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As abelhas, vespas e formigas polinizam as plantas e essas, quando crescem, produzem alimentos e absorvem o carbono da atmosfera. As florestas fornecem madeira, alimentos, matérias-primas medicinais e fibras. Os rios são a fonte de água doce, são usados para produzir energia e, quando navegáveis, são importantes canais de escoamento de riquezas.
A lista é infinita, mas esses poucos exemplos já nos dão uma ideia bem clara da importância de manter e preservar esses serviços ecossistêmicos.
E como hoje em dia, o incentivo à produção ainda é muito maior do que o incentivo à preservação dos recursos naturais, a prestação de serviços ambientais vem despontando como uma boa alternativa para proteger nosso meio ambiente.
De acordo com o Projeto de Lei 312/15, os serviços ambientais são iniciativas individuais ou coletivas que podem favorecer a manutenção, a recuperação ou a melhoria dos serviços ecossistêmicos.
A principal ideia é não só aplicar multas a quem polui, por exemplo, mas recompensar aqueles que preservam e mantém os recursos naturais, como pessoas que reflorestam áreas degradadas, propriedades que preservam nascentes de rios ou até mesmo catadores e suas cooperativas, que ajudam a diminuir a demanda por matérias-primas.

Em 2005, a Avaliação Ecossistêmica do Milênio, da ONU, criou uma classificação para os serviços ambientais.
Como dissemos, já existem muitos recursos para fiscalizar e punir quem degrada os serviços ecossistêmicos, mesmo que muitas vezes não aplicados.
A ideia dos Pagamentos por Serviços Ambientais é que beneficiários e usuários dos serviços ambientais, como governos e toda a população em geral, recompensem economicamente quem preserva e mantém os serviços ecossistêmicos, ou seja, os prestadores de serviços ambientais.
Um exemplo foi o Bolsa Verde, eliminado no início de 2018, mas que remunerava famílias de baixa renda que realizavam atividades de preservação ambiental.
Mas o reflorestamento talvez seja a iniciativa mais conhecida de pagamentos por serviços ambientais, já que entra no mercado de créditos de carbono.
O Instituto Ekos Brasil trabalha com diversos projetos que promovem a conservação da biodiversidade e outros serviços ecossistêmicos. O Programa Ecomudança, por exemplo, em parceria com o Banco Itaú, seleciona projetos socioambientais de entidades sem fins lucrativos que promovem tecnologias de baixo carbono e impacto ambiental positivo. Os projetos selecionados pelo Programa recebem recursos para que possam se desenvolver.
Saiba como inscrever o seu projeto no Ecomudança 2020!
Não é surpreendente observar que nos últimos cinco anos o Relatório Anual de Riscos Globais do Fórum Econômico Mundial tenha identificado como médio e alto risco a perda da biodiversidade e o colapso do ecossistema e classificado os dois temas como as principais ameaças que a humanidade terá de enfrentar nos próximos 10 anos.
Neste ano, o Relatório, produzido a partir de percepções da comunidade global de negócios, governos e sociedade civil, apresentou um resultado impressionante. Pela primeira vez, os cinco primeiros riscos globais são provenientes de uma única categoria: o meio ambiente.
Isso inclui a perda de biodiversidade como um dos principais perigos nos próximos 10 anos.
Nos últimos 50 anos a economia e a população global evoluíram em muitos sentidos. No entanto, a atividade humana alterou severamente 75% dos ambientes terrestres e marinhos. Cerca de 25% das espécies de plantas e animais foram ameaçados pela atividade humana, com milhões delas beirando a extinção. Sem contar que 47% dos ecossistemas foram reduzidos de tamanho no mundo todo.
O relatório do Fórum Econômico Mundial mostra, no entanto, que US$ 44 trilhões do valor econômico gerado – cerca de metade do Produto Interno Bruto global – é altamente ou moderadamente dependente da natureza e dos seus serviços.
A ameaça da natureza importa para a maioria dos negócios ao impactar operações, fornecedores e mercados.
Por isso, lideranças corporativas têm um papel crucial a cumprir colocando o meio ambiente como o centro dos seus processos e tomadas de decisão a fim de identificar, avaliar, mitigar e divulgar os riscos relacionados à natureza para evitar graves consequências.
As empresas podem e devem fazer parte do movimento global para proteger e restaurar a natureza.
Abaixo, algumas das recomendações do Relatório para que isso se torne realidade.
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Confira o relatório na íntegra.
No último dia 5, faleceu em São Paulo a agrônoma e professora Ana Maria Primavesi, pioneira da agroecologia no Brasil, aos 99 anos.

Foto: Virgínia Knabben/reprodução Facebook
Nascida na Áustria, em 1920, como Annemarie Baronesa Conrad, chegou a ser presa em um campo de concentração durante o período nazista e em 1948 veio para o Brasil, acompanhada do marido.
Aqui, iniciou sua carreira na Universidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul e nos 60 anos seguintes desenvolveu estudos sobre a terra, com publicações de livros e aprofundamento de técnicas como o manejo ecológico do solo e a rotação de culturas. Entre suas dicas agroecológicas estava o quebra-vento, uma barreira vegetal usada para proteger as plantas contra a ação do vento.
Até hoje, em qualquer faculdade de agronomia, seu livro “Manejo ecológico do solo” é bibliografia indispensável, em particular para quem estuda agricultura orgânica.
“O homem é o que a terra, ou o solo, faz dele”, dizia Primavesi. A pesquisadora colecionou prêmios, lutou pela terra, pela agricultura, pelo espaço da mulher na ciência, pela natureza e revolucionou a agroecologia na América Latina e no mundo.
Seu falecimento foi anunciado com um título inspirador e certeiro: “Um jatobá que tomba, centenário.”
Confira abaixo o texto na íntegra em homenagem a Ana Primavesi.
Reforçamos com ele nossa admiração pela pessoa e pelo legado de Primavesi pela agroecologia e pela natureza do nosso país.
Nossa querida Ana Maria Primavesi faleceu hoje, aos 99 anos de idade. Quase um século de vida, cerca de 80 anos dedicados à ciência no e do campo. Descansa uma mente notável, uma mulher de força incomum e um ser humano raro.
Afastada de suas atividades desde que passou a morar em São Paulo com a filha Carin, Ana recolheu-se.
Quase centenária, era uma alma jovem num corpo envelhecido que, mesmo se tivesse uma vitalidade para mais 200 anos, não acompanharia uma mente como a dela.
Annemarie Baronesa Conrad, seu nome de solteira, desde pequena apaixonou-se pela natureza, inspirada pelo pai. Naturalmente entrou para a faculdade de agronomia, mesmo Hitler tentando fazer com que as “cabeças pensantes” desistissem de estudar. Ela não só era uma das raras mulheres na faculdade como também aquela que destacou-se por seu talento natural em compreender o invisível: a vida microscópica contida nos solos.
Nestes 99 anos de vida, enfrentou todas as perdas que uma pessoa pode sofrer: irmãos, primos e tios na Segunda Guerra. Posteriormente, pai, mãe, marido. E seu caçula Arturzinho, a maior das chagas, que é perder um filho.
Sua morte hoje, causada por problemas relacionados ao coração, encerra uma vida de lutas em vários âmbitos, o principal deles na defesa de uma agricultura ecológica, ou Agroecologia, termo que surge a partir de seus estudos e ensinamentos. Não parece ser à toa que esse coração, que aguentou tantas emoções (boas e ruins) agora precise descansar.
Nosso jatobá sagrado, cuja seiva alimentou saberes e por sob a copa nos abrigamos no acolhimento de compreendermos de onde viemos e para onde vamos, tomba, quase centenário. Ele abre uma clareira imensa que proporcionará ao sol debruçar-se sobre uma nova etapa, a da perpetuação da vida. E dos saberes que ela disseminou.
Antes de tombar, nosso jatobá sagrado lançou tantas sementes, mas tantas, que agora o mundo está repleto de mudas vigorosas, prontas a enfrentar as barreiras que a impediriam de crescer. Essas mudas somos todos nós, cada um que a amou em vida, cada um a seu modo.
Nossa gratidão pelo legado único que nos deixa essa árvore frondosa, cuja luta pelo amor à natureza prevaleceu. A luta passa a ser nossa daqui em diante, uma luta pela vida do solo, por uma agricultura respeitosa, por uma educação que se volte mais ao campo e suas múltiplas relações.
Ana Primavesi permanecerá perpetuamente em nossas vidas.
Como diz nosso querido amigo Fabio Santos, parafraseando Che Guevara:“Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a Primavesi inteira.”
por Virgínia Knabben
Professores, alunos, presidentes de associações, gestores e trabalhadores do parque participaram, nos dias 27 e 28 de novembro, do II Seminário de Pesquisas do Vale do Peruaçu.
“Além da conservação, um dos objetivos das unidades de conservação é realizar pesquisa científica. Por isso, o Seminário teve como objetivo trazer à tona as pesquisas que acontecem no parque, na Área de Proteção Ambiental e áreas próximas”, destacou Ciça Wey de Brito, coordenadora de relações institucionais do Ekos Brasil.
O evento, realizado pelo ICMBio com o apoio do Ekos Brasil, tratou de temáticas importantes para a região como as matas secas, as veredas, a arqueologia, disseminação de pesquisas e, com certo destaque, da hidrologia do Rio Peruaçu, que a cada ano apresenta dminuição em sua vazão.
Uma das ações conclusivas foi a elaboração de uma carta aberta ao Instituto Mineiro de Gestão de Águas, responsável pela aplicação pela lei de recursos hídricos em MG, para que estabeleça um processo de criação de subcomitê de bacias para o Rio Peruaçu. Hoje, o rio Peruaçu faz parte do Comitê de Bacia Hidrográfica dos Afluentes Mineiros do Médio São Francisco, mas de acordo com os participantes do Seminário, não é suficiente para que as questões do rio sejam tratadas com a intensidade necessária.
O evento foi elogiado pelo compartilhamento dos estudos e qualidade das informações. Para os próximos anos, Ekos e ICMBio devem analisar as propostas de maior periodicidade para o Seminário, maior participação da comunidade e oferecimento de mini cursos.
O Ekos Brasil também apresentou aos participantes como tem atuado no Parque, além de ter conduzido a programação e os convites. “Esperamos que o Fundo Peruaçu consiga criar uma linha de ação de doação ou suporte por parte de investidores privados no apoio à pesquisa e no apoio à bolsas de estudos para a região do parque”, finalizou Brito.
Saiba mais sobre a atuação do Ekos Brasil no Parque Peruaçu.
Com o objetivo de continuar o trabalho de restauração e reflorestamento do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, o Instituto Ekos Brasil acaba de inaugurar casa de vegetação no Parque, no qual atua em acordo de cooperação mútua com o ICMBio.
Desde o início das atividades, a equipe do Ekos já havia identificado um problema sério com relação à agua: as nascentes estavam secando.
A fim de contribuir com a resolução desse problema complexo, o Ekos está empenhado em restaurar áreas do parque com espécies nativas. Por isso, a construção da casa de vegetação, que já conta com 600 mudas, tendo capacidade, no entanto, para cerca de 20.000.

A coleta de sementes para abastecer o viveiro é feita dentro do próprio parque pela brigada e também contamos com a parceria do Instituto Estadual de Florestas para a produção das mudas.
O Ekos Brasil está levantando recursos para o projeto piloto de plantação de um hectare em uma comunidade no entorno do parque. Logo teremos mais notícias!
“Vamos plantar as mudas nas áreas dentro do Parque Peruaçu e trabalhar atividades com a comunidade para restaurar as nascentes ao redor. A ideia é envolver a todos e fazer educação ambiental”, afirmou Camila Dinat, técnica do Ekos Brasil.
O viveiro fica ao lado do centro de visitantes do Parque Peruaçu e pode ser visitado.
Pela primeira vez, o Brasil será uma das sedes do Science Film Festival, promovido pelo Goethe Institut, em parceria com o ComKids. Festival tem tem o intuito de despertar em crianças, jovens e adultos o interesse e a curiosidade pela ciência. São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis foram as cidades escolhidas para receber o evento, que nesta edição tem como tema: “Humboldt e a Rede da Vida” por ocasião do aniversário de 250 anos do grande cientista Alexander von Humboldt.
O evento de abertura em São Paulo, a ser realizado no próximo dia 6 de novembro, no Goethe Institut SP, a partir das 19h, contará com um debate sobre documentário de Humboldt e será moderado pela jornalista e pesquisadora Mariluce Moura, além de ter a dupla participação do Instituto Ekos Brasil, com a pesquisadora Maria Cecília Wey de Brito e com o cientista Paulo Artaxo.
O festival ainda percorrerá 14 unidades dos CEUs integrantes do Circuito SPCine de cinema da Prefeitura de São Paulo, além de programações específicas nas outras cidades.
Além do Brasil, o festival marcará presença em outros países, seja na América Latina, seja em outros continentes, nos quais o cientista esteve ou naqueles em que sua obra é valorizada.
Seu legado passa pelos temas da sustentabilidade e da multidisciplinariedade, sendo que já em 1800, Humboldt falava sobre mudanças climáticas provocadas pelo homem e seu prejuízo para o planeta. Ele não só foi o cientista mais famoso de sua época, mas um pensador visionário e um pioneiro do ambientalismo. Ele via a Terra como um organismo vivo, onde tudo estava conectado, desde o menor inseto até as árvores mais altas.
O Festival conta com uma MOSTRA de filmes curiosos, instigantes, divertidos e científicos para todas as idades e que adotam as abordagens e temas visitados no passado pelo cientista Alexander von Humboldt com ecos no presente.
As sessões poderão ser vistas nos Goethe-Instituts e em escolas, universidades e instituições de ensino durante o período do festival.
A seleção oficial de 2019 do SFF está no site com trailers de documentários, animações e reportagens que serão mostradas em diferentes países.
O Festival disponibiliza ainda atividades educativas num guia didático exposto no site, que complementa os temas explorados nos filmes através de experiências práticas, projetos ou jogos de aprendizagem oferecidos para professores e o público jovem e infantil. O SFF oferece um ambiente de aprendizado eficaz e agradável através dessa abordagem multidisciplinar com jogos, projetos e práticas que podem ser feitas antes ou depois dos filmes para enriquecer a experiência.
Escolas interessadas nas atividades e que queiram acessar o material podem entrar em contato com o comKids através do endereço mostracomkids@gmail.com. Os filmes ficarão disponíveis em um link privado do Vimeo até o final da mostra.
Saiba mais no site do festival.
Pelo segundo ano consecutivo, o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu irá realizar um Seminário Científico para pesquisadores, estudantes e demais interessados em desenvolver pesquisas no Parque (ou que já desenvolvem).
O Seminário 2019 está marcado para os dias 27 e 28 de novembro, no Centro de Visitantes do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, e o Instituto Ekos Brasil apoia o evento.
Participe!

O Instituto Ekos Brasil participa nesta semana, junto com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) do III Congresso de Áreas Protegidas da América Latina e Caribe (Caplac), em Lima, no Peru, que tem como tema “Soluções para o bem-estar e o desenvolvimento sustentável”.
Considerado um dos mais importantes eventos do mundo sobre gestão de áreas protegidas, o congresso começa nesta segunda-feira (14) e segue até a quinta-feira (17), reunindo governos, organismos multilaterais, iniciativa privada e personalidades da área ambiental dos vários países latino-americanos e caribenhos.
A programação prevê uma série de atividades, como palestras, sessões técnicas, painéis, rodas de conversas, fóruns, reuniões e eventos paralelos. Além das discussões, haverá entrega de diferentes prêmios e reconhecimentos a pessoas e instituições que atuam em defesa da natureza.
Participação do Ekos Brasil
Na quinta-feira (17/10), o Ekos Brasil realizará uma apresentação, conduzida por Ciça Wey de Brito, sobre Sustentabilidade Financeira de Áreas Protegidas – o caso do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu.

Saiba mais
O III Congresso de Áreas Protegidas da América Latina e Caribe – cujas edições anteriores ocorreram em Santa Marta, Colômbia, em 1997, e em Bariloche, Argentina, em 2007 – visa fortalecer a contribuição das áreas protegidas para a concretização dos compromissos internacionais de conservação da natureza, o bem-estar das pessoas e o desenvolvimento sustentável.
Espaço para a troca de experiências e debates sobre políticas públicas, o congresso é uma iniciativa da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), por meio de sua Comissão Mundial de Áreas Protegidas (CMAP), que reúne diferentes países para fortalecer suas capacidades a fim de promover áreas protegidas como soluções baseadas na natureza.
Segundo os organizadores, o Caplac oferece a oportunidade para autoridades governamentais, organizações multilaterais, líderes de comunidades locais, tradicionais e indígenas, bem como do setor privado, apresentarem propostas à Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), da ONU, antes da revisão das Metas de Aichi, em 2020.
Ainda de acordo com os organizadores, o congresso também tem interesse em compartilhar seus debates e suas conclusões nos eventos globais da IUCN. Nesse sentido, deve incorporar o Compromisso de Sydney (resultante do Congresso Mundial de Parques de 2014) e assumir uma posição regional para o próximo Congresso Mundial de Conservação, em 2020.
* Com informações da Ascom MMA
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) relacionados
A comunidade Fabião 1, situada no limite sudeste do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, sofria com um problema bastante comum em comunidades rurais: a falta de coleta seletiva de resíduos em suas casas.
Localizados em uma região distante do centro do município de Januária, a comunidade não era contemplada no serviço de coleta municipal e, por isso, eram frequentes outras formas de descarte, como as queimadas. Uma prática que, no entanto, acarreta problemas de saúde (principalmente respiratórios), alterações negativas no ar atmosférico da região e gera riscos de incêndios na mata adjacente aos locais da queimada.
A solução
Por acreditar que as comunidades ao entorno do Parque são verdadeiras parceiras na conservação da biodiversidade e preservação do bioma, o Instituto Ekos Brasil, responsável pelo apoio a gestão do Parque juntamente com o ICMBio lançou, em setembro de 2018, o I Edital do Programa de Apoio a Projetos Locais.
Com o objetivo de viabilizar pequenos projetos idealizados por associações e cooperativas das comunidades do entorno do Parque, o Programa visa atender demandas reais e urgentes dos moradores da região, com impactos reais em suas vidas e, por consequência, na conservação do Cerrado.
O projeto da Associação de Pequenos Produtores Rurais e Agricultores de Fabião 1 para coleta de resíduos recicáveis foi um dos contemplados pelo Programa.
Já no final de 2018, o galpão comunitário foi reformado com a ajuda de mão de obra voluntária de moradores da comunidade e dos brigadistas do Parque.

Galpão reformado na comunidade Fabião 1
Educação Ambiental em forma de brincadeira
Após a reforma do galpão, crianças e adultos participaram de atividades de educação ambiental. Uma delas foi o jogo de tabuleiro “Aventuras por Fabião” foi desenvolvido como uma forma lúdica para ensinar educação ambiental e o manejo correto dos resíduos às crianças de escolas da comunidade. O trabalho foi executado em forma de oficinas nas escolas, com apoio de professores locais, e contou com a participação de três turmas.

Para os adultos foram criados folhetos com informações a respeito da separação e descarte corretos dos resíduos. Os folhetos foram distribuídos pelo agente da saúde da comunidade, que já visita regularmente todas as moradias, e que pode esclarecer, nessas ocasiões, muitas dúvidas dos moradores.
A comunidade ainda está sendo equipada com conjuntos de latões de lixo de quatro diferentes cores, cada cor representando um tipo de resíduo.
Por meio de articulações com a prefeitura de Januária, espera-se que seja possível a implantação de uma logística de recolhimento desse material com frequência pré-estabelecida, garantindo a limpeza e a segurança de toda a comunidade.
O Instituto Ekos acredita que iniciativas como essa mudam a realidade local!
Esperamos ter novas edições do Programa para o próximo ano.
Por Marina Tiengo, analista ambiental do Instituto Ekos Brasil
Tive o prazer (e a coragem) de encarar 7 dias de caminhada, ou cerca de 174km a pé da Vila de Sagarana à Chapada Gaúcha, entre os dias 6 e 14 de julho deste ano, em uma travessia que é uma verdadeira imersão socioambiental e literária pelo sertão de Minas Gerais: o Caminho do Sertão.
E, hoje, 11 de setembro, Dia Nacional do Cerrado, trago o relato dessa experiência para vocês, a fim de pautar a importância da conservação de um bioma tão rico em biodiversidade, tão pouco conhecido e já tão ameaçado.
Espero que essa experiência aproxime você, assim como me aproximou, desse rico e mal tratado patrimônio brasileiro.
Junto a um grupo de 73 pessoas percorri o Caminho do Sertão, um roteiro repleto de inspiração, seja pela beleza do Cerrado, seja pela consagrada obra de Guimarães Rosa – Grande Sertão: Veredas, narrada nesse pedaço tão incrível de Brasil.
O Caminho do Sertão tem seus limites dentro de parte do Mosaico Sertão Veredas – Peruaçu, um conjunto de áreas protegidas entre as regiões norte e noroeste de Minas Gerais e parte do sudoeste da Bahia, especialmente no núcleo Sertão Veredas, entre os municípios de Arinos e Chapada Gaúcha.

Percorri algumas Unidades de Conservação como a Reserva Estadual de Desenvolvimento Sustentável Veredas do Acari, o Parque Estadual Serra das Araras e o Parque Nacional Grande Sertão Veredas. E, junto aos caminhantes, também tive contato com comunidades tradicionais, assentamentos rurais e pequenas vilas, como a Vila Sagarana, Morrinhos, Fazenda Menino, Barra da Aldeia, Serra das Araras, Morro do Fogo, Barro Vermelho e Vão dos Buracos. Natureza e vida humana em um convívio cheio de desafios!
As distâncias diárias variavam de 20 a 30 km! E durante todo esse tempo era possível imergir em conversas, em silêncio, caminhar acompanhada e também desacompanhada, ouvir o canto dos periquitos verdes, os gritos das araras, as risadas das seriemas, avistar os extensos “areiais”, as árvores tortuosas e escutar o barulho do vento nas folhas dos buritizais.

E todo final de dia era aquele espetáculo: o céu se coloria de amarelo, laranja, rosa e lilás, presenteando a chegada dos caminhantes no local de pouso. E para completar a experiência, intervenções artísticas traziam para perto o mundo dos personagens Riobaldo, Diadorim e Miguilim, como parte da programação da travessia.
Passei por belas paisagens, por veredas preservadas e por diferentes fitofisionomias do cerrado: cerradão, cerrado sensu stricto, campo cerrado, campo sujo e campo limpo. E também, logo no segundo dia, por seis longos quilômetros no meio de uma monocultura de soja, que se estendia até o horizonte. A caminhada também proporcionou a reflexão crítica sobre as questões socioambientais e agrárias presentes na região.

O encerramento da travessia aconteceu conjuntamente com o XVIII Encontro dos Povos do Grande Sertão Veredas, em Chapada Gaúcha.
Uma experiência que vou levar para toda a vida e que ainda me acompanha todos os dias nessa jornada de trabalho pela preservação da nossa biodiversidade.
Saiba mais sobre o Cerrado
Segundo o ICMBio, o Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, ocupando cerca de 23,9% do território brasileiro. O bioma abriga nascentes das três maiores bacias hidrográficas do continente (Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata) e é considerado um hotspot mundial de biodiversidade, ou seja, possui alta biodiversidade e endemismo de espécies e vem sofrendo grande perda de habitat.
De acordo com Souza, Flores, Colletta e Coelho, historicamente o Cerrado foi erroneamente considerado como uma vegetação de segunda categoria, o que traz reflexos até hoje do ponto de vista do respaldo sobre a importância de sua conservação. A partir da década de 50 o bioma tem sofrido um intenso processo de degradação, principalmente devido ao avanço da fronteira agrícola.
Atualmente o Cerrado possui menos de 20% de sua cobertura original, já bastante fragmentada, e, segundo o MMA, apenas 8,21% de sua área total é legalmente protegida por Unidades de Conservação.

