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A importância de indicadores de sustentabilidade e metodologias para avaliar o impacto socioambiental das operações de um negócio. O case do Prêmio Suíço de Sustentabilidade e Inovação.

A importância de indicadores de sustentabilidade e metodologias para avaliar o impacto socioambiental das operações de um negócio. O case do Prêmio Suíço de Sustentabilidade e Inovação.

Introdução

A mensuração da sustentabilidade é um desafio complexo, pois envolve avaliar o impacto das atividades humanas no meio ambiente, na sociedade e na economia de maneira integrada. Os indicadores de sustentabilidade são ferramentas essenciais nesse processo, pois fornecem uma base científica para avaliar o progresso rumo a um desenvolvimento sustentável.

Assim há muitas maneiras de avaliar o impacto socioambiental de uma empresa, por isso mesmo existem muitas metodologias disponíveis para essa mensuração por meio da construção de indicadores de sustentabilidade. Dentre algumas metodologias conhecidas, estão o triple bottom line, conhecido como tripé da sustentabilidade, e os indicadores de Gibson, por exemplo.

Donella Meadows desenvolveu a metodologia dos “Indicadores do Estado do Mundo” (Indicators of the State of the World), que buscava fornecer uma visão holística do estado do planeta em várias dimensões, como recursos naturais, pobreza, educação, saúde, entre outros. Essa abordagem permite identificar tendências e problemas emergentes, ajudando a informar políticas públicas e tomadas de decisão mais sustentáveis, tendo esta linha como base à proposta metodológica do Prêmio Suiço. A esquematização, adaptada da metodologia Meadows é apresentada abaixo.

Fonte: Meadows. Adaptado por Danielly de Andrade Mello Freire. 2022.

William E. Gibson, é outro importante pesquisador da área de sustentabilidade e propôs uma abordagem para o desenvolvimento de indicadores de sustentabilidade baseada em princípios sistêmicos. Ele defendeu que os indicadores devem considerar os sistemas naturais e sociais interconectados, permitindo uma análise mais abrangente dos impactos das atividades humanas ao meio ambiente

Sem indicadores claros e bem fundamentados, seria difícil monitorar o impacto das atividades das diversas operações dos diferentes setores privados existentes no mundo corporativo.

Além disso, os indicadores permitem comparar diferentes cenários e identificar tendências emergentes, possibilitando a identificação de problemas e a formulação de estratégias mais eficazes para a promoção de um desenvolvimento sustentável.

As metodologias propostas por Donella Meadows, William E. Gibson e o Tripé da Sustentabilidade têm contribuído para o desenvolvimento de sistemas de indicadores de sustentabilidade mais robustos e abrangentes. Essas abordagens científicas têm sido aplicadas em diversos estudos e projetos ao redor do mundo, auxiliando governos, empresas e organizações na busca por soluções mais sustentáveis para os desafios globais enfrentados atualmente e não foi diferente usá-las como base também para a construção da metodologia de avaliação da 1ª edição do Prêmio Suiço de Sustentabilidade & Inovação.

Metodologia do Prêmio

Propor uma nova ferramenta de avaliação de sustentabilidade corporativa demanda conhecimento prévio de outras metodologias e sistemas de sustentabilidade corporativa já existentes. Não é possível realizar uma gestão estruturada e que realmente possibilitará atingir metas, sem um conjunto de indicadores de sustentabilidade corporativa.

Em junho de 2022 foi estruturado um Grupo de Trabalho de Sustentabilidade – GTS composto por representantes da Embaixada Suíça, Instituto Ekos Brasil, Swisscam, Swiss Nex e Swiss Business que se uniram para promover o 1º Prêmio Suíço de Sustentabilidade e Inovação, com objetivo de reconhecer e fortalecer empresas brasileiras e suíças no Brasil que possuem como parte integrante da sua estratégia e cultura institucional a gestão de sustentabilidade corporativa como modelo de negócio

Créditos: Instituto Ekos Brasil.

Para a premiação das empresas, o Ekos Brasil liderou a  construção de uma metodologia única e específica que pudesse reconhecer as empresas que têm como parte da estratégia a sustentabilidade corporativa. 

O prêmio foi lançado por meio de um edital, com uma chamada ativa para empresas brasileiras e suíças, com sede no Brasil e/ou na Suíça, de diferentes portes e setores, a se inscreverem na primeira edição do prêmio. O método foi dividido em 4 etapas: 

1) Elegibilidade, com considerações importantes como apenas pessoas jurídicas poderiam se inscrever, com constituição no Brasil e/ou na Suíça, sendo cabível a desclassificação de qualquer empresa, em qualquer etapa caso estivesse com processos jurídicos ambientais em tramitação, entre outras questões éticas estabelecidas como inegociáveis pelo GTS. (Confira o edital)

2) Autodeclaração – um questionário desenvolvido pelo Ekos estruturado em 3 dimensões – Sustentabilidade Ambiental e Inovação, Governança e Ética, e Social. Estas dimensões foram escolhidas com base na escolha principal como estruturação das estratégias de sustentabilidade corporativa nas empresas. 

Além deste lugar de senso comum, foram definidas questões propostas pelo sistema Meadows para tentar captar toda a integralidade que a sustentabilidade já possa ter dentro dos negócios.

A equipe Ekos também conduziu pesquisas e benchmarkings sobre diferentes rankings e premiações nacionais e internacionais, a exemplo o prêmio segurança DuPont, ISE-B3, DJSI e indicadores Ethos. Esta etapa deu base para compor um score dimensional às empresas inscritas as possibilitando ou não passar para a fase seguinte.

3) Evidências – serviu para que de modo amostral pudéssemos comprovar algumas das respostas autodeclaradas pelas empresas dada na etapa anterior, assim como apresentar um pitch esclarecendo como a estratégia de sustentabilidade corporativa estava relacionada ao modelo de negócio da empresa.

4) Deliberação Final pelos conselheiros e Embaixador. Com base no compilado de informações recebidas nas etapas anteriores, o Conselho conseguiu avaliar não apenas pelo score mas também com as evidencias e pelo pitch quais empresas estavam mais aderentes ao objetivo central proposto pela primeira edição do prêmio.

Etapas metodológicas para avaliação de empresas no Prêmio Suíço de Sustentabilidade e Inovação. Fonte: Instituto Ekos Brasil, 2023.

Seguindo estas etapas, 40 empresas e 43 startups voluntariamente se inscreveram para participar deste prêmio, de ambos os países. Ao fim, as empresas Hilti Brasil e Grupo Ambipar foram as que passaram por todas as fases do processo e, merecidamente, ganharam a premiação. O processo do Prêmio de Sustentabilidade iniciou em junho de 2022 e encerrou no último dia 5 de julho na Embaixada Suíça (DF), com o evento à altura da paixão e profissionalismo empenhados por todos os integrantes do GTS. 

Para que todo o projeto tivesse um mesmo fio condutor, o Ekos em uma reunião de trabalho com a Swiss nex deu orientações técnicas sobre sustentabilidade corporativa para construirmos o challenge em conjunto, para que nesta primeira edição o foco das inovações oferecidas pelas startups fosse em zero waste.

Ao lado de Danielly Mello Freire, integraram ao GTS a Presidente Ekos Brasil Ana Moeri e a Gestora Ekos Brasil Jéssica Fernandes, o embaixador Pietro Lazzeri, MARTIN EGGENSCHWILER da Embaixada Suíça, Mariana Badra e Denise Ortega da SWISSCAM Câmara de Comércio Suíço-Brasileira, Malin Borg e Bianca Campos da Swissnex in Brazil e Hans Andreas Aebi da Swiss Business Hub Brazil.

Também marcaram presença na premiação governantes de ambos os países, como o Conselheiro Federal Guy Parmelin e o Ministro interino Luis Fernandes, do MTCI, e o convidado Ernst Götsch, estudioso e prático da agroecologia, que tem como base de estudos a compreensão da importância do ser humano (re)conectar-se como parte do meio em que vive para (re)conhecer-se como natureza. 

“Temos a certeza de que o evento foi um sucesso. Agradecemos, profundamente, todas as pessoas envolvidas que se mostraram solícitas e atenciosas. Foi um projeto complexo de gerir, mas prazeroso, visto a educação e engajamento de todos e de todas”

completa Danielly.

Considerações Finais

Destacando então a importância de indicadores de sustentabilidade e metodologias possíveis para desenvolver projetos que consigam avaliar o impacto socioambiental das operações de um negócio. A exemplo da própria metodologia desenvolvida para a 1ª edição do prêmio de sustentabilidade.

O prêmio atingiu seu propósito de reconhecer 2 empresas, tanto brasileiras quanto suíças,  que tem como parte integral de sua estratégia de negócio a sustentabilidade corporativa, assim como duas startups que propõem e trabalham com soluções com base zero waste, ou seja, zero resíduo.

As dimensões de avaliação da metodologia escolhidas, foram as mais comumente utilizadas para gestão de negócio, logo foram escolhidas as dimensões: Sustentabilidade Ambiental e Inovação, Governança e Ética, e Social. Além disso, o processo de avaliação envolveu etapas de autodeclaração pelas empresas, apresentação de evidências e a deliberação final por parte dos conselheiros e do Embaixador da Suíça no Brasil.

Ao final do processo, duas empresas, Hilti Brasil e Grupo Ambipar, foram reconhecidas e premiadas por sua aderência aos princípios de sustentabilidade corporativa e inovação, mostrando o comprometimento com um desenvolvimento mais sustentável e responsável.

A parceria entre o Instituto Ekos Brasil, a Embaixada Suíça, a Swisscam, a Swiss Nex e a Swiss Business para promover esse prêmio ressaltou o engajamento das instituições em impulsionar a sustentabilidade e a inovação no cenário empresarial, incentivando ações concretas em direção a um futuro mais sustentável.

Em suma, o texto enfatiza que a mensuração da sustentabilidade é fundamental para compreender o impacto das atividades ao meio ambiente, à sociedade e à economia.

Indicadores de sustentabilidade, por meio de embasamento metodológico científico, fornecem uma base sólida para medir o progresso rumo ao desenvolvimento sustentável, essencial para orientar ações públicas e privadas. 

Por meio do Prêmio Suico de Sustentabilidade e Inovação as empresas conseguem ganhar mais força e incentivo em inovar frente à gestão de sustentabilidade nas companhias para que o setor privado trilhe um caminho para a construção de um mundo mais sustentável e equitativo.

Referências

Meadows, D. Indicators and Information Systems for Sustainable Development.

Sustainability Institute. 1998.

The Business of Sustainability. Building Industry Cases for Corporate Sustainability.

2004

BRASIL. ODS Brasil 2030. Disponível em: <http://odsbrasil.gov.br/home/agenda>.

Commission on Sustainable Development. Indicators Of Sustainable Development:

Framework And Methodologies. 2001.