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13 tecnologias sociais para combater a desertificação

Cibele Lana 16 jun 2020

13 tecnologias sociais para combater a desertificação

Dia Mundial de Combate à Desertificação

 

Todos os anos, no dia 17 de junho, a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD, em inglês) convida a sociedade civil e as lideranças globais a refletirem sobre os impactos da desertificação na vida da população mundial e sobre as ações possíveis de implementação para solucionar o problema.

A UNCCD define a desertificação como um processo de degradação e consequente destruição do potencial produtivo do solo de áreas áridas, semiáridas e sub-úmidas secas, resultado de fatores ambientais, como variações climáticas, mas também e  principalmente, de ações humanas, como o desmatamento, a utilização de agrotóxicos, queimadas e uso intensivo do solo. Os impactos decorrentes destes processos refletem tanto no âmbito ambiental com a perda da fertilidade do solo, e da biodiversidade  no âmbito socioeconômico com a perda da qualidade de vida das populações dessa região.

De acordo com a UNCCD (2020), estima-se que atualmente mais de 2 bilhões de hectares de terras antes produtivas estão degradadas em todo o mundo. No Brasil, os dados também são alarmantes. Em estudo publicado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE, 2016), o Semiárido brasileiro, região que abrange cerca 1.323.975,4 km², especialmente nos estados de Alagoas, da Bahia, do Espírito Santo, do Maranhão, de Minas Gerais, da Paraíba, de Pernambuco, do Piauí, do Rio Grande do Norte, de Sergipe e do Ceará está sujeito a secas periódicas e conta com terras em estágio avançado de degradação e desertificação.

O tema da desertificação, por apresentar dados preocupantes e por se tratar de um problema global, com forte influência no equilíbrio dos ecossistemas do planeta, ganhou uma meta específica dentro do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 15: “até 2030, combater a desertificação, restaurar a terra e o solo degradado, incluindo terrenos afetados por desertificação, secas e cheias, e lutar para alcançar um mundo neutro em termos de degradação do solo” (meta 15.3).

 

E, na prática, como combater a desertificação?

O Instituto Ekos Brasil, por meio dos programas Ecomudança e Compromisso com o Clima, além de outras frentes de atuação, lida diretamente com projetos de desenvolvimento sustentável no Semiárido brasileiro e, por isso, auxilia com frequência as comunidades locais a implementar diferentes tipos de tecnologias sociais que contribuem para o combate à desertificação e fortalecem a convivência com o semiárido.

As tecnologias sociais são “um conjunto de técnicas, metodologias transformadoras, desenvolvidas e/ou aplicadas na interação com a população e apropriadas por ela, que representam soluções para a inclusão social e melhoria das condições de vida”. (SEBRAE, 2017)

Abaixo, listamos 13 destas metodologias que estão descritas no site da Embrapa, assim como seus benefícios.

 

Recuperação da mata ciliar 

Controla a erosão das margens das calhas dos rios e riachos, controla o aporte de nutrientes e de produtos químicos carreados aos cursos d’água, protege a zona ripária e filtra os sedimentos e nutrientes.

Reflorestamento 

Regulariza do ciclo hidrológico, previne a erosão, protege à fauna, melhora as condições geoambientais, incentiva à apicultura, controla os níveis de degradação do solo e da vegetação, aumenta os recursos hídricos, reduz os prejuízos na agricultura relacionados com enchentes, aumenta o estoque sustentável de madeira legal, sequestra CO2 e reduz o efeito estufa.

Quintais produtivos 

Proporcionam maior diversificação da produção e menos riscos, favorecem a proteção dos solos contra efeitos erosivos, aumentam a ciclagem e disponibilidade de nutrientes, ficam próximos à moradia do produtor, melhoram a qualidade do alimento em função da não utilização de agrotóxicos e ainda auxiliam na segurança alimentar do rebanho.

Veja um exemplo de projeto com implementação de quintais florestais.

Sistemas Agroflorestais (SAFs) 

Seus custos de implantação e manutenção são reduzidos, permitem produção diversificada, aumentam a renda familiar e melhoram a alimentação, favorecem a recuperação da produtividade de solos degradados por meio de espécies arbóreas implantadas, melhoram a estrutura e fertilidade do solo devido à presença de árvores que atuam na ciclagem de nutrientes, reduzem a erosão laminar e em sulcos, aumentam a diversidade de espécies e aumentam a produtividade, devido a fatores interligados do sistema (sombra + conforto animal).

Veja um exemplo de projeto com SAFs.

Barragem subterrânea

Permite economia na construção, menor perda de água por evaporação (não existindo “espelho d’água a insolação quase não atua) e proporcionam maior proteção da água contra a poluição bacteriana superficial (já que a água fica armazenada na sub-superfície).

Veja cinco exemplos de projetos bem-sucedidos que utilizam tecnologias sociais

Barragens sucessivas 

Reduzem o assoreamento dos reservatórios e rios, promovem a dessalinização ou a fertilização gradual do solo e a oferta de água em quantidade e qualidade nos tributários ou riachos da microbacia hidrográfica, colaboram com o ressurgimento da biodiversidade da Caatinga, favorecem a disponibilidade diversificada de alimentos no fundo dos vales (reduzindo a pressão da vida animal sobre a vegetação, nas vertentes da microbacia hidrográfica) proporcionam disponibilidade de água para o consumo animal, segundo uma distribuição temporal e espacial satisfatória.

Barraginha / Barreiro 

Melhora a qualidade do solo por acumular matéria orgânica, mantém o microclima ao redor da barraginha mais agradável, e a umidade no entorno também é favorável ao plantio de grãos, frutas, verduras e legumes.

Barreiro trincheira 

Armazena água da chuva para a dessedentação animal e para a produção de verduras e frutas que servirão à alimentação da família, garantindo a soberania e segurança alimentar.

Captação in situ 

Controla a erosão, conserva o solo, permite maior disponibilidade de água para as plantas, aumentando a resistência aos veranicos, possui baixo custo de implantação, e favorece a recarga do lençol d’água.

Cisterna calçadão 

Possui baixo custo e fácil construção. A água pode ser utilizada para irrigar quintais produtivos, plantar fruteiras, hortaliças e plantas medicinais, e para criação de animais. Pode-se fazer irrigação de salvação, utilizar a água para sistemas simplificados de irrigação, e utilizar o calçadão para secagem de produtos como feijão, milho, goma e a casca e a maniva da mandioca que, passadas na forrageira, servem de alimento para os animais e para outros usos.

Poços rasos 

Contribuem para manter a família de pequenos produtores rurais no campo e ampliam a renda familiar a partir da produção contínua de frutas e hortaliças.

Isolamento da área 

Conduz à regeneração natural e enriquecimento da área para incremento da biodiversidade.

Cordões de pedra em contorno 

Adequado a pequenas propriedades, controla o volume e a velocidade das enxurradas (deposição e retenção de uma massa de sedimentos sobre a área onde são construídos), modifica o micro-relevo na faixa compreendida entre os cordões, permite o aumento da profundidade efetiva sobre a área de deposição, ajuda na melhoria das propriedades físico-químicas do solo, sobre a área de deposição.

 

Fontes:

https://www.cgee.org.br/documents/10195/734063/degradacao-neutra-terra.pdf

https://mma.gov.br/perguntasfrequentes?catid=19

https://www.unccd.int/actions/17-june-desertification-and-drought-day

https://www.unccd.int/actions17-june-desertification-and-drought-day/2020-desertification-and-drought-day

http://sustentabilidade.sebrae.com.br/Sustentabilidade/Para%20sua%20empresa/Publica%C3%A7%C3%B5es/Tecnologias-Sociais-final.pdf

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