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Economia Circular e remediação: como essas duas frentes podem caminhar juntas?

Cibele Lana 27 out 2021

Economia Circular e remediação: como essas duas frentes podem caminhar juntas?

Perante temas ambientais que estão em grande destaque nos momentos atuais, a economia circular se mostra uma grande aliada em diversas frentes e traz soluções eficazes e inteligentes para diversos processos, desde a fase inicial (design/escopo) de um projeto, até sua fase final. O conceito “circular” pode, por muitas vezes, causar estranheza e dificuldade de implantação quando falamos de remediação de áreas contaminadas, mas, neste texto, vamos abordar um pouco como esses dois temas podem e devem andar juntos.

Afinal, o que é economia circular? A economia circular é uma alternativa que busca redefinir a noção de crescimento, que visa beneficiar toda a sociedade. Isto envolve dissociar a atividade econômica do consumo de recursos finitos e eliminar resíduos do sistema por princípio. Apoiada por uma transição para fontes de energia renovável, o modelo circular constrói capital econômico, natural e social baseando-se em três princípios:

  • Eliminar resíduos e poluição desde o princípio
  • Manter produtos e materiais em uso
  • Regenerar sistemas naturais

Em uma economia circular, a atividade econômica contribui para a saúde geral do sistema. O conceito reconhece a importância de que a economia funcione em qualquer escala – para grandes e pequenos negócios, para organizações e indivíduos, globalmente e localmente. Em termos práticos, o conceito envolve a otimização do ciclo de vida de produtos e serviços, onde buscam-se matérias primas dentro do próprio sistema e evitam-se desperdícios.

A transição para uma economia circular não se limita a ajustes visando a reduzir os impactos negativos da economia linear. Ela representa uma mudança sistêmica que constrói resiliência em longo-prazo, gera oportunidades econômicas e de negócios, e proporciona benefícios ambientais e sociais.

Remediação, como já tratamos em textos anteriores, consiste em reduzir os teores de contaminantes a níveis seguros e compatíveis com a proteção à saúde humana, seja impedindo ou dificultando a disseminação de substâncias nocivas ao ambiente.

O SuRF UK define que a remediação sustentável é uma solução ou combinação de soluções cujo benefício líquido para a saúde humana e o meio ambiente é maximizado pelo uso criterioso de recursos limitados. Para conseguir isso, adota-se abordagens sustentáveis para o processo de remediação, fornecendo um benefício líquido para o meio ambiente. São elas (SURF UK): 

  • Minimização ou eliminação do consumo de energia ou de outros recursos naturais; 
  • Redução ou eliminação de emissões para o meio ambiente, principalmente atmosféricas; 
  • Aproveitamento de processos naturais, ou utilização destes como base para novos processos;
  • Reutilização ou reciclagem de terrenos ou de outros materiais indesejáveis; 
  • Estímulo do uso de tecnologias de remediação que destruam permanentemente os contaminantes. 

O intuito de unir economia circular e os métodos e princípios da remediação sustentável se baseia no objetivo de extrair o melhor das duas metodologias e transformar ambientes, cidades, processos e sistemas. Para tanto, é necessário que os projetos estejam sempre alinhados aos princípios sustentáveis e visem, portanto, uma sociedade mais ambientalmente, economicamente e socialmente integrada e desenvolvida.

Um exemplo que une o uso da descontaminação em prol social é a Ostara. É um estudo de caso em escala urbana que trata os efluentes  para recuperação de nutrientes e produção de fertilizantes. Através da tecnologia Pearl®, a empresa canadense remove o fósforo, nitrogênio e magnésio de resíduos líquidos industriais, agrícolas e municipais para produção de grânulos fertilizantes concentrados. Depois do processo de cristalização, esses grânulos são coletados, secos, empacotados e distribuídos. Diferente dos produtos convencionais ativados por água, o fertilizante da Ostara só libera o fósforo quando entra em contato com secreções de ácidos orgânicos das raízes das plantas – sinal de que elas precisam do nutriente. Essa solução demonstra como é possível fechar o ciclo de nutrientes biológicos, purificar as águas e aumentar o rendimento agrícola com uma mesma solução, exemplificando o grande potencial das cidades na economia circular.

Em março de 2020, a rede NICOLE Latin America realizou em São Paulo um workshop sobre economia circular e remediação sustentável, onde profissionais do setor ambiental debateram a possibilidade da remediação e aproveitamento de áreas contaminadas para uso e desenvolvimento social e econômico. O evento contou com bastante participação e interesse do público, o que reflete a relevância atual do tema.

De forma a ilustrar estes conceitos, pode-se utilizar como exemplo hipotético uma extensa área que serviu por muitos anos como sede de uma grande indústria. Nesta área, as atividades industriais causaram muitos danos ao solo ao longo dos anos, o que tornou o local inviável para utilização segura para fins futuros. Em casos como este do exemplo, a junção entre técnicas de remediação sustentável e um design circular bem arquitetado pode ser a chave para a recuperação da região, tornando-a segura do ponto de vista ambiental e de saúde. O emprego de um design circular de reaproveitamento e reurbanização da área pode acarretar no desenvolvimento da economia e sociedade no entorno da região, o que consequentemente gera também uma valorização econômica.

Assim, pode-se dizer que a economia circular envolve todo um conjunto de atores da sociedade empenhados em promover a transição em larga escala, trabalhando de forma colaborativa rumo à prosperidade socioeconômica, ao mesmo tempo em que respeitam os limites naturais do planeta. Transformar a sociedade atual em um sistema circular é uma agenda necessária e básica, para que bons frutos sejam colhidos no futuro.

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