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Amazônia: exemplos de como o uso sustentável dos recursos da biodiversidade mantém a floresta em pé

Cibele Lana 08 set 2020

Amazônia: exemplos de como o uso sustentável dos recursos da biodiversidade mantém a floresta em pé

Dia 5 de setembro é o Dia da Amazônia e todos os anos a nossa vontade é apenas de celebrar esse bioma evidenciando suas riquezas. Afinal,  são mais de 4 milhões de quilômetros quadrados, cerca de 2.500 espécies de árvores, 30 mil espécies de plantas. A Amazônia é protetora da maior bacia hidrográfica do mundo, com o majestoso Rio Amazonas, capaz de desaguar cerca de 175 milhões de litros d’água a cada segundo no Oceano Atlântico, de acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente. 

A Amazônia é um bioma de extrema importância para o equilíbrio do meio ambiente e do clima no nosso planeta. 

Mas, também é de conhecimento público o inegável risco que a nossa Amazônia se encontra. De acordo com dados do Imazon, apenas no último ano (julho de 2019 a julho de 2020), o desmatamento na Amazônia Legal foi de 6.536 quilômetros quadrados, um aumento de 29% em relação ao período anterior. No mês de julho deste ano, cerca de 59% do desmatamento na Amazônia ocorreu em áreas privadas e a área de floresta degradada apresentou um aumento de 110% em relação a julho de 2019. 

Em meio a esse cenário paradoxal, nos perguntamos: como celebrar, então, essa data tão significativa?

Trabalhamos já há alguns anos com projetos no bioma da Amazônia e acreditamos que estas são iniciativas que aliam conservação ao desenvolvimento sustentável , e que se utilizam de  ferramentas mais eficientes para manter a floresta em pé e todos os seus inestimáveis recursos em equilíbrio. 

Por isso, a seguir, compartilhamos com vocês 5 projetos desenvolvidos no bioma da Amazônia com o intuito de  propor uma agenda positiva neste dia e inspirar novas iniciativas que respeitem essa nossa riqueza. 

Foto: Araquém Alcântara | Todos os direitos reservados.

Inventário Florestal e Diagnóstico de Cadeia produtiva garantem uso sustentável da floresta em Rondônia 

Quando chegamos à  Rondônia, no ano de 2017, encontramos um contexto social e econômico muito semelhante nas  duas Reservas Extrativistas do Rio Cautário, a estadual e a federal: ambas habitadas por comunidades de seringueiros-extrativistas que viviam um momento de transição da exploração do látex para outras atividades. Já há alguns anos, o preço do látex vinha caindo, levando os extrativistas a desenvolver especialmente a coleta de castanha.

Com o intuito de auxiliar o desenvolvimento sustentável da região e das 63 famílias do território e evitar que optassem por atividades degradadoras tórias, desenvolvemos um projeto de Inventário Florestal e Diagnóstico da Cadeia Produtiva de Castanha e Látex na região. O projeto incluiu o levantamento do potencial florestal (madeireiro e não-madeireiro), a realização de um diagnóstico produtivo da castanha e da seringa, o estudo das formas de organização social daquela comunidade e levantou também oportunidades de negócio. 

Na primeira etapa, selecionamos 4 espécies nativas para um estudo mais aprofundado: castanha-do-brasil, a seringa, a copaíba e o açaí. E complementamos com um estudo de mercado com uma lista de contatos de potenciais parceiros comerciais e técnicos, além de uma análise da situação da cadeia produtiva local. Parte deste trabalho também envolveu o estudo sobre mecanismos de Pagamentos por Serviços Ambientais que poderiam ser acessados pela Reserva. 

O projeto teve um impacto importante sobre a comunidade, que continuou e ampliou o uso sustentável dos recursos da biodiversidade com a manutenção da floresta em pé, e também reforçou para a sociedade a necessidade de investimentos e melhoria de processos e abertura de mercados na região da Reserva Extrativista. Em 2020, por iniciativa do governo do estado de Rondônia, a Reserva extrativista estadual assinou contrato com uma empresa especializada em comércio de Carbono, para que este ativo proveniente da manutenção da floresta em pé possa gerar recursos para as comunidades, incentivando-as ainda mais a manter a floresta em pé. 

Plano de Manejo pioneiro nas Florestas Nacionais de Itaituba

Outro projeto importante no bioma Amazônia aconteceu em 2014 quando elaboramos o Plano de Manejo nas Florestas Nacionais que abrangem os municípios de Itaituba e Trairão, no Pará, às margens da BR-163. 

As Florestas Nacionais são uma das categorias de manejo presente na Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Estas áreas protegidas permitem o manejo florestal, sendo no entanto, necessário que as mesmas possuam plano de manejo para posteriormente serem colocadas no processo de concessão florestal para empresas interessadas e comunidades que são moradoras do seu interior e/ou do seu entorno.

O Plano de Manejo possibilitou que as comunidades dessas cidades participassem de uma experiência pioneira de manejo sustentável em Unidades de Conservação, capaz de gerar renda e desenvolvimento para a região também mantendo a floresta em pé. 

Sistemas Agroflorestais como aliados da conservação ambiental na Amazônia

Em Uatumã, no Amazonas, o Programa Ecomudança levou a implantação de Sistemas Agroflorestais (SAFs) em áreas degradadas da Reserva de Desenvolvimento Sustentável. Os SAFs são consórcios de culturas de espécies arbóreas e agrícolas, que podem ser usadas para reflorestamento, recuperação e uso sustentável de áreas degradadas. Essa prática mantém a fertilidade do solo e permite a geração de renda, aliada à conservação da biodiversidade.

O projeto plantou 1.100 mudas de espécies florestais e agrícolas produtivas, adaptadas à condição amazônica e implantou 1 hectare de SAF em uma área de pasto abandonado. Agora, além de gerar desenvolvimento sustentável para as famílias com a produção de frutos, a conservação das áreas também gera créditos de carbono para compensar a emissão de gases de efeito estufa de parceiros interessados. Esta iniciativa faz parte do Programa Carbono Neutro do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas – IDESAM

Outro projeto de SAF do programa Ecomudança foi realizado na Cooperativa Agroextrativista do Mapiá e Médio Purus, em 2014, também no Amazonas. A própria comunidade coletou sementes da floresta e produziu mais de 20 mil mudas em dois viveiros construídos por eles. As mudas foram utilizadas para a implantação de 16 hectares em SAFs nas áreas de capoeiras ao redor da comunidade. A principal espécie produzida foi o Cacau nativo, que além de produtivo e saboroso, é bastante procurado por importadoras para a produção de chocolate. 

É por meio dessas iniciativas que mostramos para o Brasil que é possível alinhar a conservação da floresta com o desenvolvimento das comunidades e, também por meio delas que construímos nossa esperança de um futuro onde poderemos celebrar o dia da Amazônia.

 

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