriores, o Conselho conseguiu avaliar não apenas pelo score mas também com as evidencias e pelo pitch quais empresas estavam mais aderentes ao objetivo central proposto pela primeira edição do prêmio.

Etapas metodológicas para avaliação de empresas no Prêmio Suíço de Sustentabilidade e Inovação. Fonte: Instituto Ekos Brasil, 2023.

Seguindo estas etapas, 40 empresas e 43 startups voluntariamente se inscreveram para participar deste prêmio, de ambos os países. Ao fim, as empresas Hilti Brasil e Grupo Ambipar foram as que passaram por todas as fases do processo e, merecidamente, ganharam a premiação. O processo do Prêmio de Sustentabilidade iniciou em junho de 2022 e encerrou no último dia 5 de julho na Embaixada Suíça (DF), com o evento à altura da paixão e profissionalismo empenhados por todos os integrantes do GTS. 

Para que todo o projeto tivesse um mesmo fio condutor, o Ekos em uma reunião de trabalho com a Swiss nex deu orientações técnicas sobre sustentabilidade corporativa para construirmos o challenge em conjunto, para que nesta primeira edição o foco das inovações oferecidas pelas startups fosse em zero waste.

Ao lado de Danielly Mello Freire, integraram ao GTS a Presidente Ekos Brasil Ana Moeri e a Gestora Ekos Brasil Jéssica Fernandes, o embaixador Pietro Lazzeri, MARTIN EGGENSCHWILER da Embaixada Suíça, Mariana Badra e Denise Ortega da SWISSCAM Câmara de Comércio Suíço-Brasileira, Malin Borg e Bianca Campos da Swissnex in Brazil e Hans Andreas Aebi da Swiss Business Hub Brazil.

Também marcaram presença na premiação governantes de ambos os países, como o Conselheiro Federal Guy Parmelin e o Ministro interino Luis Fernandes, do MTCI, e o convidado Ernst Götsch, estudioso e prático da agroecologia, que tem como base de estudos a compreensão da importância do ser humano (re)conectar-se como parte do meio em que vive para (re)conhecer-se como natureza. 

“Temos a certeza de que o evento foi um sucesso. Agradecemos, profundamente, todas as pessoas envolvidas que se mostraram solícitas e atenciosas. Foi um projeto complexo de gerir, mas prazeroso, visto a educação e engajamento de todos e de todas”

completa Danielly.

Considerações Finais

Destacando então a importância de indicadores de sustentabilidade e metodologias possíveis para desenvolver projetos que consigam avaliar o impacto socioambiental das operações de um negócio. A exemplo da própria metodologia desenvolvida para a 1ª edição do prêmio de sustentabilidade.

O prêmio atingiu seu propósito de reconhecer 2 empresas, tanto brasileiras quanto suíças,  que tem como parte integral de sua estratégia de negócio a sustentabilidade corporativa, assim como duas startups que propõem e trabalham com soluções com base zero waste, ou seja, zero resíduo.

As dimensões de avaliação da metodologia escolhidas, foram as mais comumente utilizadas para gestão de negócio, logo foram escolhidas as dimensões: Sustentabilidade Ambiental e Inovação, Governança e Ética, e Social. Além disso, o processo de avaliação envolveu etapas de autodeclaração pelas empresas, apresentação de evidências e a deliberação final por parte dos conselheiros e do Embaixador da Suíça no Brasil.

Ao final do processo, duas empresas, Hilti Brasil e Grupo Ambipar, foram reconhecidas e premiadas por sua aderência aos princípios de sustentabilidade corporativa e inovação, mostrando o comprometimento com um desenvolvimento mais sustentável e responsável.

A parceria entre o Instituto Ekos Brasil, a Embaixada Suíça, a Swisscam, a Swiss Nex e a Swiss Business para promover esse prêmio ressaltou o engajamento das instituições em impulsionar a sustentabilidade e a inovação no cenário empresarial, incentivando ações concretas em direção a um futuro mais sustentável.

Em suma, o texto enfatiza que a mensuração da sustentabilidade é fundamental para compreender o impacto das atividades ao meio ambiente, à sociedade e à economia.

Indicadores de sustentabilidade, por meio de embasamento metodológico científico, fornecem uma base sólida para medir o progresso rumo ao desenvolvimento sustentável, essencial para orientar ações públicas e privadas. 

Por meio do Prêmio Suico de Sustentabilidade e Inovação as empresas conseguem ganhar mais força e incentivo em inovar frente à gestão de sustentabilidade nas companhias para que o setor privado trilhe um caminho para a construção de um mundo mais sustentável e equitativo.

Referências

Meadows, D. Indicators and Information Systems for Sustainable Development.

Sustainability Institute. 1998.

The Business of Sustainability. Building Industry Cases for Corporate Sustainability.

2004

BRASIL. ODS Brasil 2030. Disponível em: <http://odsbrasil.gov.br/home/agenda>.

Commission on Sustainable Development. Indicators Of Sustainable Development:

Framework And Methodologies. 2001.

Compromisso com o Clima escala impacto da empresa com créditos de carbono que geram benefícios sociais e ambientais.

Compromisso com o Clima escala impacto da empresa com créditos de carbono que geram benefícios sociais e ambientais.

Nos últimos anos, em uma corrida pela sustentabilidade, muitas empresas saíram de simples ações de contagem de carbono para estratégias de gestão corporativa de emissões.  

Apesar desse movimento bastante positivo, não demorou muito para que muitas se dessem conta de que, ao trabalhar de forma isolada, suas ações esbarravam em burocracias, custos altos e serviços de qualidade duvidosa, comprometendo a escala do impacto socioambiental almejado.

Foi diante desta “dor” do próprio mercado que Itaú e Natura, em 2017, juntamente com o Instituto Ekos Brasil, se uniram para enfrentar tais desafios e agregar forças pelo desenvolvimento sustentável. Em uma jogada inovadora e ousada, deixaram a competitividade de lado e deram início ao Programa Compromisso com o Clima.

Seis anos depois, o programa é um dos grandes destaques no Mercado Voluntário de Carbono no Brasil, reconhecido por sua credibilidade e processos de due diligence que garantem a alta integridade dos créditos provenientes dos seus projetos.

Não só. O Programa Compromisso com o Clima, cada vez mais, também alcança indicadores robustos ao comprovar a escala do seu impacto socioambiental. Em todo o Brasil, os projetos que compõem nossa plataforma de compensação geram renda, capacitação profissional, preservam os recursos naturais e privilegiam meios de produção mais limpos”,

destaca Danielly Mello Freire, coordenadora do programa.

De acordo com os dados avaliados pela metodologia de integridade de crédito do Programa Compromisso com o Clima, referentes aos projetos dos desenvolvedores de reduções verificadas de emissões (RVEs), apenas no ano de 2022 o nosso programa:

Preservou 3.026,96 ha de floresta, beneficiou 186 famílias diretamente, capacitou 406 pessoas, deixou de utilizar 16.982,05 t de combustível, gerou 785.481.276,20 kWh de energia renovável, aproveitou 321.893,63 t de resíduos, gerou R$ 2.046.305,04 em renda direta e reduziu 3.366.320,00 tCO2e de emissões totais e verificadas.

Traga sua empresa para o Compromisso com o Clima e venha escalar seu impacto positivo junto às nossas outras apoiadoras.

Não é só networking. Compromisso com o Clima permite acesso a serviço de qualidade na hora de compensar emissões de carbono.

Não é só networking. Compromisso com o Clima permite acesso a serviço de qualidade na hora de compensar emissões de carbono

O mundo corporativo é conhecido por ser um espaço de competitividade. No entanto, sabemos que quando as empresas se abrem para a colaboração, surgem soluções ainda mais inovadoras e de maior escala de impacto positivo.

É exatamente isso o que comprova o sucesso do Programa Compromisso com o Clima. Desde 2017, grandes empresas resolveram se unir para reduzir burocracias, compartilhar custos e ter acesso a um serviço íntegro e de alta qualidade na hora de compensar suas emissões de Gases de Efeito Estufa. 

“Gostamos de salientar que o Compromisso com o Clima não é apenas um programa de networking entre as empresas. Por mais que isso aconteça de forma orgânica, o programa é resultado da colaboração entre empresas que desejam ter acesso a um serviço de qualidade, transparente e com redução de burocracias.”

Destaca Danielly Mello Freire, coordenadora institucional do Programa.

De forma inovadora, as empresas compartilham os custos técnicos e jurídicos para a seleção de projetos de alta integridade. Isso significa que, além de serem aprovados em um processo rigoroso de avaliação técnica socioambiental e jurídica, também são certificados quanto à entrega de benefícios sociais e ambientais para o país e comunidades ao entorno dos projetos.

“A MRV está no Compromisso desde a terceira chamada. E o que nos fez participar foi a due diligence, a credibilidade da origem dos créditos de carbono. Temos certeza que os projetos que compramos vêm de projetos com governança, que trazem rastreabilidade do carbono. Fora (o fato de) a rede ser uma plataforma de compartilhamento de experiências, de dores, de dificuldade, onde a gente aprende muito com outras experiências. Vale muito a pena!”

Ressalta José Luiz Esteves da Fonseca, Gestor Executivo de Sustentabilidade e Relações Institucionais, na MRV.
ESG e Gestão Climática no setor privado ainda esbarram em desafios de governança e mensuração de impacto

ESG e Gestão Climática no setor privado ainda esbarram em desafios de governança e mensuração de impacto

Em evento promovido pelo Instituto Ekos Brasil, executivos de grandes empresas dialogaram sobre sustentabilidade corporativa e mercado de carbono. 

Lideranças das áreas de sustentabilidade e gestão climática estiveram reunidas na manhã desta segunda-feira, 29, no evento “V Diálogos sobre a Nova Economia” organizado pelo Instituto Ekos Brasil em parceria com as empresas apoiadoras institucionais do Programa Compromisso com o Clima.

Em sua 5ª edição, o evento debateu sobre “Estratégia ESG e Gestão Climática no setor privado” com apresentação de cases e um painel de diálogo entre representantes das empresas Natura, Itaú e Localiza.

Ana Cristina Moeri, presidente do Ekos Brasil fala aos participantes.
Ana Cristina Moeri, presidente do Ekos Brasil fala aos participantes.

Para os gerentes presentes, um desafio comum no setor privado é o reporte dos indicadores de sustentabilidade. “Como reportar todas as suas métricas ESG e dar visibilidade ao mercado? Seguindo qual framework?”, indagou Emerson Gomes, Gerente de Legalização e Meio Ambiente da Localiza. Já João Teixeira, Gerente de Sustentabilidade e Mudança Climática da Natura e Co, destacou que ainda é muito complexo identificar o impacto à natureza quando se une outros aspectos da sustentabilidade e que, por isso, é preciso padronizar e reportar. 

Outra pauta comum e de grande relevância é o desafio da Governança, ou o G de ESG, dentro das empresas. De acordo com Teixeira, integração é essencial quando se fala em Governança.

“É preciso integrar gestão climática a planejamento financeiro, antecipar e entender onde temos oportunidades e riscos. Isso precisa estar bem integrado para demonstrar para a empresa o impacto da gestão do clima”, disse.  

Tal impacto, inclusive, se transformou em uma ferramenta de gestão integrada na Natura e Co, chamada IP&L (Integrated Profit and Loss, na sigla em inglês). “Começamos a correlacionar alguns aspectos financeiros desses impactos na gestão do carbono. Impacto para as pessoas e para a saúde pública, por exemplo”, completou Teixeira.

A Natura e Co, que recentemente conseguiu a listagem A do CDP, ainda assim sofre pressões dos investidores para voltar a figurar em alguns índices financeiros de sustentabilidade. Já do lado da Localiza, a pressão não passa por um índice específico. “Nosso investidor quer um compromisso público”, completa Gomes.

Com mais de 500 mil veículos em sua frota e cerca de 600 mil toneladas de emissões, sendo 96% provenientes do consumo final (clientes), a Localiza busca expandir sua visão ambiental para além do carbono, trazendo para a sua atuação os pilares dos resíduos e da energia. Antes, toda a manutenção dos carros era terceirizada, agora, a empresa tem grandes centros de manutenção. “Trouxemos isso para dentro, para inclusive educar nossos fornecedores, como os mecânicos de pequenas oficinas locais”, contou o executivo da Localiza.

Emerson Gomes, da Localiza
Emerson Gomes, da Localiza

Engajamento interno para gestão climática

Depois de trazer desafios e exemplos para engajar a cadeia de fornecedores e atender às exigências de investidores, os executivos também responderam a uma pergunta sobre o engajamento dos colaboradores das empresas com as metas de sustentabilidade e mudança climática.

“No banco, temos mais de 10 comitês, além do board executivo, discutindo sustentabilidade e ESG. Desde 2019 firmamos os compromissos de impacto positivo dentro de cada área. São metas do diretor(a) para a equipe que estabelecem qual ‘norte’ a equipe irá seguir”, conta Filipe Guimarães, Community Manager do CUBO Itaú.

 João Teixeira, da Natura dialogando sobre gestão climática e ESG.
João Teixeira, da Natura

Para João Teixeira, o que funciona dentro da Natura e Co é fazer as correlações entre as estratégias do negócio e como isso afeta as emissões. “Trazer uma relação causal, engaja mais”, disse o executivo. Já na Localiza, os projetos de sustentabilidade têm um líder de cada área de negócio, por isso pertencem a todas as áreas.

Além disso, Natura e Co e Localiza adotam abordagens educativas internas e metas de carbono aliadas à PLR para as lideranças.

Sustentabilidade e transformação digital

Para além do entusiasmo com a inovação e a tecnologia, os três executivos alertaram para a digitalização de metas e indicadores de sustentabilidade, ressaltando a importância de garantir due diligence, governança e de não fazer redução de emissões em cima de estimativas e soluções mágicas para questões que precisam de comprovações reais, como a redução de emissões absolutas de cada empresa.

Como apoiadoras institucionais do Compromisso com o Clima, as três empresas apresentaram seus cases de sustentabilidade destacando os benefícios do programa em suas estratégias.

A Natura é uma das primeiras apoiadoras e resgatou o histórico do programa como protagonista no mercado brasileiro.

“O Compromisso com o Clima veio para garantir integridade para um mercado volátil e disperso. Foi uma evolução para o comprador e para o desenvolvedor de créditos de carbono. Tínhamos um apetite por créditos, mas os projetos produziam muito mais. Então, nos juntamos e conseguimos escalar o impacto”

disse João Teixeira, Gerente de Sustentabilidade e Mudança Climática da Natura e Co.

Já a Localiza chegou a analisar a viabilidade de um programa interno de compensação, mas encontraram no Compromisso com o Clima tudo o que precisavam. “Temos um retorno positivo dos investidores pelo fato de estarmos ligados ao programa”, completou Emerson Gomes, gerente de Legalização e Meio Ambiente da Localiza.

Dicas filmes, livros e podcasts sobre Gestão Climática

Durante o evento, os executivos compartilharam dicas de filmes, livros e podcasts sobre a área. Confira:

Filme: Breaking Boundaries: The Science Of Our Planet

Livro: Sul – A Expedição Mais Perigosa do Mundo

Livro: Como evitar um desastre climático: As soluções que temos e as inovações necessárias

Livro: ON IMPACT: A guide to the Impact Revolution

Livro: Crise climática e o Green New Deal Mostra Ecofalante

Livro: Crise climática e o Green New Deal 

Mostra Ecofalante

Podcast: The Future of Energy

Podcast: Conversas Sustentáveis – Transformando Mentes

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Nem broker, nem marketingplace: negocie créditos de carbono

Na foto está uma mão encostando em um tronco de árvore coberto por musgo. Nem broker, nem marketplace: negocie créditos de carbono

Nem broker, nem marketplace. Programa Compromisso com o Clima permite que empresas negociem créditos de carbono diretamente com projetos. Saiba mais.

O Programa Compromisso com o Clima nasceu com a proposta inovadora de unir empresas comprometidas com a responsabilidade climática. Diferenças foram deixadas de lado e a colaboração entrou em cena para que, juntas, pudessem escalar suas ações de compensação através do mercado voluntário de carbono.

Com a gestão do Instituto Ekos Brasil, o programa desenvolveu uma plataforma chamada Ekos Social que conecta essas empresas a projetos que geram créditos de carbono de alta integridade. Para compor a plataforma, os projetos são submetidos à uma metodologia própria de avaliação jurídica, curadoria socioambiental, avaliação de riscos, além de fornecer às empresas apoiadoras total transparência no processo de avaliação e clareza nas contribuições alcançadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

“Uma diferença significativa do Programa Compromisso com o Clima para outros produtos do mercado de carbono é a ausência de intermediários no processo de negociação da precificação com os projetos geradores de créditos”.

explica Danielly Mello Freire, coordenadora de projetos de impacto e gestão climática no Instituto Ekos Brasil.

Por isso, o Compromisso com o Clima nada tem a ver com o trabalho de um broker, por exemplo, bastante comum no mercado. O broker, que pode ser uma empresa ou indivíduo, atua justamente como um intermediário entre compradores e vendedores,fazendo com que grande parte deste dinheiro não chegue na ponta, ou seja, até à população que vive nas comunidades do entorno dos projetos.

Com a plataforma Ekos Social essa etapa é suprimida e as empresas negociam os preços dos créditos diretamente com os proponentes dos projetos, que já estão devidamente certificados e avaliados, prontos para uma negociação segura e transparente.

“Outro esclarecimento importante é saber que o Compromisso com o Clima não é um marketplace. Nós não oferecemos produtos de prateleira”, completa Danielly.  “Cada projeto que compõe a plataforma já foi submetido a due diligence e a um escrutínio completo que garante seu alto padrão, cobenefícios socioambientais assegurados e segurança nas compensações. Aqui não há sequer uma brecha para ‘créditos fantasma’, como infelizmente temos visto no mercado”.

Para o ciclo 2023, a demanda das empresas apoiadoras institucionais do Compromisso com o Clima é de 600.000 tCO2e e o programa está pronto para atender esta demanda e ainda mais.

Com a plataforma Ekos Social, a compensação de suas emissões ganha mais simplicidade, conveniência, redução de custos e um resultado de maior escala, ao compensarem suas emissões em uma iniciativa em conjunto.

Os Apoiadores Institucionais do Programa compensam voluntariamente suas emissões de GEE, por meio da aquisição de reduções de emissões, pois entendem que este é um componente importante para o combate aos efeitos da mudança climática. Por meio da compensação, novos fluxos financeiros são gerados e aplicados em projetos socioambientais que promovem a transição para uma economia de baixo carbono. Tudo isso dentro de uma plataforma simples e segura sob a gestão do Instituto Ekos Brasil. 

Até quando vamos comemorar o dia da Terra?

Até quando vamos comemorar o dia da Terra?

O dia da Terra tem início na década de 70 nos Estados Unidos, em meio a uma onda de mobilizações nas ruas e entre acadêmicos sobre a importância do desenvolvimento sustentável. O mundo começa a despertar para a finitude dos recursos naturais e são aprovadas as primeiras leis ambientais tratando da emissão de gases de efeito estufa. 

Mais de 50 anos depois, o último Relatório de Avaliação (AR6) do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), continua alertando sobre as  consequências das emissões de gases de efeito estufa, e apresenta  ações mitigadoras possíveis para conter o aumento da temperatura média da Terra nos próximos anos.

O impacto da Mudança Climática já é devastador. Regiões litorâneas estão sendo desabrigadas por conta do aumento do nível do mar e metade da população mundial sofre com a escassez de água, colaborando com a crescente disseminação de doenças, apenas para citar dois exemplos. 

Por isso, ações mitigadoras urgentes devem ser colocadas em prática o quanto antes para que seja possível impedir o cenário de aquecimento acima de 1,5ºC. 

Hoje, o Instituto Ekos Brasil, como parte da sociedade civil, cumpre com o seu papel de colaborar e ajudar nessa missão de evitar um cenário climático cada vez mais devastador. Com o Programa Compromisso com o Clima, unimos empresas que desejam apoiar projetos socioambientais e fomentar uma economia de baixo carbono por meio da compra de carbono responsável no mercado voluntário de carbono.

Programa Compromisso com o Clima se destaca no mercado de carbono por processos de due diligence, transparência e credibilidade

Programa Compromisso com o Clima se destaca no mercado de carbono por processos de due diligence, transparência e credibilidade

Transparência, credibilidade e due Diligence no mercado de carbono trazem ao projeto destaque nacional.

Se você acompanha a área de sustentabilidade há algum tempo, sabe que apenas alguns anos atrás o mercado de carbono era um tema desconhecido e um ambiente de negócios ainda pouco explorado.

Um cenário que se alterou drasticamente com um verdadeiro “boom”, especialmente durante a pandemia, quando uma verdadeira corrida por mais sustentabilidade corporativa gerou uma alta demanda por créditos de carbono em todo o mundo, levando o mercado a atingir US$ 1 bilhão em transações no ano passado.

Com a alta, a área que antes contava com um nicho de empresas especializadas de repente foi inundada com organizações prometendo às empresas a compensação de suas emissões com créditos de carbono.

Infelizmente, surgiram também as primeiras notícias sobre “créditos fantasma” e projetos de baixa integridade no mercado.

O Compromisso com o Clima nasceu bem antes disso tudo acontecer com o objetivo de conectar empresas interessadas em compensar suas emissões de Gases de Efeito Estufa e projetos dedicados a gerar benefícios sociais e ambientais.

Com o apoio institucional de grandes empresas e compreendendo a fundo suas dores e aversão a riscos, o programa teve desde a sua origem o propósito de carregar consigo um lastro de credibilidade, transparência e due diligence, que agora fazem dele um programa de destaque no mercado de carbono brasileiro.

De fato, os projetos e seus proponentes, selecionados em cada ciclo, são submetidos à avaliação técnica, avaliação socioambiental e avaliação jurídica. Após a integração dos projetos escolhidos na plataforma Ekos Social, as empresas conseguem negociar diretamente com os projetos suas demandas de compensação, já com a garantia legal de que os projetos são seguros e responsáveis ao gerar créditos de carbono.

Por isso, nosso programa vem ganhando destaque no mercado brasileiro e já conta com o apoio institucional de nove grandes empresas de diferentes segmentos. Traga sua empresa para o Compromisso com o Clima e compense suas emissões corporativas com transparência e segurança técnica e jurídica.

mercado de carbono

Regulação brasileira do mercado de carbono: quais são as oportunidades para as empresas?

Apoiadoras institucionais do Programa Compromisso com o Clima participam de Fórum Técnico sobre Mercado de Carbono. Confira um resumo.

Neste segundo semestre de 2022, o Programa Compromisso com o Clima realizou o 1º Fórum Técnico para suas apoiadoras institucionais. O evento foi privado e contou com a participação de especialistas do mercado.

Durante uma manhã, o diálogo se desenvolveu a partir dos desafios e oportunidades que envolvem a regulação e os projetos do Mercado de Carbono no Brasil. No total, foram três mesas de debate.

Na primeira delas, Carolina Dihl Prolo, da LACLIMA e Natália Renteria, da Mombak, com moderação de Lina Pimentel, do escritório de advocacia Mattos Filho, apresentaram os pontos de interesse da Regulação Brasileira de Mercado de Carbono e as Oportunidades para as Corporações.

O artigo 6 do Acordo de Paris foi o fio condutor do diálogo, já que é esse o instrumento que facilita a cooperação entre os países e o cumprimento das suas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas, em inglês) e uma maior escala das ações. É esse artigo que trata do comércio dos resultados de mitigação, da certificação da redução das emissões e ainda, das abordagens não-mercadológicas.

Artigo 6 e a COP 26

Desde a COP 26, em Glasgow, novas regras foram definidas para a implementação desses pontos do artigo 6. Os Internationally Transfered Mitigation Outcomes (ITMOs, na sigla em inglês) ganharam uma definição: são resultados de mitigação verificados, reais e adicionais ou ainda reduções de GEE autorizadas para uso em NDCs ou outros propósitos internacionais de mitigação.

A COP 26 também avançou na criação do Órgão Superior de Redução de Emissões e sobre a transferência de créditos e projetos do MDL, mecanismo anterior ao Acordo de Paris, em determinadas condições. Além disso, estabeleceu que ITMOs e ERs (Redução de Emissões) também podem ser utilizadas em CORSIA (redução e mitigação das emissões de voos internacionais) e mercado voluntário. No caso de sua utilização em CORSIA e NDC, o governo hospedeiro deve emitir uma autorização específica e descontar do balanço de emissões apresentado à UNFCCC as reduções de emissões que foram transferidas.

Após uma breve explicação sobre as proposições do PL nº 2.148/2015 – (PL 528) e do Decreto n. 11.075 de 19 de maio de 2022, as especialistas ressaltaram que o avanço da agenda no executivo é um bom sinal para o Brasil. Primeiro porque significa a entrada de financiamento para manter ou recuperar nossas florestas, segundo porque nosso país tem um enorme potencial para projetos de Soluções Baseadas na Natureza e terceiro porque estamos em um momento de expansão regulatória que, ao garantir maior integridade socioambiental, pode ser um fator determinante para o sucesso do mercado.

Uma notícia bastante bem-vinda já que a expectativa de crescimento do mercado voluntário é de 15 vezes até 2030, quando poderá movimentar cerca de US$ 50 bilhões, de acordo com a Taskforce on Scaling Voluntary Carbon Markets.

Após a segunda mesa redonda, que apresentou cases brasileiros em projetos de carbono com os profissionais Janaina Dallan, da Carbonext, João Daniel, da ERA e Roberto Strumpf, da Radicle, os participantes tiveram a oportunidade de aprofundar a temática sobre os Compromissos Net Zero.

Danielly Mello Freire, do Instituto Ekos Brasil e Rebeca Lima, do CDP, compartilharam conceitos e pain points dos programas Net Zero, tão almejados pelas grandes corporações.

De acordo com a SBTi, assumir um Compromisso Net Zero significa se comprometer com a redução a ZERO das emissões dos escopos 1, 2 e 3 ou a um nível residual que seja consistente com a meta estabelecida em não ultrapassar o aumento da temperatura média da Terra em mais de 1,5oC. E também significa neutralizar as emissões residuais com base no ano definido por meta da empresa.

As especialistas explicaram que, dentro dos Compromissos Net Zero, a prioridade é a redução de emissões, mas que é importante as empresas considerarem a neutralização e a mitigação para além da cadeia de valor, como por exemplo, iniciativas que previnam o desmatamento e que invistam em projetos socioambientais.

Por que definir uma meta NET Zero?

Basicamente por três motivos principais.

– Desenho de estratégia: estratégia de negócio alinhada às demandas globais. Isso direciona o negócio à inovação e aumenta a competitividade.

– Fortalecimento da reputação: é esperado por todos os stakeholders que o negócio tome a frente nas ações pela responsabilidade climática.

– Gestão de risco: a definição de metas aumenta a confiabilidade por parte de investidores e amplia a resiliência frente aos riscos de exposição aos efeitos da crise climática e reduz custo de investimento com imprevisibilidade.

O evento proporcionou às empresas apoiadoras do Programa Compromisso com o Clima o compartilhamento de informações e atualização técnica sobre o mercado de carbono no Brasil e no mundo.

O Programa Compromisso com o Clima tem como propósito engajar o setor privado em ações de responsabilidade climática. Ao unir empresas com objetivos comuns pelo desenvolvimento sustentável somos capazes de agir de forma colaborativa, aumentando o impacto das nossas ações e contribuindo efetivamente por um futuro mais justo e regenerativo.

Traga sua empresa para o Compromisso com o Clima e faça parte deste movimento!

Mercado de carbono

Bioeconomia e REDD+ para manter a Amazônia em pé

Em recente viagem à campo, nossa colaboradora Danielly Mello Freire teve a oportunidade de retornar à região amazônica, na divisa do Pará com o Amapá, e ver de perto como os benefícios sociais e ambientais de um projeto de créditos de carbono de REDD+ transformam a vida de uma comunidade local.

Para celebrar a Amazônia e boas iniciativas que a mantém em pé, entrevistamos a Dany, que mora em São Paulo, e gentilmente nos contou suas percepções sobre a viagem, o projeto e o bioma.

Confira!

Dany, o que te levou à Amazônia?

Fui representando o Instituto Ekos Brasil em uma visita técnica ao Projeto REDD+ Jari, organizada pela desenvolvedora de projetos, parceira do Compromisso com o Clima, Biofílica Ambipar Environment e pela também proponente do projeto, Fundação Jari. Nosso objetivo era ver de perto os benefícios do projeto e poder apresentar aos nossos clientes seus indicadores socioambientais, para além do carbono.

A visita foi conduzida pelos colaboradores da Fundação Jari. E aqui cabe destacar o trabalho incrível dessa fundação que, além de outras tantas iniciativas, mantém o Museu Jari com uma das maiores xilotecas do mundo – um vasto catálogo de espécimes dessa região amazônica.

E o que mais você viu por lá?

Particularmente foi muito especial ver uma parte de uma área gigantesca, de mais de 1.200.000 hectares de floresta, gerida basicamente com bioeconomia. De fato, dentro do Projeto REDD+ Jari existem outros pequenos projetos, como uma fábrica de farinha para a fabricação de tucupi, goma de tapioca, etc. Essa fábrica contou com uma parceria da Embrapa que realiza testes para selecionar as melhores espécies de mandioca e aumentar a produtividade. Muitos comunitários locais conseguiram implementar um Sistema Agroflorestal, sendo uma possibilidade o cultivo da mandioca em fileiras entre o eucalipto.

Unidade Comunitária de Produção de Farinha

Com SAF houve aumento de nutrientes no solo, com possibilidade de plantio de múltiplas variedades alimentícias proporcionadas pela floresta e isso diminuiu, inclusive, a queima da vegetação para recuperação do solo, como prática anterior ao SAF realizada pelos comunitários. Esse fomento e disseminação de conhecimentos técnicos, alinhado ao conhecimento tradicional dessas famílias, fomentado pela Fundação Jari, aumenta a disponibilidade de bio produtos para comercialização.

Apenas para citar mais uma história, essa comovente, falo da Dona Sandra que antes dos incentivos do projeto não tinha produção de alimentos nem mesmo para subsistência de sua família e nem fonte de renda para se manter. Vivia com dívidas e dependente do apoio de vizinhos comunitários. O projeto trouxe ferramentas e conhecimento para que ela pudesse transformar sua residência em um espaço com produção por SAF, hortaliças, criação de aves, porcos e peixes. Hoje eles vivem bem do que conseguem extrair da terra e tem barraca em feiras locais para venda de seus produtos. 

REDD+ Amazônia
Dona Sandra em sua propriedade.

Ainda assim, dentro da área do projeto, ela sofre pressão por madeireiros ilegais no entorno de sua propriedade. Por isso, a Dona Sandra, entre tantos outros comunitários, são agentes de vigilância da floresta, pois ela denuncia essas invasões que acontecem ao redor de sua propriedade à Fundação Jari.

Você conheceu uma madeireira legal na região, não é mesmo? Como foi essa experiência?

Sim. Pessoalmente, não é fácil ver aquele clarão no meio da floresta com um monte de tora de madeira. Mas a madeireira que visitei era certificada, com manejo florestal. Mostraram, por exemplo, que há funcionários responsáveis apenas por traçar a rota pela qual a árvore deve cair para que derrube o menos possível ao redor e abra espaço, inclusive para que as árvores mais jovens cresçam com essa incidência de sol.

Uma das causas de perda de rastreabilidade de madeiras ilegais é que as madeireiras ilegais vendem direto para os moveleiros, por exemplo. Por isso, é importante que essas empresas certificadas cheguem antes para oferecer seus produtos. Não temos como ficar sem madeira, portanto temos que fazer com que a madeira chegue até nós, consumidores, de maneira manejada e certificada.

Ali perto, conheci também um artesão que trabalha apenas com madeira essa certificada do projeto Agregue, também parte da Fundação Jari, e que me contou como isso aumenta o valor agregado da sua arte.

Dany, você já tinha estado na Amazônia outras vezes. O que viu de diferente nessa região?

Quando cheguei no Acre pela primeira vez, pude conhecer a Amazônia através da lente da vivência de povos originários, em uma terra indígena protegida, um lugar mágico. A sensação foi de conhecer um pedaço de terra totalmente aquém das problemáticas atuais. 

O Acre tem uma questão importante, que por mais que tenha muitas áreas protegidas, ainda sim há desequilíbrio na biodiversidade, pois essas terras são cercadas por muitas grandes fazendas agropecuaristas. As áreas conservadas não se conectam mais, ou seja, são pequenas APs espalhadas pelo estado. Um retrato muito prático sobre esse desequilíbrio ambiental é a quantidade de picadas que se leva, diferente do que aconteceu visitando essa área do Jari Pará-Amapá com pouquíssimas picadas.

A emoção de estar na floresta amazônica, independente do estado, é a mesma. Se perde a noção de tempo e é possível ver a vida com outros modos de se viver. Isso acontece toda vez que eu vou para o norte ou me conecto a algum povo tradicional.

Dany visitando a região amazônica – Pará-Amapá

Dessa vez, por mais que eu já soubesse do projeto e da imensidão da área conservada, eu ainda assim me senti muito pequena e fazendo muito pouco do que é necessário para manter a floresta em pé. É preciso muito mais, mais esforço, mais investimento, mobilização. Afinal, estamos em uma contagem regressiva para reverter a crise climática na qual nós mesmos nos colocamos.

Existem políticas que devem ser adotadas, mas precisamos cada vez mais de mais satélites e mais tecnologia olhando para esse território. E precisamos fomentar políticas públicas de proteção aos povos que vivem na floresta, como ribeirinhos, indígenas, quilombolas. pois são essas pessoas que mantêm a floresta em pé e conservada.

Compromisso com o Clima é onde projetos socioambientais e empresas conscientes de seu papel social se encontram com o propósito de realizar planos de longo prazo para o planeta.

Com o apoio de grandes parceiros, o programa Compromisso Com o Clima vem expandindo seu alcance e segue com o propósito de engajar o setor privado em ações de responsabilidade climática.

Fazemos isso porque acreditamos que, agindo de forma colaborativa, nossas ações têm maior impacto e apontam para um futuro cada vez mais sustentável.