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COP 30 – A Amazônia é o maior bioma tropical do mundo. E, neste ano, é natural mencionar o quão simbólico será ter uma COP realizada no coração da Amazônia.
Não obstante todos os desafios com as questões logísticas, será uma oportunidade única de proporcionar à diplomacia climática um contato próximo com as pessoas e comunidades que vivem na floresta. Como bem disse o presidente da COP 30, André Aranha Correa do Lago, em uma de suas cartas:
“Lideranças vivas do cuidado, da resiliência e da regeneração”.
Dentro do ecossistema do mercado de carbono, há uma expectativa para que a COP seja um espaço propício de amadurecimento do debate sobre a integridade dos créditos de carbono. Se no início, algumas décadas atrás, a conversa frequentemente se limitava a métricas estritamente técnicas e cadastrais: a “tonelada de CO₂” como unidade quase absoluta, o CNPJ do detentor do crédito, checagens documentais básicas, etc, podemos dizer que nos últimos anos isso mudou. A pressão da sociedade, da imprensa e de dentro do próprio mercado, passou a exigir cada vez mais que cada crédito represente um impacto real, adicional, verificável e duradouro, em um ciclo de geração de riqueza que respeita as pessoas e a natureza.
Essa evolução se consolidou com a chegada de referências como os Core Carbon Principles do ICVCM, que estabelece dez princípios para identificar créditos de alta integridade, e com o VCMI, que oferece reivindicações para que as empresas participem do mercado voluntário com confiança. Padrões e metodologias reconhecidos foram pressionados a passar por revisões, especialmente em projetos florestais e esse movimento gerou atualizações e ampliou a consciência de compradores e desenvolvedores sobre a centralidade dos cobenefícios socioambientais.

Ou seja, o recado é: um crédito de carbono significa muito mais do que uma tonelada de CO₂. Ele deve ser um propulsor de regeneração, conservação, de desenvolvimento local, com transparência para todas as partes e governança séria.
Mas, voltando nosso olhar para a Amazônia, compreendemos que esse aprendizado ganha ainda mais importância. Quando projetos florestais nascem com as comunidades e não são apenas sobre as comunidades, são capazes de entregar benefícios que extrapolam a mitigação das mudanças climáticas. Podemos dizer, com base na experiência, que esses projetos auxiliam na regeneração dos ecossistemas ao promover a conservação da biodiversidade, a segurança territorial, possibilidade de renda digna, manutenção de saberes e modos de vida.
A ciência tem comprovado (e já falamos sobre isso aqui) que territórios indígenas e tradicionais, tendem a manter taxas menores de desmatamento e funcionam como barreiras vivas contra a perda florestal.
Por isso é simbólico receber a COP 30 na Amazônia. A conferência nos oferece a oportunidade de aprofundar o olhar para um tipo de integridade em nosso mercado que inclui as pessoas: ouvir e trabalhar junto com as comunidades do entorno, respeitar o protagonismo dos povos indígenas, valorizar a economia da floresta e, sobretudo, garantir que o financiamento climático chegue a quem protege a floresta todos os dias.
Desde 2017, o Instituto Ekos Brasil faz a gestão do Programa Compromisso com o Clima. O programa foi concebido para ser uma ponte segura entre quem compra e quem propõe projetos de créditos de carbono no mercado voluntário e já nasceu priorizando a integridade: avaliações técnicas, jurídicas, socioambientais, considerando, inclusive, aderência a normas e contextos locais. Essa é a integridade que praticamos: a que mede carbono, mas também mede confiança; a que entrega números, mas também entrega regeneração.