Desafios de planejamento e economia para mitigação das mudanças climáticas na América Latina
A Semana Regional do Clima 2021 para América Latina e Caribe se aproxima. De 11 a 14 de maio, representantes de governos nacionais, regionais, além do setor privado, instituições financeiras e sociedade civil irão se reunir virtualmente para dialogar em conjunto sobre a recuperação dos seus países da crise pandêmica em conformidade com modelos mais sustentáveis de sobrevivência.
A Semana Regional do Clima acontece em todos os continentes e é uma preparação para a COP 26, marcada para novembro deste ano, na Escócia. Se não fosse pela pandemia, o evento latino-americano teria sede na República Dominicana.
Na ocasião, os participantes devem abordar três principais temáticas: planos nacionais de ação e pacotes econômicos que permitam a recuperação pós-COVID-19 e suportem o Acordo de Paris; soluções integradas pelo desenvolvimento a partir da resiliência climática, abordando os desafios da região para uma economia de baixo carbono; e a busca por soluções disruptivas escaláveis capazes de posicionar a América Latina como uma região de baixa emissão de carbono, com foco em setores da economia que necessitam de transformações profundas.
Com o intuito de abordar os desafios que muito provavelmente serão discutidos intensamente pelos representantes na Semana Regional do Clima, apresentamos a seguir as conclusões do estudo “A economia da Mudança Climática na América Latina e no Caribe”, publicado em 2019 pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) da ONU.
Desafios da mudança climática e do desenvolvimento sustentável na América Latina e no Caribe
De acordo com o estudo, o estilo de desenvolvimento e os padrões de consumo da população latino-americana são incompatíveis com um desenvolvimento sustentável a longo prazo. O aumento da renda ao longo da última década levou a uma diminuição dos gastos com alimentos e a um aumento do consumo de combustíveis fósseis.
Além disso, a publicação aponta que 22% da população latino-americana vive em zonas rurais e que a atividade agropecuária é responsável por 5% do PIB da região. Por outro lado, é também a atividade mais sensível às mudanças climáticas, podendo ser afetada em sua estrutura, em seus rendimentos e em seus ciclos produtivos. Até 2080, a produtividade pode ter uma queda entre 23% e 12% na região.
Com relação a geração de energia, o desafio é duplo. Mesmo se a matriz energética por aqui supera a média mundial na geração por fontes renováveis, o consumo ainda está baseado na geração de energia não-renovável. Por isso, ao mesmo tempo em que busca reduzir suas emissões na matriz energética, a região precisa ficar atenta às consequências das mudanças climáticas em sua matriz renovável, altamente suscetível aos efeitos do aquecimento global.
Um outro desafio está na disponibilidade de recursos hídricos. Apesar de contar com um alto volume de água per capita, a água não está distribuída homogeneamente entre os países latino-americanos. Enquanto México, Caribe e América Central podem sofrer com mais secas, a América do Sul estará mais exposta a inundações, em um cenário de consequências das mudanças climáticas, afetando de forma muito particular a agricultura.
E ainda o desafio da elevação do nível do mar que, como consequência do aquecimento global pode reduzir a defesa costeira das praias, inundar ecossistemas, reduzir o turismo, afetar a operação de portos e segurança das obras marítimas, variar o fluxo das ondas, dentre outros.
Todos esses desafios, além de suas já citadas questões problemáticas, indubitavelmente se relacionam com a vulnerabilidade social da população latino-americana, afetada cruelmente pela COVID hoje, e certamente também a mais afetada com os efeitos das mudanças climáticas no presente e em um futuro próximo.
Por isso, planejar a recuperação econômica no período pós-pandêmico não pode ser uma iniciativa descolada da gestão das mudanças climáticas, seja na América Latina, seja no mundo.
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