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Projeto Florescer no Cerrado incentiva empreendedorismo feminino no Vale do Peruaçu

As mulheres têm um papel essencial na gestão dos recursos naturais, mas sabemos que ainda enfrentam barreiras para acessar espaços de liderança e oportunidades econômicas. Diante dessa realidade, o Instituto Ekos Brasil deu início ao projeto Florescer no Cerrado, com o intuito de apoiar empreendedoras no Vale do Peruaçu. 

O Florescer no Cerrado começou com um mapeamento dos negócios locais liderados por mulheres. O diagnóstico apresentou os desafios e lacunas que elas enfrentam no dia a dia. Esse documento também foi a base para a criação de uma jornada de apoio sob medida para fortalecer seus negócios e promover a inclusão feminina em decisões estratégicas e operacionais. 

“Acreditamos que as soluções mais transformadoras nascem da escuta e da participação ativa, por isso, as 30 mulheres selecionadas participaram da construção do curso”, explicou Camila Dinat, gerente técnica e novos negócios do Ekos Brasil que acompanha de perto o projeto. Agora, as empreendedoras se encontram mensalmente, desde maio, em encontros formativos que endereçam as demandas identificadas. 

No encontro de julho, as empreendedoras viveram uma experiência imersiva no comércio local de Januária (MG). Durante o tour, visitaram lojas, centros de artesanato e restaurantes. Puderam aprofundar conhecimentos sobre preços, produtos, perfis de público e diferenciais.  

Para Dinat, “foi uma oportunidade única de conhecer de perto o turismo regional com suas riquezas e desafios e ainda ter ideias para pensar seus próprios negócios como parte ativa dessa cadeia produtiva”. 

Já no encontro de setembro, participaram de uma oficina sobre Marketing Digital. Na ocasião, cada uma precisou confeccionar um post para divulgar seu trabalho no Instagram. E o Instituto Ekos Brasil fez questão de mostrar todos eles em seu perfil institucional. 

“A cada encontro, sentimos que damos mais um passo para a geração de renda e autonomia das nossas empreendedoras. É incrível vê-las florescendo juntas, com força, cuidado e propósito”

completou Dinat. 

O projeto será encerrado em dezembro, após um processo de mentorias individualizadas, onde cada mulher empreendedora irá desenvolver um plano de ação para seu empreendimento a partir dos conhecimentos gerados, buscando construir um caminho sólido até seu sonho.

O projeto Florescer no Cerrado conta com o suporte fundamental do SEBRAE local e é apoiado pelo CEPF e IEB.

Projeto Árvores do Rio Doce apresenta resultados preliminares no V Seminário de Pesquisa do PERD

O Parque Estadual do Rio Doce (PERD) convidou a equipe do Projeto Árvores do Rio Doce para participar do V Seminário de Pesquisa do PERD, realizado entre os dias 21 e 23 de outubro de 2025. 

O evento foi um importante espaço de encontro entre pesquisadores, gestores e instituições parceiras, voltado à discussão dos estudos científicos que vêm sendo desenvolvidos na unidade de conservação.

O projeto Árvores do Rio Doce: estudos ecológicos para conhecer e conservar espécies ameaçadas de extinção na Bacia do Rio Doce estuda espécies florísticas  ameaçadas da Bacia do Rio Doce, e tem como objetivo principal gerar informações científicas que subsidiem ações de conservação, manejo e restauração florestal na bacia, o que torna os resultados extremamente relevantes para a conservação da biodiversidade local e regional e para o PERD.

Durante o seminário, foram apresentados resultados relativos às respostas das espécies ameaçadas de extinção ao enriquecimento atmosférico de CO2, aumento de temperatura e restrição hídrica considerando cenários atuais e futuros de mudanças climáticas. 

As projeções revelam um panorama preocupante: 19 das 26 espécies avaliadas devem perder mais de 75% de suas áreas atualmente adequadas até 2050, sob pelo menos um dos cenários de aquecimento avaliados. Algumas das espécies-alvo apresentaram risco de extinção local, com áreas projetadas próximas a zero até meados do século. Por outro lado, algumas espécies mostraram maior resiliência, indicando manutenção ou expansão de suas áreas adequadas, possivelmente em função de maior plasticidade ecológica ou caráter pioneiro.

árvores do rio doce

Além da modelagem espacial, o projeto também apresentou resultados experimentais sobre o crescimento e a fisiologia de plantas de sete espécies arbóreas nativas ameaçadas, sob condições simuladas de elevação da concentração atmosférica de CO₂, aumento de temperatura e restrição hídrica. Esses experimentos permitem compreender como tais espécies respondem a mudanças ambientais em termos de crescimento, metabolismo, anatomia e funcionamento fisiológico, demonstrando que as mudanças climáticas não afetam significativamente a germinação das sementes, mas provocam impactos expressivos nas fases juvenis, quando alterações na temperatura e na disponibilidade de água podem comprometer o desenvolvimento e a sobrevivência das plantas. 

O Projeto Árvores do Rio Doce – Estudos Ecológicos para Conhecer e Conservar Espécies Ameaçadas de Extinção na Bacia do Rio Doce é gerido pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade – FUNBIO, com financiamento advindo do Projeto Biodiversidade do Rio Doce, e parceria com os pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa, Instituto Inhotim e Universidade de Salamanca (Espanha).

A participação no seminário representou uma oportunidade valiosa para compartilhar avanços científicos, fortalecer parcerias institucionais e discutir estratégias para a conservação da flora da região, reafirmando o papel essencial da pesquisa como base para a gestão e o planejamento ambiental.

Ekos Brasil leva experiência no Peruaçu ao IV Seminário Parcerias em Áreas Protegidas

O Instituto Ekos Brasil participou da mesa “Monitoramento de parcerias: estratégias e desafios no olhar dos parceiros”, durante o IV Seminário Parcerias em Áreas Protegidas, promovido pelo Observatório de Parcerias em Áreas Protegidas (OPAP)

Representados pela Jéssica Fernandes, coordenadora do Programa Peruaçu, apresentamos a experiência de atuação na APA e no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, destacando como a parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservacao da Biodiversidade (ICMBio) contribui para o fortalecimento do uso público, a conservação e o desenvolvimento territorial.

Levar o Peruaçu e o Cerrado ao centro das discussões sobre sobre áreas protegidas reforça nosso compromisso com a conservação da biodiversidade e a valorização dos territórios. 

Parcerias em Áreas Protegidas 01

Dia Mundial do Turismo: celebrando o Patrimônio Mundial Natural do Cânion do Peruaçu

No dia 27 de setembro, celebramos o Dia Mundial do Turismo, e neste ano, temos motivos especiais para festejar: além dos 26 anos do Parque, o Cânion do Peruaçu, localizado no interior do PARNA Cavernas do Peruaçu, foi oficialmente reconhecido como Patrimônio Mundial Natural pela UNESCO em 13 de julho de 2025!

Foto de aniversário do PNCP

A importância do reconhecimento e conservação da biodiversidade

Este reconhecimento de prestígio vai muito além de reconhecer a beleza cênica, a geologia e a importância cultural do nosso cânion. Ele é também um motor de turismo sustentável, mostrando que biodiversidade e áreas verdes geram renda quando valorizadas e visitadas de forma ordenada.

Caverna Janelão, Parque Nacional do Peruaçu, Minas Gerais, Brasil.

Com o reconhecimento da UNESCO, o PARNA Cavernas do Peruaçu ganha visibilidade global e poderá atrair visitantes do mundo todo, fortalecendo o turismo local e criando oportunidades para as comunidades locais e reginais.

A exemplo disso, em 2024, 3 dos 10 parques nacionais mais visitados do Brasil já possuíam este selo, prova do seu poder de atração:

• 2º Parque Nacional do Iguaçu

• 5º Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha

• 6º Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses  

O turismo em áreas protegidas é conservação que gera desenvolvimento!

Paisagem cárstica com cavernas colapsadas e dolinas – Vista da entrada da Caverna Janelão (em alemão, “Grande Janela”), Parque Nacional do Peruaçu, Minas Gerais, Brasil

Histórico de visitação no PARNA Cavernas do Peruaçu

Criado em 1999, o PARNA Cavernas do Peruaçu abriu suas portas para visitação oficialmente em 2017, mas desde 2014 já recebia pesquisadores nacionais e internacionais e estudantes das escolas locais. De acordo com gráfico abaixo, é possível observar que o número de visitantes vem aumentando ano a ano (com exceção de 2020 com a pandemia) o que demonstra o potencial turístico da unidade de conservação. Além disso, o aumento de visitantes tem fomentado a economia local, seja na geração de renda dos condutores, comércios locais e serviços hoteleiros. Até o mês de agosto deste ano, o Parque já recebeu mais visitantes que do ano de 2024.

Como visitar o PARNA Cavernas do Peruaçu?

Você sabia que o PNCP não cobra taxa de entrada? As visitações são guiadas por condutores locais credenciados pelo ICMBio. Essa iniciativa não só garante a segurança e a conservação do ambiente, mas também fortalece e fomenta a geração de renda para a comunidade local, promovendo um turismo sustentável e inclusivo.

Atrativos turísticos do PARNA Cavernas do Peruaçu

O parque conta com diversos atrativos turísticos e trilhas com diferentes graus de dificuldade. Além das trilhas você ainda encontra a Exposição Permanente que conta a história do parque e a trilha infantil para os pequeninos. Em breve teremos novos atrativos de aventura!

Além das trilhas você ainda encontra a Exposição Permanente que conta a história do parque e a trilha infantil para os pequeninos. Em breve teremos novos atrativos de aventura!

Planeje sua visita!

O Parque pode ser visitado de terça a domingo, das 8h às 18h, com entrada nos atrativos permitida até as 14h (exceto no Arco do André, até as 12h).

Para agendamentos e mais informações, você pode entrar em contato pelo e-mail cavernas.peruacu@icmbio.gov.br ou acessar as informações de visitação e dos condutores credenciados no site do ICMBio.

E você, já visitou o Peruaçu? Conte-nos sua experiência e o que mais te encantou!

Instituto Ekos Brasil leva experiência da Bacia do Rio Doce a evento internacional em Salamanca

Instituto Ekos Brasil leva experiência da Bacia do Rio Doce a evento internacional em Salamanca

De 17 a 19 de setembro, o Instituto Ekos Brasil marcou presença no evento internacional I Jornadas Internacionales de Biodiversidad y Servicios Ecosistémicos (1ª Conferência Internacional sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, em tradução livre), realizado na Universidade de Salamanca, na Espanha. A participação aconteceu em conjunto com uma equipe de sete pesquisadores e pesquisadoras da Universidade Federal de Viçosa (UFV), parceira do Instituto em projetos estratégicos na Bacia do Rio Doce.

Estiveram presentes a Ma. Fabiana Bonani, Coordenadora de Projetos de Conservação da Biodiversidade do Instituto Ekos Brasil, e a equipe de pesquisa composta por Profa. Dra. Andreza Viana Neri, Dr. Carlos Mário Galván-Cisneros, Prof. Dr. João Augusto Alves Meira Neto, Prof. Dr. Juraci Alves Oliveira, Dra. Lhoraynne Pereira Gomes e Dr. Rodrigo Gomes Gorsani.

O grupo esteve presente nas pautas que tratam da importância da ecologia das espécies para a conservação da biodiversidade e restauração dos ecossistemas, especialmente para a Bacia do Rio Doce. Nesta oportunidade Fabiana destacou o protagonismo do Instituto em iniciativas na Bacia, que unem ciência, saúde humana e ambiental, conservação, políticas públicas e parcerias público-privadas.

Durante o evento, foram apresentados resultados dos projetos “Árvores do Rio Doce” e “Campestres do Rio Doce”, que investigam espécies arbóreas e campestres raras, endêmicas e ameaçadas de extinção na Bacia. Os projetos estão sendo desenvolvidos pelo Instituto Ekos Brasil em parceria com a Universidade Federal de Viçosa, o Instituto Inhotim de Minas Gerais e a Universidade de Salamanca da Espanha, sendo gerido pelo Funbio como parte do Projeto Biodiversidade Rio Doce. Como produtos destes estudos serão feitas propostas de conservação destas espécies, guias de restauração e a publicação de diversos artigos científicos.

A participação do Instituto Ekos Brasil no encontro internacional reforça o compromisso da organização com a produção e disseminação de conhecimento científico, articulando esforços locais e globais para garantir a regeneração de ecossistemas ameaçados.

Foto: Ekos Brasil.

Ekos Brasil participa de encontros sobre conservação e protagonismo no Cerrado

Neste mês de setembro, a equipe do Instituto Ekos Brasil esteve presente em dois encontros de grande relevância em Brasília: o Encontro dos Projetos Apoiados pelo CEPF (Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos) e o XI Encontro e Feira dos Povos do Cerrado. 

Representaram o Instituto a Jéssica Fernandes (Coordenadora de Projetos de Impacto e Gestão Climática), Camila Dinat (Gerente Técnica e Novos Negócios) e Murilo Mendes (Agente Ambiental e Administrativo no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu).

Nos dias 8 e 9, a equipe participou do encontro do CEPF, ao lado de outras 35 organizações que atuam no bioma, com iniciativas que colaborem com o trabalho de conservação promovido por mulheres. O Instituto apresentou o projeto Florescer no Cerrado, que acontece na Área de Proteção Ambiental Cavernas do Peruaçu e promove a capacitação de negócios sustentáveis liderados por mulheres.

“Foi um encontro muito produtivo, onde pudemos refletir com outras organizações sobre os desafios, soluções e conquistas dos projetos desenvolvidos no bioma, além de destacar que sem mulher não tem cerrado em pé”, compartilha Murilo Mendes.

Já de 10 a 14 de setembro, foi a vez do Encontro dos Povos do Cerrado, espaço de integração de comunidades, organizações, culturas e povos que habitam o bioma. “São esses povos que fazem a conservação do bioma, que garantem o Cerrado de pé”, destacou Camila Dinat. 

Ali foram discutidas formas de desenvolvimento dos setores, como manter as populações em seus territórios, as ameaças que sofrem e também as ferramentas que têm para se manterem íntegras e donas de seu território. O evento contou com feiras de produtos locais, atividades culturais e debates sobre o papel das comunidades na conservação do bioma.

“Outro ponto importante foi que todo o evento foi alimentado com produtos da agricultura familiar livre de agrotóxicos, fornecidos pela organização Cerrado de Pé, que viabilizou a compra e preparo dos alimentos”, reforça Dinat.

Encontro dos Povos do Cerrado. Foto: equipe Ekos Brasil.
Encontro dos Povos. Foto: equipe Ekos Brasil.

Para o trio, a participação nos dois encontros reforçou o compromisso do Instituto Ekos Brasil de atuar de forma integrada com as comunidades, valorizando a liderança feminina e a diversidade de saberes como caminhos fundamentais para a regeneração e proteção do Cerrado.

Nossa história com o Peruaçu | Especial Dia do Cerrado

Desde 2017, o Instituto Ekos Brasil atua, em cooperação com o ICMBio, para transformar a APA e o  Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, com grande porção do seu território no bioma Cerrado, em um caso de sucesso de conservação da biodiversidade em colaboração com as comunidades locais e tradicionais. 

Por isso, nesse Dia do Cerrado, percorremos uma breve linha do tempo para relembrar alguns destaques da nossa história de parceria com o Vale do Peruaçu. 

A partir do Acordo de Cooperação e da criação do Programa Peruaçu, em 2017, o Instituto passou a captar e converter recursos, sem repasse financeiro direto entre as organizações, para apoio a gestão do parque e da apa, investimentos em infraestrutura de visitação, recuperação de nascentes, apoio a pesquisa e desenvolvimento de projetos socioambientais. 

Rolph Gloor in der Höhle “Arco do André” (dt.: Andreasbogen), Nationalpark Peruacú, Minas Gerais, Brasilien

Um dos marcos desse primeiro período, ainda em 2017, foi a implementação da Trilha do Arco do André, um percurso de oito quilômetros que permite aos visitantes explorar  um cenário de muita beleza, contato com o Rio Peruaçu, com o carste e matas primárias com baixa intervenção humana. Em 2018, avançamos algumas etapas para a sustentabilidade financeira dos nossos projetos no Peruaçu, com a inclusão do parque na Incubadora para a Conservação da Natureza, da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e com o lançamento do edital Pequenos Projetos, que apoiou duas iniciativas locais. Com o intuito de dar mais visibilidade ao Parque e às ações de conservação, neste ano também organizamos uma press trip com jornalistas brasileiros e estrangeiros que rendeu reportagens importantes na mídia.  

Nossa parceria seguiu em 2019 com a consolidação da estratégia de captação. Neste ano, destacamos a aprovação no programa Clear into the Future, da Dupont, onde houve a criação da Casa de Vegetação, um viveiro de espécies nativas que alimenta ações de restauração em nascentes e áreas degradadas. O objetivo é simples e ambicioso: contribuir para manter água correndo e floresta em pé, pilares da resiliência do Cerrado.

Contratamos também um estudo para analisar e propor novos modelos de negócios e de parcerias público-privadas para aproveitar as potencialidades econômicas da Unidade de Conservação. Hoje, o Peruaçu é um case de sucesso neste tipo de modelo de parceria. 

Certamente, o marco do ano de 2020 foi a consolidação da nossa parceria pelo ecoturismo. O projeto “Acelerando o Turismo Sustentável no Vale do Peruaçu” ajudou a desenvolver, fortalecer e acelerar o turismo sustentável na região. Mais de 60 pessoas e 48 iniciativas locais receberam capacitação e orientações para gerar mais renda e assim impulsionar a cultura e a conservação da biodiversidade. 

Com a chegada da Pandemia, as ações do Ekos Brasil foram canalizadas para a ajuda humanitária. Por meio de parcerias com o Instituto Rosa e Sertão foi possível comprar insumos nas cooperativas de produtores locais e distribuir 233 cestas básicas. Foram beneficiadas 932 pessoas das comunidades de Quilombo Cabanos, Aparecidinha, Candeal, Água Doce e São Domingos. Este também foi um ano em que apoiamos a compra de equipamentos de comunicação e segurança. 

Em 2021, um dos marcos foi o projeto “Conectando Histórias no Peruaçu” que usou crowdfunding com match do BNDES para formar jovens em audiovisual e ciências da natureza, multiplicando vozes locais na promoção do parque e fortalecendo o sentimento de pertencimento, peça-chave para conservar. No ano seguinte, tivemos a finalização do 1º acordo de cooperação, que abriu as portas para um novo acordo firmado em 2023, desta vez, abrangendo o território do Parque e da APA Cavernas do Peruaçu. Ainda neste ano, lançamos o projeto “Uma trilha para a sustentabilidade”, com a finalidade de fortalecer e resgatar o conhecimento tradicional indígena Xakriabá sobre plantas medicinais e a importância de viver pela conservação das florestas.

Em 2024, celebramos a inauguração da parte de penumbra da trilha da Gruta do Janelão e a realização do III Seminário Científico do Vale do Peruaçu, organizado pelo ICMBio e Instituto Ekos Brasil, e palco de pesquisas científicas realizadas no território, que destacam os impactos das mudanças climáticas no carste do Vale do Peruaçu, mostram o papel deste território para o conhecimento da história humana e que põem em relevo toda riqueza biodiversa existente no Peruaçu. 

E neste ano de 2025, vivemos a emoção de apoiar a campanha do Peruaçu como Patrimônio Mundial Natural pela Unesco e celebrar o recebimento desse título tão esperado. O ano continua, mas até o momento já inauguramos outros 3 importantes projetos: Projeto Florescer no Cerrado,  que oferece formação empreendedora para mulheres do Peruaçu; o Floresta Viva Peruaçu, uma iniciativa voltada à restauração ecológica de biomas brasileiros, que tem como objetivo restaurar 200 hectares do bioma Cerrado no Vale do Peruaçu; e o Conhecer e Prevenir, com objetivo de  estruturação e implementar ações para um manejo integrado do fogo mais efetivo. 

A história do Peruaçu continua e temos o privilégio de fazer parte de cada novo passo desta região biodiversa e fundamental para o equilíbrio natural do nosso país. Mas, sozinhos não fazemos nada: a participação dos parceiros e da comunidade é essencial para o trabalho da nossa equipe. Seguimos juntos e juntas pela preservação e conservação do Cerrado. Viva o Cerrado e viva o Peruaçu!  

SNUC chega aos 25 anos com motivos para celebrar, defende ambientalista

Por Elizabeth Oliveira, publicado originalmente em ((o))eco, em 16 de julho de 2025.

Em mais de duas décadas, a implementação dessa legislação ambiental passa por desafios, mas seu legado de proteção da natureza e dos modos de vida tradicionais é inegável

“Mais do que nunca há motivo para comemorar sim”, afirma a engenheira agrônoma Maria Cecília Wey de Brito, diretora de Relações Institucionais do Instituto Ekos Brasil, em entrevista ao ((o))eco. Como ambientalista e especialista de longa trajetória, ela participou ativamente da construção da Lei 9.985 que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), em 18 de julho de 2000, e, nesta quarta-feira (16), integrou as atividades oficiais de celebração, promovidas pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). Em conversa com a reportagem, na véspera do evento, destacou que esse arcabouço legal de importância central para a proteção da biodiversidade e modos de vida tradicionais do país levou mais de dez anos em debates que agregaram uma diversidade de vozes e visões. Defendeu, ainda, que apesar de todas as limitações que têm impactado o seu processo de implementação, a força do legado do SNUC é inegável. 

((o))eco. Como você avalia esse aniversário 25 anos do SNUC em um momento de tantas pressões para enfraquecer as salvaguardas de proteção da natureza no Brasil. O país tem motivos para comemorar?

Maria Cecília Wey de Brito. Vale a pena comemorar muito esse marco. Apesar das inúmeras dificuldades enfrentadas para a sua implementação e das críticas sofridas devido a essas e outras questões, a lei se manteve intacta durante todo esse tempo. 

Que contribuições o SNUC tem conseguido trazer para a conservação da natureza no Brasil e quais foram as suas principais inovações? 

Para além da importância da proteção da biodiversidade, com avanços alcançados em termos de ampliação de ambientes legalmente protegidos, o SNUC conseguiu fortalecer a participação social no processo de instituição e gestão de unidades de conservação. Essa conquista  tem garantido uma diversidade de vozes que vai de técnicos e ambientalistas às populações tradicionais e outros segmentos. Embora os territórios tradicionais sejam espaços de resistência historicamente, se não fosse pelas garantias asseguradas por essa lei, em função de inúmeras pressões, certamente, muitas populações que hoje habitam as UCs no país já teriam sido empurradas para as periferias das cidades.

A construção da lei em si provocou embates devido às diferentes visões que buscavam influenciar o Legislativo. Tendo acompanhado esse processo, como você avalia que foi possível conciliar perspectivas dos que defendiam tanto a proteção integral como o uso sustentável da biodiversidade?

Participando de várias reuniões e debates na época de construção dessa lei, eu me lembro que existia sim essa divisão de percepções. Era forte ainda o olhar mais direcionado à proteção das paisagens, da vegetação e de outros elementos naturais. No entanto, muitos avanços foram alcançados em termos de conciliação devido às batalhas que foram travadas por Chico Mendes e outras lideranças. Essas personalidades do movimento socioambientalista, incluindo a atual ministra Marina Silva, perceberam a importância de assegurar a presença das populações tradicionais em territórios protegidos legalmente, onde suas culturas pudessem se manter. Houve muita luta política para defender a ideia de que essas populações protegem a natureza com seus modos de vida. Dessa forma, os deputados federais Fabio Feldman e Fernando Gabeira, que foram relatores do SNUC, conseguiram acomodar debates internos e depois externos, ao incluir como categorias inovadoras as Reservas Extrativistas (Resex) e as Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) na proposta de lei do SNUC.   

Em termos de perspectivas de futuro, quais são as suas expectativas, considerando todas as pressões que continuam havendo para fragilização da legislação ambiental, não sendo diferente com a lei do SNUC. Que alertas você daria para a sociedade brasileira?

Os embates devem continuar existindo para o afrouxamento da legislação ambiental, considerando o Congresso como está hoje e o que devemos ter após as próximas eleições. Além disso, temos visto muita resistência dos governos estaduais em relação às Unidades de Conservação. Mas precisamos refletir que o SNUC é uma lei que regulamenta diretrizes da Constituição que obrigam todos os entes [federais, estaduais e municipais] a criarem áreas protegidas. Não se pode parar processos quando os governos não querem. Independentemente de posição política, é preciso desconstruir essa ideia de muitos que seguem contrários à proteção da natureza e dos modos de vida de populações tradicionais.

Apesar de todos os entraves que envolvem a proteção da natureza e da sociobiodiversidade no Brasil, de forma geral, você se considera otimista em relação ao futuro dessas agendas?

Sim, eu me sinto otimista. Principalmente, por ter observado e participado de grandes transformações no país ao longo desse tempo.  Melhorou muito a capacidade de atuação da sociedade civil brasileira em defesa das lutas coletivas, incluindo as agendas socioambientais. Temos muita construção e um legado enorme. Temos condições de fazer cada vez melhores escolhas diante de disputas que continuarão existindo. Recursos financeiros nunca tivemos o suficiente, mas se houver, certamente daremos um salto, considerando tudo o que já fizemos até aqui, mesmo diante de tantas limitações.

O que você considera como soluções possíveis para alcançar mais avanços no processo de implementação do SNUC?

Eu considero que o governo pode e deve trabalhar mais em parceria com a sociedade, valorizando essa alternativa como solução possível. No Instituto Ekos temos exemplos de parcerias muito bem-sucedidas. Uma delas é um Acordo de Cooperação com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para apoio à gestão do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu (MG) e da APA de mesmo nome, com área sobreposta a essa UC. O Parque abriga o Cânion do Peruaçu, recentemente reconhecido como Patrimônio Natural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Com essa unidade de conservação, desenvolvemos um trabalho com excelentes resultados há mais de 20 anos, quase o mesmo tempo de existência do SNUC. Também temos um Termo de Parceria estabelecido com o Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais para fortalecimento da gestão do Parque Estadual do Rio Doce [UC afetada pelo desastre ambiental provocado, em 2015, pelo rompimento da barragem do Fundão, em Mariana (MG), empreendimento operado pela Samarco]. 

Agora Patrimônio Mundial Natural, Cânion do Peruaçu conta com apoio do Ekos Brasil desde 2003. 

Pouco depois do reconhecimento oficial do Cânion do Peruaçu, localizado no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu como Patrimônio Mundial Natural pela Unesco, o time do Instituto Ekos Brasil ainda está cheio de emoção e quase sem acreditar na grandeza desse acontecimento! 

É que para nós essa conquista tem um gostinho para lá de especial e não à toa teve gente da equipe que pulou e gritou em frente à tv na hora do anúncio como se fosse final de Copa do Mundo.  

Afinal, desde 2017 apoiamos o Parna Peruaçu em um modelo pioneiro de parceria público-privada. Junto ao ICMBio, gestor da Unidade, assinamos em 2017 um Acordo de Cooperação para apoiar e desenvolver atividades de gestão, conservação e uso público do parque, ampliamos o escopo em 2022 e, em 2023, assinamos um novo Acordo de Cooperação, abrangendo também o território da APA Cavernas do Peruaçu

Apesar do nosso 1º acordo com o ICMBio ter sido firmado em 2017, atuamos no Parque desde 2003, quando fizemos os estudos de elaboração do plano de manejo e, na sequência, o acompanhamento técnico da implementação de infraestrutura e uso público do parque. Essa relação de mais de 20 anos nos fez celebrar (e muito) a conquista do reconhecimento pela Unesco. Isso porque, mais do que ninguém, sabemos que para além de toda a riqueza de sua biodiversidade, de suas paisagens, cavernas e arqueologia, sabemos o quanto a comunidade que vive com e pelo Peruaçu merece essa conquista. 

Foto: Ekos Brasil

“Em todos esses anos, o que encontramos foi um povo do bem, cheio de gente acolhedora, batalhadora, que faz a gente se sentir em casa. Um povo que exalta a cultura sertaneja, o saber popular e o conhecimento tradicional. Tenho realmente muito orgulho do time que juntamos para apoiar o ICMBio na gestão e manutenção do Peruaçu”, destacou Jéssica Fernandes, coordenadora do Programa Peruaçu. 

Com o reconhecimento da Unesco, o Instituto Ekos Brasil espera que as comunidades que apoiam a perpetuação das áreas protegidas do Peruaçu sejam ainda mais beneficiadas pelo desenvolvimento do turismo comunitário sustentável e, claro, pela manutenção dos serviços ecossistêmicos que a natureza generosamente oferece a todas as pessoas. 

Programa Peruaçu 

A parceria entre Ekos Brasil e ICMBio no Parna e APA Peruaçu vem sendo considerada um modelo de sucesso internacional de conservação da biodiversidade. Ao lado de profissionais competentes e apaixonados pela sua região e de toda a comunidade, atuamos em seis frentes de ação: apoio à gestão do parque e da APA, iniciativas de apoio à ciência, promoção de negócios socioambientais, ações de educação ambiental e valorização da natureza e história da região, e o fortalecimento da governança. 

Para fazer isso tudo acontecer, criamos o Programa Peruaçu, que arrecada contribuições financeiras de empresas, organizações governamentais e não governamentais nacionais e internacionais e de pessoas físicas e as direciona aos projetos e atividades demandadas pelo Plano de Trabalho.

Toda verba arrecadada pelo Programa Peruaçu é destinada a apoiar atividades das quais a gestão do parque não tem recursos ou obrigação em investir, mas que são importantes para a continuidade .

O Programa Peruaçu não substitui os recursos advindos do governo federal, e tem como principal objetivo apoiar ou acelerar  a execução de atividades consideradas prioritárias.

Todos os recursos captados pelo Instituto Ekos são integralmente repassados ao ICMBio na forma de produtos, materiais e projetos, portanto, não há repasse de dinheiro entre as instituições. 

O que significa ser Patrimônio Mundial Natural pela Unesco 

Em decisão unânime durante a 47ª sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, em Paris, os Cânions do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu foi reconhecido como Patrimônio Mundial Natural. 

Em entrevista exclusiva ao Ekos Brasil, Bernardo Issa, coordenador-geral de Gestão do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, explicou que todo patrimônio que se candidata à lista da UNESCO precisa comprovar seu Valor Excepcional Universal. Isso significa que deve ter um significado cultural e/ou natural que transcenda as fronteiras nacionais e tenha relevância para as gerações presentes e futuras da humanidade.

Issa detalhou que o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu foi inscrito em dois dos quatro critérios exigidos pela UNESCO para Patrimônios Naturais: o critério VII e o VIII.

  • Critério VII: Conter fenômenos naturais superlativos ou áreas de grande beleza natural e importância estética.
  • Critério VIII: Ser um exemplo representativo de etapas importantes da história da Terra, incluindo testemunhos de vida, processos geológicos que formam características geomórficas ou fisiográficas significativas.

A beleza do Peruaçu dispensa comentários. A caverna do Janelão possui largura e altura superiores a 100 metros, o que permite a entrada de luz solar e o desenvolvimento de vegetação em suas vastas câmaras. Na dolina dos Macacos, encontra-se a maior estalactite do mundo, a “Perna da Bailarina”, com cerca de 28 metros de comprimento. Além disso, são quase 500 cavidades catalogadas e mais de 114 sítios arqueológicos que registram ocupações humanas datadas de mais de 12.000 anos A.P., muitos com arte rupestre em excelente estado de preservação. Tudo isso em uma zona de transição ecológica entre os biomas do Cerrado e da Caatinga, com bolsões de Mata Atlântica.

Parabéns, Parna Peruaçu! Temos muito orgulho de compartilhar essa conquista com o seu povo! 

Projeto de Manejo leva prevenção ao fogo para o bioma com maior área queimada acumulada

A mais recente edição do Relatório Anual do Fogo (RAF) aponta que 45% do Cerrado foi queimado pelo menos uma vez em 40 anos, sendo 43% da área queimada nacional. O bioma ainda tem  a maior média nacional de área queimada – 9,6 Mha queimados todos os anos, com extensas áreas atingidas inclusive dentro de Unidades de Conservação. 

De acordo com Vera Arruda, coordenadora técnica do MapBiomas Fogo em entrevista ao site do próprio MapBiomas, o que os pesquisadores têm observado é que a incidência de incêndios têm sido maior no período da seca, em razão, principalmente, de atividades humanas e agravada pelas mudanças climáticas. 

“Um dado especialmente preocupante é o avanço do fogo sobre as formações florestais no Cerrado, que em 2024 atingiram a maior extensão queimada dos últimos sete anos — uma mudança na dinâmica do fogo que ameaça de forma crescente a biodiversidade e a resiliência desse bioma” , comentou Arruda. 

Fonte: RAF 2025 – MapBiomas

É dentro deste contexto preocupante que o Instituto Ekos Brasil inicia um projeto com diversas ações de prevenção ao fogo na região do Mosaico Sertão Veredas – Peruaçu, no Cerrado mineiro.  

Intitulado Conhecer e Prevenir: estruturação para um Manejo Integrado do fogo mais efetivo, a iniciativa terá atuação em duas novas  Unidades de Conservação: O Parque Estadual Veredas do Peruaçu de Proteção Integral e a Reserva Estadual de Desenvolvimento Sustentável Veredas do Acari, além da atuação no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu e a Área de Proteção Ambiental Cavernas do Peruaçu. 

Durante 18 meses, o Ekos Brasil irá implementar ações de prevenção ao fogo nas comunidades pertencentes aos territórios, em conjunto com as equipes gestoras das UCs seguindo as diretrizes da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo (LEI Nº 14.944, DE 31 DE JULHO DE 2024).

“Olhando para estes dados e compreendendo o impacto do fogo em áreas de vegetação nativa iniciamos este projeto ainda mais comprometidos em seguir fortalecendo o território, a biodiversidade e a comunidade. Um novo desafio frente à uma antiga ameaça.”

ressaltou Francieli Kaiser, coordenadora de projetos de conservação da biodiversidade do Instituto Ekos Brasil. 

A iniciativa acontece em parceria com o Programa Copaíbas do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio). 

Fonte: Projeto MapBiomas – Mapeamento das áreas queimadas no Brasil entre 1985 – 2024 – Coleção 4, acessado em 1º de julho de 2025 através do link: https://brasil.mapbiomas.org/wp-content/uploads/sites/4/2025/06/RAF2024_24.06.2025_v2.pdf